(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas Entre Linhas

Volta de Bolsonaro mobiliza ao Brasil hoje mobiliza oposi��o de rua

''Se a polariza��o com os bolsonaristas foi boa para Lula chegar ao segundo turno e derrotar Bolsonaro no segundo, n�o ser� boa agora''


30/03/2023 04:00

Bolsonaro volta ao país depois de três meses longe
Bolsonaro volta ao pa�s depois de tr�s meses longe (foto: ROBERTO SCHMIDT/AFP)

O presidente Jair Bolsonaro volta ao Brasil “causando”, como se diz nas redes sociais. A mobiliza��o bolsonarista para aguard�-lo no aeroporto de Bras�lia hoje pretende ser uma demonstra��o de for�a, ainda que as autoridades do Distrito Federal tenham tomado medidas para evitar uma grande manifesta��o pol�tica no desembarque principal do aeroporto e uma carreata em carro aberto at� a Esplanada dos Minist�rios. Toda a bancada bolsonarista no Congresso est� sendo mobilizada para recepcion�-lo.

Bolsonaro foi intimado pela Pol�cia Federal a prestar esclarecimento, juntamente com seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, sobre o caso das joias recebidas pelo presidente na Ar�bia Saudita. O seguran�a de Bolsonaro Marcelo C�mara tamb�m foi intimado. O depoimento foi marcado para 5 de abril, �s 14h30. At� l�, o ex-presidente ter� uma semana de alta exposi��o pol�tica, ainda que negativa, principalmente nas redes sociais, onde continua forte a presen�a bolsonarista.

O clima no Congresso j� reflete a rearticula��o dos bolsonaristas e a polariza��o com o governo. Embora presidida pelo deputado petista Rui Falc�o (SP), a Comiss�o de Constitui��o de Justi�a � um palco bolsonarista. Como controlaram a comiss�o por quatro anos, os aliados de Bolsonaro t�m cancha para fazer muito barulho. O bate-boca de ontem entre os deputados Andr� Janones (Avante-MG), governista, e Alberto Fraga (PL-DF), aliado do ex-presidente, mostra bem o clima que est� se criando.

Janones provocou a discuss�o ao desafiar a oposi��o: “Eu fiquei esperando at� aqui algum parlamentar que tivesse, aqui nessa comiss�o, a valentia que tem nas redes sociais. Mas, infelizmente, parece que a grande maioria dos bolsonaristas s�o frouxos, n�o tem coragem de dizer aqui quem foi que chamou o 'deputado chupeta' de 'chupetinha'. Quem usou essa express�o fui eu”, afirmou o parlamentar. Nikolas Ferreira (PL-MG) � aquele deputado que p�s uma peruca loira durante discurso homof�bico na tribuna da C�mara, no Dia das Mulheres.

Segundo Janones, em Minas Gerais, Nikolas Ferreira � tratado como chupeta. “Esse � o apelido. E n�o tem nada a ver como homofobia, n�o vamos transformar um problema s�rio como � a homofobia no nosso pa�s em que milhares de homossexuais s�o assassinados e s�o v�timas de �dio com apelido”, disse. Fraga tomou as dores do colega e amea�ou o governista: “Eu n�o uso chupeta, n�o. Eu uso � rev�lver mesmo, � pistola”, disse. Coronel aposentado da PM-DF, Fraga foi para cima de Janones, mas foi impedido por colegas. A sess�o virou um tumulto.

� moda Lacerda


Se a polariza��o com os bolsonaristas foi boa para o presidente Luiz In�cio Lula da Silva chegar ao segundo turno e derrotar Bolsonaro no segundo, n�o ser� boa para a sua governabilidade. O governo precisa de uma base parlamentar ampla, que n�o funciona nesse tipo de confronto, e uma agenda pol�tica no Congresso que evite o isolamento do PT. O tipo de radicaliza��o que houve ontem na CCJ, e pode se repetir em outras comiss�es e no plen�rio da C�mara, � um fator de mobiliza��o dos bolsonaristas.

Lula enfrenta uma oposi��o que briga de tamancos nas m�os, nas ruas. Nos seus governos anteriores, a oposi��o era elitista, usava salto alto e punhos de renda. A oposi��o antipetista de massas surgiu nas grandes manifesta��es de 2013, no primeiro mandato de Dilma Rousseff, e derivou para o bolsonarismo, ap�s a campanha do impeachment. A chance de uma” terceira via” moderada naufragou no governo de Michel Temer, que fez uma boa gest�o administrativa, mas foi torpedeado abaixo da linha d’�gua pelo ent�o procurador-geral da Rep�blica Rodrigo Janot, ap�s uma conversa d�bia com o empres�rio Joesley Batista (JBS).

Se � que isso � poss�vel, somente um personagem da nossa pol�tica republicana pode ser comparado a Bolsonaro na virul�ncia dos ataques aos advers�rios e no golpismo pol�tico: o ex-governador da antiga Guanabara Carlos Frederico Werneck de Lacerda. Fundador do jornal Tribuna de Imprensa, jornalista, liderou a oposi��o aos governos de Get�lio Vargas (1951-1954) e Jo�o Goulart (1961-1964), at� ape�-los do poder.

Filho do jornalista e pol�tico comunista Maur�cio de Paiva de Lacerda, seu nome homenageia Karl Marx e Frederich Engels, os autores do Manifesto Comunista de 1848. Entretanto, Lacerda tornou-se um ferrenho pol�tico anticomunista e conservador, filiado � Uni�o Democr�tica Nacional (UDN). Ex-comunista, construiu a narrativa de que o populismo trabalhista era uma “amea�a comunista”.

Segundo as historiadoras Lilia Schwarcz e Helo�sa Starling, Lacerda era “atrevido, oportunista e mais abusado ainda”. Entretanto, ao contr�rio de Bolsonaro, “tinha verve, erudi��o, esbanjava compet�ncia e possu�a uma intelig�ncia incendi�ria. Lacerda sabia manejar as palavras, e era um mestre insuper�vel na arte da intriga pol�tica: surpreendia o advers�rio com suspeitas, acusava com ou sem provas, ridicularizava, achincalhava, sempre de forma sistem�tica e em tom contundente.” O jornalista Carlos Castelo Branco atribuiu a ren�ncia de J�nio Quadros, em 1961, a uma intriga palaciana, que empurrou Lacerda para a oposi��o.
 


*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)