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Estado de Minas ENTRE LINHAS

China fica mais forte com a guerra na Ucr�nia iniciada pela R�ssia

Chineses levam vantagem com a guerra na Europa, embora a narrativa do Ocidente se aplique � lideran�a de Pequim


04/03/2022 04:00 - atualizado 04/03/2022 07:39

Zelensky, presidente da Ucrânia
Ucr�nia sofre ataques maci�os das for�as russas h� uma semana (foto: SERGEY BOBOK/AFP)


O diplomata e estrategista pol�tico Henry Kissinger talvez seja o pol�tico do Ocidente que melhor conhece a China, onde esteve cerca de 50 vezes. Seu livro “Sobre a China” � um best-seller at� hoje. Sua proeza como diplomata foi conceber e executar a reaproxima��o entre os Estados Unidos e a China comunista, construindo uma alian�a que seria decisiva para o colapso da antiga Uni�o Sovi�tica. Seus cr�ticos, por�m, questionam a forma subalterna como trata a quest�o da democracia e dos direitos humanos na China.

A China demorou para aceitar que n�o era o centro do mundo e que precisaria se integrar a um sistema internacional liderado pelas pot�ncias ocidentais. Isso ocorreu na marra, ap�s ser derrotada militarmente pelo imp�rio brit�nico. Sem os mesmos recursos, por�m, os chineses optaram por convidar outros pa�ses europeus a estabelecerem postos comerciais no seu territorio, para provocar e depois manipular a rivalidade entre eles.



O princ�pio “derrotar os b�rbaros pr�ximos com o aux�lio dos b�rbaros distantes” foi adotado com �xito pela China. Seu paradigma de diplomacia pode ser comparado aos fundamentos do Wei qi, uma esp�cie de jogo de gam�o, no qual os fatores pol�ticos e psicol�gicos subordinam os princ�pios puramente militares no “cerco estrat�gico”.

Kissinger explorou com compet�ncia as diverg�ncias existentes, desde a morte de St�lin, entre os l�deres sovi�ticos e a lideran�a chinesa. Mao Tse Tung recebeu a visita do presidente Richard Nixon. Estados Unidos e China passaram a ser aliados contra a antiga Uni�o Sovi�tica. A alian�a americana com o regime nacionalista em Taiwan passou � condi��o subalterna e o trauma da Guerra da Coreia foi relevado.

Mao, Zhou Enlai e Deng Xiaoping foram interlocutores privilegiados de Kissinger, que tamb�m se relacionou com Zhao Zyiang, Jiang Zemin e Qian Quichen, a gera��o nova de reformadores. Por uma ordem internacional mais est�vel, num mundo repleto de armas nucleares, a China foi aceita no Conselho de Seguran�a da ONU.

A guerra de seis semanas da China contra o Vietn�, em 1979, foi um subproduto dessa mudan�a. Pequim conteve o desejo vietnamita de montar um bloco com Camboja e Laos. Ap�s o massacre da Pra�a da Paz Celestial, em 1989, que jovens estudantes pediam abertura pol�tica, Xiaoping iniciou um processo de reformas capitalistas que, no curto espa�o de 30 anos, elevaram a China ao status de segunda pot�ncia econ�mica do planeta.

No mundo globalizado, o eixo do com�rcio deslocou-se do Atl�ntico para o Pac�fico. O governo chin�s se tornou um dos fiadores da ordem mundial como uma grande pot�ncia pac�fica. Entretanto, eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, amigo de Vladimir Putin, resolveu escalar uma guerra comercial com a China e se aproximar da Federa��o Russa.

Guerra fria 

Joe Biden assume a presid�ncia com uma equipe diplom�tica disposta a restabelecer a hegemonia absoluta dos Estados Unidos na pol�tica mundial, a partir da alian�a com Canad� e Reino Unido, escalando o conflito da Otan com a Federa��o Russa em torno da Ucr�nia. No lugar do mundo multipolar que se esbo�ava a partir da lideran�a da Alemanha e da Fran�a na Uni�o Europeia, ressurge uma nova guerra fria, que se torna guerra quente com a invas�o da Ucr�nia e, com a ajuda da agressividade de Putin, arrasta toda a Uni�o Europeia para o confronto. O eixo da pol�tica internacional deixa de ser o com�rcio e a coopera��o passam a ser a defesa da democracia e dos valores liberais como narrativa para nova corrida armamentista.

A R�ssia passa a depender cada vez mais da China. Entretanto, enquanto Putin joga xadrez e busca a vit�ria total em termos geopol�ticos, a Xi Jinping, o l�der chin�s, segue os princ�pios do Wei qi e mant�m sua estrat�gia focada na integra��o �s cadeias de produ��o e com�rcio mundial, nas quais os Estados Unidos continuam sendo a for�a mais importante – est�o a� as san��es econ�micas contra a R�ssia -, mas em decl�nio.

A China leva vantagem com a guerra da Ucr�nia, embora a narrativa do Ocidente quanto � democracia se aplique tamb�m ao regime comunista chin�s. Com sua exclus�o da R�ssia do sistema Swift, ou seja, do sistema de mensagens interbanc�rias, por exemplo, os bancos russos se socorreram no sistema de pagamentos interbanc�rios transfronteiri�os (CIPS) criado pela China, em 2015. O sistema � usado para liquidar cr�ditos e trocas internacionais de yuans na chamada Rota da Seda.

Permite que os bancos globais realizem transa��es internacionais em yuan. Somente no ano passado, o sistema processou cerca de 80 trilh�es de yuans (US$ 12,68 trilh�es), um aumento de 75% em rela��o ao ano anterior. Em janeiro, 1.280 institui��es financeiras de 103 pa� ses e regi�es fizeram login no sistema chin�s. O yuan pode sair dessa crise como uma moeda internacional.

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