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Estado de Minas entre linhas

Lula critica juros altos e escala crise com o Banco Central

O problema � que Campos Neto tem mandato para presidir o Banco Central at� 2024. Quase "imex�vel", a independ�ncia do BC foi concretizada por lei


07/02/2023 04:00

presidente Lula
Quando o presidente Lula ataca publicamente a taxa de juros praticada pelo Banco Central est� fritando o peixe com um olho no gato e outro na frigideira (foto: Mauro Pimentel/AFP)

 
Na cerim�nia de posse do ex-ministro Aloizio Mercadante na presid�ncia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES), ontem, no Rio de Janeiro, o presidente Luiz In�cio Lula da Silva voltou a atacar a decis�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central, que manteve a taxa de juros em 13,75%, patamar em vigor desde agosto de 2022, frustrando a expectativa da parte do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do pr�prio Lula, de que haveria uma redu��o de 0,25% para sinalizar a queda dos juros. Segundo o presidente da Rep�blica, o Brasil tem uma “cultura" de juros altos que "”n�o combina com a necessidade de crescimento” do pa�s.
“� s� ver a carta do Copom para a gente saber que � uma vergonha esse aumento de juros e a explica��o que eles deram para a sociedade brasileira”, disparou. Quando o presidente Lula ataca publicamente a taxa de juros praticada pelo Banco Central est� fritando o peixe com um olho no gato e outro na frigideira. O peixe � o presidente do BC, Roberto Campos Neto, cujo mandato vai at� 2024; o gato � o mercado financeiro, sem trocadilho; e a frigideira, a opini�o p�blica, principalmente os eleitores de Lula. A autonomia do Banco Central � alvo de cr�ticas do petista desde a �poca da campanha eleitoral,  atacar os juros altos � uma narrativa de campanha de qualquer candidato de oposi��o, mas acontece que a elei��o j� passou.
 
Lula n�o confia no presidente do BC, Roberto Campos Neto, que considera um quadro ideol�gico do bolsonarismo e grande respons�vel, juntamente com o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, pelas dificuldades que enfrentou com o mercado financeiro durante a campanha eleitoral. Os agentes econ�micos e investidores n�o esconderam a prefer�ncia pela reelei��o de Bolsonaro, n�o importa os riscos que isso significou – e o bolsonarismo ainda significa –para a democracia. Havia expectativa de que Bolsonaro faria um forte ajuste fiscal e avan�aria no programa de venda das estatais, principalmente da Petrobras, caso fosse reeleito.
 
O problema de Lula � que Campos Neto tem mandato para presidir o BC at� 2024. Quase imex�vel, a independ�ncia do BC foi concretizada por lei em 2021, com objetivo de blindar a institui��o de interfer�ncias pol�ticas. O ministro Haddad tenta um meio caminho entre o desenvolvimentismo e a pol�tica social-liberal, por�m, a pol�tica monet�ria � neoliberal. Esse conflito existiu em todos os governos, mas nunca num cen�rio de poder absoluto do BC sobre a fixa��o da taxa de juros.
 
Lula at� argumenta que o ex-presidente do BC Henrique Meirelles, durante seu governo, teve autonomia, embora o banco n�o fosse independente. Meirelles foi e continua sendo um homem com um p� no mercado financeiro e outro na pol�tica. Haddad n�o tem um p� no mercado financeiro, nem Campos Neto na pol�tica. S�o dois bicudos que n�o v�o se entender. O resultado ser� uma pol�tica econ�mica esquizofr�nica, com o governo e o BC em rumos cruzados, ou seja, se ningu�m mudar de rota, em algum momento, haver� um naufr�gio.

Palanque

“Tem muita gente que fala: P�, mas o presidente n�o pode falar isso'. Ora, se eu que fui eleito n�o puder falar, quem que eu vou querer que fale? O catador de material recicl�vel? Quem que eu vou querer que fale por mim? N�o. Eu tenho que falar. Porque quando eu era presidente eu era cobrado”, disse Lula. Essa narrativa corrobora as cr�ticas de que o presidente da Rep�blica n�o desceu do palanque. E n�o desceu mesmo: est� montado numa bicicleta, se parar de pedalar, pode cair.
 
A independ�ncia do BC parte do princ�pio de que uma diretoria est�vel � capaz de resistir �s press�es populistas, para fazer uma gest�o t�cnica, focada no combate � infla��o, sem interfer�ncias de natureza pol�tico-ideol�gica. Aprovada pelo Congresso, a lei foi sancionada por Bolsonaro em 2021 e aclamada no mercado financeiro e no mundo empresarial. Desde o Plano Real, com o economista Pedro Malan no Minist�rio da Fazenda, n�o havia uma pol�tica monet�ria t�o blindada.
 
De janeiro de 2021 a agosto de 2022, a taxa de juros subiu 11 pontos percentuais. Essa foi, inclusive, uma das causas da derrota de Bolsonaro. A pandemia de COVID-19 e a guerra na Ucr�nia, segundo os economistas, foram as principais causas da infla��o. Mas n�o apenas, porque o chamado “Teto de Gastos” foi ultrapassado oito vezes durante o governo passado, a �ltima com a PEC da Transi��o. Para haver redu��o da taxa de juros com consist�ncia, � preciso melhorar o ambiente econ�mico, � deriva sem a nova �ncora fiscal.  Al�m disso, com a eleva��o dos juros nos Estados Unidos, a expectativa de infla��o no Brasil tamb�m subiu, o que torna impeditiva a redu��o de juros, segundo a atual pol�tica monet�ria.
 
Aio que tudo indica, Lula est� seguindo a mesma receita do ex-presidente Jair Bolsonaro em rela��o � Petrobras, que foi obrigada a trocar de presidente e reduzir o pre�o dos combust�veis. A escala no confronto com Campos Neto, por�m, esbarra no fato de que o BC � independente, ao contr�rio da Petrobras. O duro constrangimento a que est� sendo submetido por Lula pode levar Campos Neto � ren�ncia, por�m, se n�o o fizer, sua resili�ncia pode transform�-lo no l�der da oposi��o � Lula nos meio empresariai, qui�� seu candidato a presidente da Rep�blica, da� a narrativa populista de Lula.

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