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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Qual a natureza do governo Lula? Democr�tico, mas com qual amplitude?

A nomea��o de Simone Tebet para um minist�rio importante j� muda o car�ter do governo, que passaria a ser uma coaliz�o democr�tica de centro-esquerda


22/12/2022 04:00 - atualizado 22/12/2022 07:36

O presidente Lula ao lado da senadora Simone Tebet (MDB-MS), cotada para ocupar uma pasta no governo do petista
O presidente Lula ao lado da senadora Simone Tebet (MDB-MS), cotada para ocupar uma pasta no governo do petista (foto: Nelson Almeida/AFP - 7/10/22)

Uma das dificuldades para compreender o atual cen�rio pol�tico � a lulofobia da elite pol�tica e econ�mica do pa�s, que majoritariamente apoiou a reelei��o do presidente Jair Bolsonaro. O hegemonismo do PT na montagem do governo, por�m, fortalece esse sentimento nos setores que s� apoiaram o presidente Luiz In�cio Lula da Silva no segundo turno, mas tiveram um papel decisivo na derrota de Bolsonaro e seu projeto autorit�rio. A chave para resolver essa contradi��o � ampliar a base de sustenta��o de Lula, incorporando essas for�as ao governo. Lula far� um governo democr�tico, com certeza, ao contr�rio do governo Bolsonaro. Mas com que amplitude?

A resposta � a nomea��o da senadora Simone Tebet para a equipe ministerial. Havia uma expectativa de que ela fosse indicada para o Minist�rio do Desenvolvimento Social, que gerencia o Bolsa-Fam�lia, mas essa � uma marca do governo Lula, em grande parte respons�vel pela sua volta ao poder, gra�as �s mulheres e aos mais pobres, sobretudo nordestinos. Portanto, n�o � nenhum absurdo que o cargo venha a ser ocupado pelo ex-governador do Piau� Wellington Dias, que governou o seu estado por quatro mandatos e foi um dos articuladores pol�ticos da transi��o, sobretudo nas negocia��es com o Senado, para o qual acaba de ser eleito novamente.

O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), foi o principal fiador da candidatura de Simone Tebet � Presid�ncia e defende sua participa��o no governo desde o in�cio da transi��o, ao lado de mais dois ministros do MDB, um indicado pelo Senado e outro pela C�mara. Entretanto, h� uma disputa na bancada do Senado pela indica��o entre Jader Barbalho (PA) e Renan Calheiros (AL). Ao escolher Dias para o Desenvolvimento Social, Lula deu o recado de quem escala o time � ele, que venceu as elei��es, mas isso n�o significa a exclus�o de Simone Tebet. Nos bastidores do novo governo, ontem, ela estava cotada para ser ministra do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior, que � um cargo muito importante, mas sem o mesmo apelo social.

Lula tem dito a interlocutores que ir� nomear petistas para metade do governo e compartilhar a outra metade com os aliados. Entre os petistas, tem descartado os senadores com mais experi�ncia e influ�ncia na Casa, presidida pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que � o seu aliado principal no Congresso. O Senado � uma trincheira para conter o poder do presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL). E prestigiado aqueles que foram mais solid�rios com ele durante a sua pris�o e/ou exerceram peso eleitoral muito importante na campanha eleitoral. Tropas de assalto, por�m, n�o s�o boas tropas de ocupa��o, diz um velho jarg�o militar. Lula sabe disso.

O n�cleo dirigente do PT � o c�rculo mais pr�ximo de Lula: Gleisi Hoffman, a presidente do partido, que permanecer� na C�mara, ao lado do deputado Rui Falc�o. Aloizio Mercadante foi indicado para a presid�ncia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES), o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva � cotado para a Secretaria de Comunica��o da Presid�ncia. Lula cercou-se de petistas e aliados com grande experi�ncia administrativa: o ex-prefeito de S�o Paulo Fernando Haddad na Fazenda, o ex-governador da Bahia Rui Costa na Casa Civil, o ex-governador do Maranh�o Fl�vio Dino (PSB) na Justi�a, e o ex-presidente do tribunal de Contas da Uni�o (TCU) Jos� M�cio Monteiro, um pol�tico conservador, na Defesa.

Coaliz�o democr�tica


Se consider�ssemos apenas os nomes anunciados at� agora, com boa vontade, ter�amos um governo popular, com o perfil de frente �nica da esquerda tradicional na d�cada de 1930. Mas Lula deve anunciar hoje os nomes dos demais ministros, cuja divulga��o adiou para esperar a vota��o da PEC da Transi��o na C�mara. A simples nomea��o de Simone Tebet para um minist�rio importante j� mudar� a natureza do governo, que ganha o car�ter de coaliz�o democr�tica de centro-esquerda. As possibilidades de ampliar ainda mais o governo seriam entregar o Minist�rio da Fazenda a um representante do sistema financeiro, op��o j� descartada, ou um peda�o suculento da Esplanada, principalmente o Minist�rio da Sa�de, ao presidente da C�mara, Arthur Lira. O indicado era o relator da PEC da Transi��o, Elmar Nascimento (Uni�o-BA), mas Lula n�o aceitou. Mais pela forma como a proposta foi feita, na base do d� ou desce, do que pela inten��o de excluir o PP.

A vota��o da PEC na C�mara, ontem, mostrou um racha no Centr�o, com o PL de Valdemar Costa Neto e Jair bolsonaro fora do acordo feito por Lira com os l�deres de bancada. O racha no Centr�o � alvissareiro para Lula, principalmente se levarmos em conta a composi��o futura da C�mara, na qual o PL ter� a maior bancada, com 99 deputados. A federa��o PT-PCdoB-PV ter� 80 deputados (PT com 68, PCdoB com 6 e PV com 6). A terceira op��o para ampliar o governo seria a incorpora��o da federa��o PSDB-Cidadania, mas o PSDB, ao contr�rio do Cidadania, j� se p�s na oposi��o. E tenta ampliar a federa��o com o Podemos para servir de cabe�a de ponte � candidatura do governador ga�cho eleito Eduardo Leite, em 2026.  Obviamente, uma carro�a � frente dos bois.

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