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Estado de Minas

Mas ser� o Bolsonaro?

Bolsonaro sabia que n�o poderia galgar postos mais altos que exigiriam muito estudo e suas limita��es intelectuais s�o evidentes


postado em 24/07/2019 04:00 / atualizado em 23/07/2019 21:18


 



Jair Bolsonaro � o maior advers�rio de Jair Bolsonaro. Nos �ltimos dias tem se esmerado em criar situa��es desfavor�veis ao seu pr�prio governo. Isto em um momento de recesso do Legislativo e do Judici�rio, quando poderia aproveitar o vazio para ocupar o espa�o pol�tico com uma agenda positiva. Contudo, uma sucess�o de declara��es desastradas e desnecess�rias deu aos seus oponentes amplo material para desgastar o seu governo. Colocando em risco, inclusive, a aprova��o em segundo turno da reforma da Previd�ncia pela C�mara, em agosto. E a tramita��o inicial da mesma reforma no Senado. Em vez de colher os louros pela vit�ria expressiva – a PEC obteve 379 votos – acabou fornecendo muni��o � oposi��o. Mesmo sabendo que o que foi aprovado difere em muito em rela��o ao projeto inicial elaborado pelo minist�rio da Economia.

� sabido que a popularidade de Bolsonaro no Nordeste � baixa – � a menor de todas as regi�es do pa�s. L� esteve apenas duas vezes em quase sete meses de governo. A �ltima foi ontem, quando esteve em Vit�ria da Conquista. Deve ser registrado que o presidente viajou muito pouco pelo pa�s. Mas as sucessivas declara��es contra os nordestinos acabaram gerando um movimento de rejei��o na regi�o – ampliando ainda mais a sua impopularidade. � sabido que Bolsonaro desconhece a Constitui��o. Mas suas falas atingiram tr�s artigos da Carta Magna (art. 5, XLII; art. 19, III e art. 37, caput). No caf� da manh� com os correspondentes estrangeiros disse – e a grava��o da EBC n�o deixa qualquer d�vida – que n�o enviaria recursos federais ao Maranh�o e se referiu aos nordestinos como “para�bas”, denomina��o pejorativa utilizada no Rio de Janeiro para denominar os migrantes oriundos do Nordeste (em S�o Paulo eram chamados de baianos e a express�o era entendida como sin�nimo de burro, ignorante, desqualificado). � inaceit�vel ouvir de um presidente da Rep�blica uma afirma��o que menospreza brasileiros. O pior foi a tentativa – infrut�fera – de tentar justificar o injustific�vel, sem reconhecer o erro, algo t�pico da personalidade de Bolsonaro – que imputa sempre aos advers�rios a raz�o dos seus erros, forjando um ambiente permanente de conspira��o contra ele pr�prio. O caso limite deste pathos na fam�lia � o seu filho Carlos.

Apontou depois a sua metralhadora verbal para o INPE. Acusou o instituto – que tem reconhecimento internacional – de agir como instrumento de ONGs que teriam como o objetivo primordial desmoralizar o agroneg�cio. Mais uma vez esteve presente a teoria conspirativa. Foi imediatamente desmentido. Queria censurar a divulga��o dos dados sobre o desmatamento da Amaz�nia. Como se o problema principal fosse a exposi��o das informa��es e n�o o ato em si, ou seja, a a��o predat�ria de setores atrasados do agroneg�cio. Foi mais um ataque a uma institui��o de Estado, verdadeira obsess�o presidencial. Antes tinha menosprezado o Itamaraty. E, por via transversa, tamb�m atingiu as For�as Armadas, em especial o Ex�rcito. Tudo devido � m�goa por ter abandonado a vida militar. Sabia que n�o poderia galgar postos mais altos que exigiriam muito estudo e suas limita��es intelectuais s�o evidentes. Isto explica os ataques aos generais atrav�s do seu preposto, o filho Carlos.

A insanidade governamental foi tamb�m dirigida ao FGTS e a multa de 40% no caso de demiss�o sem justa causa. Imputou o desemprego � multa, numa associa��o digna de um trapalh�o. Insistiu na fal�cia de que “muitos direitos” significam poucos empregos. A sa�da, portanto, seria retirar ganhos hist�ricos dos trabalhadores para enfrentar o desemprego. Bobagem, evidentemente. No limite poder� at� advogar o fim da Lei �urea. Afinal, na escravid�o havia o pleno emprego. Mais uma vez Bolsonaro revelou seu absoluto desconhecimento no campo econ�mico – o que, durante a campanha eleitoral, dizia n�o ser problema pois tinha o “posto Ipiranga” (em tempo: a prop�sito, onde est� Paulo Guedes?). A quest�o central � a inexist�ncia de um projeto econ�mico para o pa�s. O governo n�o sabe o que quer. Vive do improviso, de medidas pontuais e ineficazes para enfrentar a estagna��o.

O que fica destas declara��es de Jair Bolsonaro – e foram muitas, destaquei somente algumas – � que n�o est� preparado para o exerc�cio da fun��o. Defensores dizem que ele � muito espont�neo, que � o seu estilo. N�o. Em sete meses demonstrou a mesma vulgaridade dos tempos de deputado do baixo clero. S� que agora no exerc�cio do principal cargo, o de Presidente da Rep�blica Federativa do Brasil. E em um momento que o pa�s necessita de uma dire��o segura, competente, republicana. Estamos vivendo a pior crise da hist�ria econ�mica brasileira. Nada indica que estamos pr�ximos de encontrar uma sa�da. Pelo contr�rio, com Bolsonaro no Planalto a crise s� tende a se agravar. Aguardemos agosto, m�s funesto para n�s. Enquanto isso, resta rir e perguntar: sabe a �ltima do Bolsonaro?. 

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