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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Transfobia rouba a cena das mulheres no plen�rio da C�mara dos Deputados

Lira j� n�o tem o mesmo poder que tinha no governo Bolsonaro. O presidente Lula tamb�m n�o tem base parlamentar majorit�ria


09/03/2023 06:00 - atualizado 09/03/2023 07:13

É a primeira travesti eleita deputada federal por Minas Gerais, com mais de 208 mil votos
� a primeira travesti eleita deputada federal por Minas Gerais, com mais de 208 mil votos (foto: TULIO SANTOS/EM/D.A.PRESS)

Durante as comemora��es do Dia Internacional da Mulher, o deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) roubou a cena, ao subir � tribuna e p�r uma peruca para agredir as deputadas trans Duda Salabert (PDT-MG), a mais votada do seu estado, e Erika Hilton (Psol-SP). “A esquerda disse que eu n�o poderia falar, porque eu n�o estava no meu local de fala. Solucionei esse problema. Hoje, me sinto mulher, deputada Nicole. As mulheres est�o perdendo seu espa�o para homens que se sentem mulheres", afirmou logo ap�s Erika ter usado a tribuna.

A provoca��o recebeu pronta resposta das deputadas presentes. Tabata Amaral (PSB-SP) anunciou que apresentar� um pedido de cassa��o do mandato de Nikolas na Comiss�o de �tica da C�mara. Desde 2019, a transfobia � considerada crime de racismo pelo Supremo Tribunal Federal (STF). T�bata � autora do projeto que inclui no C�digo Penal o crime de condicionamento de dever de of�cio � presta��o de atividade sexual, aprovado ontem. A proposta ser� enviada ao Senado.

Duda e �rica s�o as primeiras deputadas trans da hist�ria, representam a mudan�a de costumes e a revolu��o de g�nero em curso no mundo. � vis�vel no plen�rio e nos corredores da C�mara o desconforto com a presen�a de ambas na Casa, particularmente com Duda, que tem 1,90m e chama muita aten��o pela altura. � a primeira travesti eleita deputada federal por Minas Gerais, com mais de 208 mil votos. Vice-presidente nacional do PDT, Duda, de 41 anos, tem uma agenda que n�o se  limita a quest�es de g�nero e combate ao preconceito e � discrimina��o. Pretende fazer um “mandato clim�tico”, focado nos desastres ambientais causados pela minera��o.

Erika foi eleita com 256 mil votos, entre os dez deputados paulistas de maior vota��o, depois de um bem-sucedido mandato na C�mara de S�o Paulo, na qual se destacou como defensora dos direitos humanos e, principalmente, no combate � exclus�o e � viol�ncia que atinge travestis na capital paulista. O epis�dio de ontem n�o foi gratuito, n�o houve improviso, ningu�m encontra uma peruca � disposi��o no plen�rio. Foi provoca��o pol�tica, que sinaliza uma linha de atua��o da bancada bolsonarista raiz, que sempre se pautou por uma narrativa contra a revolu��o de g�nero e homof�bica. Essa foi uma das marcas do ex-presidente Jair Bolsonaro quando era deputado.

Uma de suas v�timas foi o ex-deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), que renunciou ao terceiro mandato em janeiro de 2019 e deixou o pa�s. Sofria amea�as das mil�cias do Rio de Janeiro desde o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol). Recentemente, Wyllys anunciou em Barcelona, onde vive, que voltar� ao Brasil.

O presidente da C�mara, Arthur Lira, tentou esvaziar a pol�mica sobre a interven��o de Nikolas com reprimenda p�blica: “O plen�rio da C�mara n�o � palco para o exibicionismo e muito menos discursos preconceituosoa”, disse. N�o funcionou, na sess�o dedicada �s mulheres, sob comando da vice-presidente da C�mara, Marina do Ros�rio (PT-RS), as deputadas subiram � tribuna e desancaram Nikolas. Erika Kokay (PT-DF) foi uma das que acusou Nikolas de ter cometido um crime de homofobia. Falta de decoro pode ser motivo de cassa��o de mandato.

Base desarrumada

O epis�dio de ontem revelou um ambiente muito favor�vel ao radicalismo bolsonarista, porque a base governista est� desarrumada. Na segunda-feira, durante evento na Federa��o do Com�rcio de S�o Paulo, Lira mandou recado para o presidente Luiz In�cio Lula da Silva de que a base do governo na C�mara � muito fr�gil, sem for�a at� para aprovar projetos por maioria simples. Nos bastidores da C�mara, os deputados da Uni�o Brasil e do PP, que negociam uma federa��o ou fus�o, n�o escondiam a inten��o de impor uma derrota ao governo na primeira oportunidade.

No Sal�o Verde da C�mara, o deputado Eun�cio de Oliveira (MDB-CE) n�o escondia o desconforto com a situa��o da bancada do MDB e a atua��o do l�der do governo, Jos� Guimar�es (PT-CE), seu advers�rio pol�tico no Cear�. Questionava o fato de o bloc�o parlamentar formado por todos os partidos na elei��o de Lira n�o ter um l�der, nem ter escolhido o l�der da Maioria. Com 495 deputados, o bloc�o vai do PL ao PT; apenas ficaram de fora a federa��o Psol-Rede e o Novo. Ser� desfeito em greve.

O acord�o serviu para reeleger Lira � Presid�ncia da C�mara por ampl�ssima maioria, mas at� agora n�o houve entendimento entre os partidos para forma��o das comiss�es permanentes da Casa. � um cen�rio perigoso para o governo. Lira j� n�o tem o mesmo poder que tinha no governo Bolsonaro, quando mandava e desmandava no Or�amento. O presidente Lula tamb�m n�o tem uma base parlamentar majorit�ria, depende de acordo com o Centr�o para aprovar seus projetos.
 

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