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Estado de Minas ENTRE LINHAS

A derrota do governo federal na quarta-feira � recado do Senado

No comando da Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ), Alcolumbre promete jogar mais pesado com Lula do que o presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL)


27/10/2023 04:00 - atualizado 27/10/2023 09:38
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Mais importante escritor brasileiro, Machado de Assis orgulhava-se de ter iniciado suas atividades profissionais como jornalista, aos 20 anos, fazendo a cobertura das sess�es do Senado do Imp�rio, a partir de 1860. Come�ou no liberal “Di�rio do Rio de Janeiro”, sob a dire��o de Saldanha Marinho. O chefe de reda��o era Quintino Bocaiuva, de quem se tornou um grande amigo. Sua miss�o era fazer a resenha dos debates do Senado, al�m de eventuais cr�ticas teatrais. Essa experi�ncia foi decisiva para o escritor, obrigado a escrever diariamente e enfrentar o grande p�blico, tendo de relatar e refletir sobre os fatos pol�ticos da �poca.

Com o tempo, deslocou suas cr�ticas dos pol�ticos para a pr�pria institui��o, que descreve como uma vetusta institui��o: “Os homens que n�o s�o s�rios e graves – escreve Machado—s�o exatamente os homens s�rios e graves”. Machado de Assis registrou a velha pol�tica de concilia��o entre liberais e conservadores e a emerg�ncia dos republicanos, entre os quais viria a pontificar Quintino Bocaiuva.
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Embora liberal e abolicionista, Machado de Assis compartilhava da opini�o de Joaquim Nabuco sobre a monarquia constitucional, cuja corte o acolheu como escritor e personalidade da vida nacional. Por isso mesmo, enaltecia a aristocracia iluminista que p�s de p� o Estado nacional brasileiro, antes mesmo de o pa�s se constituir plenamente como na��o. Em 1899, dez anos ap�s a proclama��o da Rep�blica, escreveu a cr�nica “O velho Senado”, em que tece suas considera��es sobre a vida pol�tica no Solar do Conde dos Arcos, no antigo campo de Santana, local onde o Senado funcionou entre 1826 a 1925.

Essa cr�nica fez parte da colet�nea intitulada “P�ginas recolhidas”, que fez sucesso na �poca: “Diante daqueles homens que eu via ali juntos, todos os dias, � preciso n�o esquecer que n�o poucos eram contempor�neos da maioridade (1840), algum da Reg�ncia, do Primeiro Reinado e da Constituinte (1824). Tinham feito ou visto fazer a hist�ria dos tempos iniciais do reg�men, e eu era um adolescente espantado e curioso”, escreveu. Segundo Carlos Castello Branco, o escritor tra�ou para a posteridade “retratos imperec�veis dos modelos de sua paisagem humana, entre eles alguns homens excepcionais como Paranhos do Rio Branco, modelo de parlamentar e de homem p�blico que � um paradigma dos grandes vultos que dotaram um pa�s pobre e ainda em forma��o de figuras titulares.”

“E ap�s ele vieram outros, e ainda outros, Sapuca�, Maranguape, Ita�na, e outros mais, at� que se confundiram todos e desapareceu tudo, cousas e pessoas, como sucede �s vis�es. Pareceu-me v�-los enfiar por um corredor escuro, cuja porta era fechada por um homem de capa preta, meias de seda preta, cal��es pretos e sapatos de fivela. Este era nada menos que o pr�prio porteiro do Senado, vestido segundo as praxes do tempo, nos dias de abertura e encerramento da assembleia geral”, descreveria Machado. Para arrematar:  “Quanta coisa obsoleta!”

Derrota de alto custo

Rodrigo Pacheco apoia volta de Alcolumbre à presidência do Senado
Rodrigo Pacheco apoia volta de Alcolumbre � presid�ncia do Senado (foto: EVARISTO S�/AFP)

Na quarta-feira, o plen�rio do Senado rejeitou a indica��o de Igor Roberto Albuquerque Roque para o cargo de defensor p�blico-geral federal. Foram 38 votos contr�rios, 35 favor�veis e uma absten��o. O relator da indica��o, senador Humberto Costa (PT-PE), pediu ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para p�r a indica��o em vota��o sem se dar conta de que n�o teria maioria para sua aprova��o. O l�der do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), levou uma bola nas costas, mas n�o esperneou. As prioridades do governo s�o outras, numa Casa que se tornou hostil ao Supremo Tribunal federal (STF) e, agora, parte para cima do presidente Luiz In�cio da Silva.

Uma declara��o favor�vel � legaliza��o do aborto foi o pretexto para a derrubada da indica��o, agora o governo ter� que fazer uma nova indica��o para a Defensoria P�blica da Uni�o, que cuida principalmente dos mais pobres e das minorias. Entretanto, o pano de fundo � a sucess�o da Presid�ncia do Senado. Pacheco, o pol�tico mineiro que durante o governo Bolsonaro foi uma esp�cie de algod�o entre os cristais, apoia a volta do senador Davi Alcolumbre (Uni�o Brasil-AP) ao comando da Casa. Retribui o apoio que dele recebera para se eleger presidente do Senado, sendo ainda um senador em come�o de mandato.

H� um realinhamento de for�as no Senado. A candidatura de Rog�rio Marinho (PL-RN) ao comando do Senado, contra Pacheco, havia isolado a oposi��o; agora, n�o, os senadores bolsonaristas j� decidiram apoiar a volta de Alcolumbre. No comando da poderosa Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) do Senado, agora, joga mais pesado com o presidente Lula do que o presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL). Se Lula entregou a presid�ncia da Caixa para os deputados do Centr�o, o que entregar� a Alcolumbre na Presid�ncia do Senado, o Banco do Brasil?

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