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Estado de Minas

Um inepto em Washington

%u201CO rapaz (Eduardo) mal sabe identificar os continentes em um planisf�rio. Nunca escreveu sequer um artigo tratando de rela��es internacionais. Fez algum curso na �rea? N�o%u201D


postado em 17/07/2019 04:00

� not�ria a dificuldade de Jair Bolsonaro para entender as atribui��es da Presid�ncia da Rep�blica. Apesar de j� ter passado um semestre no governo, a cada dia revela profundo desconhecimento do que pode e deve fazer, de acordo com o que disp�e a Constitui��o. D� a impress�o de que � um personagem de uma com�dia-pastel�o que subitamente � al�ado ao cargo por engano e que n�o sabe como agir, desconhecendo completamente suas tarefas. O p�blico ri das gagues e no final tudo fica esclarecido com a ascens�o do presidente de fato. A diferen�a – e que diferen�a! – � que Bolsonaro � o presidente de um pa�s que � a oitava economia do mundo e que vive a crise mais grave crise da hist�ria republicana.
A recente designa��o de Eduardo Bolsonaro para a embaixada em Washington � somente mais uma demonstra��o deste desvio funcional. Ainda n�o foi confirmada a escolha, pode at� ser um blefe para apontar algu�m mais identificado com a carreira diplom�tica, mas que professe o extremismo de direita com mais classe, como Nestor Forster. Por�m, at� segunda ordem, Bolsonaro insiste na designa��o do seu filho. � o posto mais importante para o Itamaraty. Ele n�o entendeu qual � o papel de um embaixador. Acredita que a rela��o com os Estados Unidos n�o passa de uma quest�o entre as fam�lias Trump e Bolsonaro. Apresentou como uma das justificativas a suposta amizade de Eduardo com os filhos do presidente americano. Sup�e tamb�m que � uma rela��o entre governos, o seu e o de Trump. N�o � nem uma coisa, nem outra. A embaixada � a materializa��o de uma rela��o entre estados, a Rep�blica Federativa do Brasil e os Estados Unidos da Am�rica.
Ou seja, n�o � um assunto de fam�lia ou de governo, que s�o transit�rios. Contudo, insiste em banalizar uma quest�o important�ssima para o nosso pa�s. E mais: destr�i o princ�pio da meritocracia, t�o caro ao Itamaraty. � de conhecimento p�blico que para chegar a este cargo s�o necess�rios anos de estudo, de trabalho e de miss�es em diversos continentes. Insistir no nome do filho tamb�m revela um tra�o do presidente – e que n�o � de hoje: o filhotismo. Usa das benesses oficiais como se fossem d�divas pessoais. Introduziu na pol�tica quatro familiares, al�m dele pr�prio. E acredita que deve manter este comportamento no Pal�cio do Planalto. Cr� que a embaixada em Washington � um assunto dom�stico, que ele pode fazer o que bem deseja. N�o consegue entender que � uma quest�o de Estado, que transcende o universo familiar ou de um governo. Se insistir, caber� ao Senado usar do que determina a Constitui��o (artigo 52, inciso 4) e vetar. Se aceitar, o Brasil estar� � altura de uma Ar�bia Saudita ou de uma republiqueta bananeira. Nesta hora fico pensando no Bar�o do Rio Branco. Deve estar se virando, virando, no t�mulo.
Tudo isso poderia ter sido evitado se Ernesto Ara�jo fosse um diplomata � altura das tradi��es do Itamaraty. Contudo, ele est� a servi�o do pornofil�sofo da Virginia. Foi colocado no cargo por indica��o do guru do presidente. Era, at� ent�o, um desconhecido. Subverteu toda estrutura da Casa de Rio Branco. Nos f�runs internacionais o Brasil passou a votar acompanhando os pa�ses mu�ulmanos, como em quest�es envolvendo as mulheres, rompendo, inclusive, com o que determina a nossa Constitui��o (artigo 4º). � um grande salto para tr�s e que, at� o momento, n�o foi percebido pelos brasileiros. Hoje somos parceiros de ditaduras, de regimes autocr�ticos.
E Eduardo Bolsonaro? Quais s�o as suas credenciais? Diz que fez interc�mbio, que fala ingl�s e que fritou hamburguer nos Estados Unidos. S�, somente isso. � um curr�culo digno de filho do ditador Rafael Trujillo. Mas n�o estamos na Rep�blica Dominicana dos anos 1950. Vivemos no s�culo 21 e em um pa�s democr�tico. O rapaz mal sabe identificar os continentes em um planisf�rio. Nunca escreveu sequer um artigo tratando de rela��es internacionais. Fez algum curso na �rea? N�o. O que leu sobre a hist�ria da diplomacia brasileira? Nada. Ficou conhecido por cortejar como um servi�al a fam�lia Trump e por posar com um bon� apoiando o presidente americano. O servilismo � t�o evidente que aceitou ser o representante na Am�rica do Sul da organiza��o de extrema-direita criada por Steve Bannon. Ou seja, est� a servi�o de uma entidade estrangeira (que apoia os governos antissemitas da Hungria e da Pol�nia), que advoga ideias extremistas, colocando em risco a seguran�a nacional. Ser� embaixador do Brasil ou do governo do pai? Ou ainda do pr�prio pai, exclusivamente? E Bannon vai ser o real representante do Brasil em Washington? Chegaremos a isso? Permitiremos esta humilha��o?
Vivemos uma hora de decis�o. � necess�rio dar um basta. Jair Bolsonaro n�o pode rasgar a nossa Constitui��o. O Brasil n�o aceitar� estar � soldo de uma pot�ncia estrangeira. Nossa soberania n�o est� � venda. N�o podemos aceitar que o posto ocupado, um dia, por Joaquim Nabuco seja maculado por um inepto.

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