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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Avalia��o do governo Lula � um copo pela metade

Qualquer enfraquecimento de Lula na opini�o p�blica tem como contrapartida, em igual ou maior propor��o, o fortalecimento de Lira, que ora apoia, ora se op�e"


11/06/2023 04:00 - atualizado 11/06/2023 06:57
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Lula em discurso
(foto: Midia Ninja)

A prop�sito da coluna sobre os 10 anos das manifesta��es de 23 de junho de 2013, um leitor em especial, amigo desde os tempos de estudante, fez dura critica que merece ser registrada. Segundo ele, o texto seguiu a onda que naturaliza a Opera��o Lava-Jato, o Marco Temporal, o antipetismo, o impeachment de Dilma Rousseff e a pris�o de Lula como atos corriqueiros da democracia. Ombudsman de mim mesmo, preciso reconhecer que o arquiteto Pedro Da Luz Moreira, professor de Arquitetura da Universidade Federal Fluminense (UFF), tem raz�o. N�o s�o fatos corriqueiros da democracia, suas consequ�ncias merecem mais reflex�es. Feita a ressalva, vamos em frente.

Lula assumiu um governo em condi��es muito dif�ceis, devido � apertada vit�ria contra Bolsonaro, por uma diferen�a de apenas 1,8% dos votos v�lidos. Enfrenta uma oposi��o de extrema direita robusta, que tentou um golpe de Estado em 8 de janeiro, quando tomou os pal�cios da Pra�a dos Tr�s Poderes. Crise fiscal, infla��o, desmonte das pol�ticas p�blicas e um Congresso de expressiva maioria conservadora formam um cen�rio muito desafiador. Ainda mais para quem chegou ao segundo turno com um programa de esquerda, mas venceu com o apoio de for�as de centro, minorit�rias, por�m, decisivas.

Lula montou um governo de frente ampla, para formar uma base parlamentar majorit�ria, por�m sem um programa m�nimo pr�-acordado. Conquistou a maioria do Senado, mas fracassou na C�mara, apesar de o PT ter apoiado a reelei��o de Arthur Lira (PP-AL) � Presid�ncia da Casa. O Centr�o, como diria o Cl�udio Moacir, um velho pol�tico papa-goiaba, adotou a “t�tica do bigode” (na boca, mas do lado de fora).

Essa situa��o na C�mara cria um ambiente politicamente vol�til. Qualquer enfraquecimento de Lula na opini�o p�blica tem como contrapartida, em igual ou maior propor��o, o fortalecimento de Lira, que faz um movimento pendular — ora apoia, ora se op�e ao governo, independente de Jair Bolsonaro. Na vota��o das propostas do governo, estabeleceu uma linha divis�ria tendo por refer�ncia a manuten��o das reformas aprovadas nos governos Michel Temer e Bolsonaro, quando se trata da economia, e os interesses fisiol�gicos e patrimonialistas de seus aliados. Ou seja, a fronteira entre situa��o e oposi��o � muito sinuosa.

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A Pesquisa Ipec/O Globo, divulgada na sexta-feira, mostra que um ter�o dos eleitores de Bolsonaro no segundo turno avaliam o governo Lula como regular, embora a maior parte desse grupo o classifique como ruim ou p�ssimo. Entre os eleitores do ex-presidente, 8% consideram o governo Lula �timo ou bom; 33%, regular; 56%, ruim ou p�ssimo; e 2% n�o responderam. A maioria dos eleitores do ex-presidente (76%) desaprova a forma como Lula governa, mas 19% dizem aprovar. Os 5% restantes n�o sabem ou n�o responderam. Isso foi comemorado no Pal�cio do Planalto como um avan�o em rela��o �s linhas advers�rias, ou seja, os eleitores de Bolsonaro.

Esse tipo de an�lise segue o padr�o do copo pela metade, ou seja, depende do otimismo ou do pessimismo: uns acham que est� quase cheio; outros, quase vazio. Entre os eleitores de Lula, 68% consideram seu governo �timo ou bom; 27%, regular; 3%, ruim ou p�ssimo; e 2% n�o sabem ou n�o responderam. Entre os que votaram em Lula, 88% dizem aprovar, 8% desaprovar e 4% n�o sabem ou n�o responderam. Com margem de erro de 2% para mais ou para menos, com intervalo de confian�a de 95%, o Ipec entrevistou 2 mil pessoas entre os dias 1º e 5 de junho.

Respons�vel pela pesquisa, o cientista pol�tico Ant�nio Lavareda destaca que o governo Lula � aprovado por 53% dos entrevistados e desaprovado por 40%, mas a queda em rela��o a mar�o, quando tinha 57% de aprova��o, serve de alerta. Esse � o “estado da arte” para uma avalia��o do ambiente pol�tico. De um lado, o governo Lula avan�a com muitas dificuldades, algumas de natureza objetiva — como as restri��es fiscais, o desemprego e a taxa de juros — e outras mais subjetivas — como a repercuss�o negativa de declara��es do presidente da Rep�blica e de alguns auxiliares.

De outro, os atos golpistas de 8 de janeiro e a revela��o de fatos desabonadores ocorridos durante seu governo desgastam e enfraquecem Bolsonaro, al�m daqueles que determinaram sua derrota. E ainda h� o risco de o ex-presidente ser considerado ineleg�vel pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse cen�rio tamb�m se reflete na pesquisa: 37% dos brasileiros classificam a terceira gest�o de Lula como �tima ou boa; 32%, regular; 28%, ruim ou p�ssima. Os que n�o sabem ou n�o responderam s�o 3%. Lula oscilou dois pontos percentuais para baixo, passando de 39% para 37%.

J� a reprova��o oscilou dois pontos para cima, de 26% para 28%. No primeiro levantamento, em 19 de mar�o, a avalia��o positiva de Lula era de 41%; 24% o reprovavam e 30% o viam como regular. Oscila��o � normal para um governo que tem apenas seis meses. Melhor que a dos governos Temer e Bolsonaro no mesmo per�odo, mas pior que as de FHC e Dilma. Entretanto, Lula precisa inverter a dire��o dessa curva para cima. Perde precocemente o apoio pol�tico nas for�as de centro, que deixaram de considerar Bolsonaro uma amea�a imediata, e buscam outras alternativas, como o governador de S�o Paulo, Tarc�sio de Freitas (Republicanos).

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