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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Macron vive dias de Thatcher com reforma na Fran�a

'A reforma da Previd�ncia de Emmanuel Macron nem de longe segue a receita de Margaret Thatcher, mas o seu enfrentamento com os sindicatos tem a mesma propor��o'


19/03/2023 04:00 - atualizado 19/03/2023 08:31


Os franceses gostam de resolver suas contradi��es nas ruas, desde a Revolu��o de 1789, que acabou com o Antigo Regime dos privil�gios da aristocracia. A Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789, espalhou a revolu��o por toda a Fran�a e mudou a Hist�ria do Ocidente. Mutualistas e coletivistas, os trabalhadores franceses voltariam �s barricadas em 1871, na Comuna de Paris, tomando o poder sem estarem preparados para isso. Mesmo assim, o assalto aos c�us passou a ser o objetivo dos trabalhadores europeus, que se dividiram em duas grandes correntes: a social-democrata e a comunista.

Para isso, a forma��o dos partidos oper�rios contribu�ram para as teses do judeu-alem�o Karl Marx, sustentadas na Confer�ncia de Londres da I Internacional Socialista, em 1871: “Em sua luta contra o poder reunido das classes possuidoras, o proletariado s� pode se apresentar como classe quando constitui a si mesmo num partido pol�tico particular, o qual se confronta com todos os partidos anteriores formados pelas classes possuidoras”.

O Partido Trabalhista brit�nico surgiu fortemente influenciado por essas ideias. Chegou ao poder em 1924, como partido de base oper�ria, reformista, liderado pelo primeiro-ministro Ramsay MacDonald. Ap�s a Segunda Guerra Mundial, o “Estado de bem-estar social” brit�nico viria a se reproduzir por quase toda a Europa.

Quando a conservadora Margaret Thatcher derrotou os trabalhistas e assumiu o poder, em 1979, a Europa estava em recess�o econ�mica, com infla��o alta, muito desemprego e crise energ�tica. A seguridade social brit�nica foi posta em xeque: a reforma da previd�ncia excluiu 15 milh�es de segurados, que dela sa�ram para os fundos de pens�o; restaram 6,5 milh�es de trabalhadores de baixa renda.

Primeira mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro brit�nico, com m�o de ferro, Thatcher realizou reformas liberais para reduzir os impostos e diminuir o poder dos sindicatos. Seu primeiro governo foi marcado por diversas greves e manifesta��es dos sindicatos trabalhistas, mas o desemprego minou a resist�ncia. Apesar disso, sua interven��o nas Guerras das Malvinas (Guerra entre Inglaterra e Argentina), em 1982, aumentou sua popularidade.

Thatcher conseguiu sua primeira reelei��o em 1984 em decorr�ncia desse fato. No segundo mandato, Thatcher promoveu um programa de privatiza��es das empresas estatais e continuou combatendo de forma radical os movimentos sindicais trabalhistas. O �xito de sua receita neoliberal se espalhou pelo mundo, principalmente depois de adotada por Ronald Reagan.

Viver a vida


A reforma da Previd�ncia de Emmanuel Macron nem de longe segue a receita de Margaret Thatcher, mas o seu enfrentamento com os sindicatos tem a mesma propor��o. Ao pretender aumentar por decreto a idade m�nima para a aposentadoria 62 para 64 anos, o presidente franc�s viu o povo voltar �s ruas como os antigos revolucion�rios, fazendo barricadas e ateando fogo ao que encontrasse pela frente. Na verdade, a Fran�a tem um sistema previdenci�rio que se tornou insustent�vel devido �s mudan�as demogr�ficas. O gasto p�blico chega a 55% do Produto Interno Bruno (PIB), dos quais 14,7% correspondem �s aposentadorias.

Entretanto, a redu��o da idade m�nima para aposentadoria de 65 para 60 anos sempre foi uma bandeira da esquerda francesa, que alcan�ou esse objetivo no governo de Fran�ois Mitterrand, do Partido Socialista. O sonho de consumo do franc�s comum � se aposentar para viver a vida e conhecer o mundo. Sem apoio na Assembleia francesa para fazer a reforma, o governo anunciou que pretende recorrer ao artigo 49.3 da Constitui��o e implant�-la por decreto.

A principal cr�tica � reforma � n�o usar como refer�ncia o tempo de contribui��o, mas o da idade. Isso prejudicaria muito mais os trabalhadores de baixa renda, que geralmente come�aram a trabalhar muito mais cedo. A mobiliza��o contra a reforma n�o � monop�lio dos sindicatos e dos partidos de esquerda, que organizam as greves. Os partidos de ultradireita, como o Reuni�o Nacional (RN), de Marine Le Pen, que foi derrotada por Macron no segundo turno da �ltima elei��o, tamb�m foram �s ruas contra a reforma e mobilizam seus eleitores. Cerca de 57% dos assalariados e 67% dos trabalhadores bra�ais votaram na direita.

Entretanto, a grande estrela dos protestos � um garoto de 15 anos, Man�s Nadel, aluno do Liceu Buffon, em Montparnasse, Paris. Filho de um economista e de uma funcion�ria p�blica, �nico ativista de cinco irm�os, o l�der secundarista construiu uma narrativa que surpreende os analistas: “Para n�s, defender os servi�os p�blicos, a seguran�a social, as pens�es e o nosso modelo social significa a prote��o dos mais pobres”, disse � France T�l�visions.  

“Especialmente quando houver o aquecimento global, que tamb�m os atingir� primeiro. Nesse momento, servi�os p�blicos fortes ser�o necess�rios. E quando estamos lutando contra a regress�o social, estamos lutando por isso tamb�m”, completou. Embora negue qualquer v�nculo partid�rio, o jovem foi flagrado pela mesma emissora que o entrevistou assobiando “A Internacional”, a can��o escrita em franc�s em 1871, por Eug�ne Pottier (1816-1887), um dos membros da Comuna de Paris, como par�dia d’A Marselhesa. S� em 1888, Pierre De Geyter (1848–1932) transformou o poema em m�sica, que se tornaria o hino da antiga Uni�o Sovi�tica.
 

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