
Depois, a empresa repassava uma parte dos recursos para o parlamentar. Uma fra��o era destinada � campanha eleitoral; a outra, ao enriquecimento il�cito, como � da tradi��o patrimonialista. �quela �poca, o caixa 2 eleitoral era generalizado; o que distinguia o pol�tico honesto do desonesto n�o era a origem do dinheiro da campanha, era a forma��o de patrim�nio com esses recursos.
O ent�o senador Fernando Henrique Cardoso, seu chanceler, assumira a Fazenda e preparava o Plano Real. Com a Constitui��o de 1988 e autonomia do Minist�rio P�blico, a realidade institucional j� era outra, incompat�vel com o velho modelo de financiamento das campanhas eleitorais.
Numa crise de consci�ncia, ap�s confessar o assassinato da pr�pria esposa, Ana Elizabeth Lofrano, Alves resolveu contar o que sabia sobre o Or�amento. Durante as investiga��es do homic�dio, havia sido preso com US$ 1 milh�o em dinheiro vivo e 30 mil em notas falsas.
Na verdade, comprava bilhetes premiados para lavar dinheiro. A CPI quebrou 395 sigilos banc�rios, 267 sigilos fiscais e 43 telef�nicos; colheu 79 depoimentos, em 111 reuni�es. Prop�s a cassa��o de mandato de 18 parlamentares. Seis foram cassados e dois renunciaram, entre os quais Jo�o Alves.
Onde mora o perigo
Era um churrasco, por�m, no banheiro da resid�ncia, as agentes da Pol�cia Federal encontraram caixas com atas e relat�rios de reuni�es. Cerca de 350 pol�ticos eram citados na documenta��o.
Segundo o relat�rio de desempenho de Airton Reis, no Or�amento da Uni�o de 1992, a Odebrecht havia emplacado 63 emendas, seis destaques e vinte subprogramas do seu interesse. No saldo final, isso representava US$ 646 milh�es para 152 contratos da empresa, dos quais a empresa esperava faturar, realmente, em torno de 25%.
A casa caiu com o esc�ndalo da Petrobras, investigado pela Opera��o Lava-Jato, e o acordo de colabora��o da empresa com o Minist�rio P�blico Federal, ao qual revelou seu esquema de “opera��es estruturadas”.
A distribui��o de emendas parlamentares, principalmente do chamado “or�amento secreto”, as emendas do relator, j� estavam sobre controle de outro cacique do Centr�o, o presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL).
Nunca os parlamentares da base do governo manipularam tantos recursos como agora. Alguns fazem quest�o de dar ampla divulga��o � libera��o dos recursos nas suas bases eleitorais, mas R$ 16,2 bilh�es correspondem �s emendas do relator, cujos verdadeiros autores permanecem no anonimato. � a� que mora o perigo.