A crise se deve ao fracasso da pol�tica econ�mica de Paulo Guedes
Agora, Guedes, para esconder o fracasso da sua gest�o, apresentou um conjunto de projetos de leis e propostas de emendas constitucionais. O pacote n�o tem um fio condutor
postado em 21/11/2019 04:00 / atualizado em 20/11/2019 23:47
Paulo Guedes prepara sua sa�da do governo, preferencialmente no primeiro semestre de 2020 (foto: Wilson Dias/Ag�ncia Brasil)
N�o � mais poss�vel esconder o fracasso da pol�tica econ�mica do governo. As sucessivas quedas do �ndice Bovespa nas �ltimas semanas, a disparada do d�lar – alcan�ando o maior valor nominal desde o plano Real –, o fracasso do leil�o do pr�-sal, a retirada de bilh�es de d�lares de investimentos estrangeiros – a maior desde a crise de 2008 –, a queda das reservas internacionais em apenas cinco meses no valor de US$ 22 bilh�es, a perman�ncia de milh�es de desempregados, s�o claras evid�ncias que as proje��es de crescimento da economia feitas em janeiro estavam absolutamente equivocadas. Tudo indica que o aumento do PIB deve ficar abaixo de 1%, menos da metade do que tinha sido estimado pelas consultorias econ�micas, que, como de h�bito, erraram feio. E, no horizonte de curto prazo, as perspectivas s�o sombrias. Em 2020 o crescimento do PIB deve ser pr�ximo ao de 2019. Se h� preocupa��es com o mundo exterior, como na turbulenta rela��o entre China e Estados Unidos, com os acontecimentos de Hong Kong, as permanentes tens�es no Oriente M�dio – os protestos no Ir� podem se alastrar –, o retorno da Am�rica do Sul ao antigo caminho de governos inst�veis e questionados nas ruas, como na Bol�via, Equador, Peru e Chile, especialmente; s�o fatores internos que explicam e determinam fundamentalmente a estagna��o econ�mica. No caso dos nossos vizinhos, basta recordar os anos 1960-1970 quando viveram graves crises – marcadas por sucessivos golpes de Estado – isto n�o significou para o Brasil algum tipo de interfer�ncia direta na economia. Pelo contr�rio, neste per�odo o pa�s chegou a crescer mais de dois d�gitos ao ano.
Mesmo neste cen�rio preocupante, Paulo Guedes continua a apresentar projetos e emendas constitucionais em enorme profus�o. Como se o sucesso da gest�o desse a ele um cacife pol�tico ao estilo Delfim Netto nos anos do milagre. N�o � o caso. Sua gest�o � muito fraca. Os resultados s�o p�fios. N�o pode reclamar do presidente da Rep�blica. Tudo o que pediu, acabou recebendo. Agora insiste em propostas que v�o desmontar o pouco que existe de um Estado de bem-estar social no Brasil. Sabiamente o Congresso Nacional rejeitou parcela da reforma da Previd�ncia que era nociva aos mais pobres. O fim do abono do PIS, da aposentadoria rural, do BPC, por exemplo, atingia diretamente os despossu�dos e tamb�m os pequenos munic�pios e o com�rcio voltado �s classes populares. A suposta economia para o er�rio significava jogar na mis�ria milh�es de brasileiros. E n�o podemos esquecer do engodo da capitaliza��o que seria a base da “Nova Previd�ncia”. Guedes e seus sequazes insistiram durante meses apresentando as benesses da capitaliza��o e davam como exemplo positivo o Chile. Sim, o Chile. Diziam que a previd�ncia chilena era excelente. Que todos l� estavam satisfeitos com a aposentadoria recebida (em caso de d�vida, basta acessar os registros da Comiss�o especial da Previd�ncia da C�mara dos Deputados). Era engodo. Desejava a capitaliza��o para retirar do Estado a administra��o dos recursos e transferi-los para os especuladores do sistema financeiro, de onde ele veio, registre-se. O mesmo Guedes – aquele que optou por ser professor no Chile, sob o tac�o do ditador Pinochet, numa universidade sob tutela militar – disse com ares de profeta do caos que se a reforma n�o atingisse R$ 1,3 trilh�o de economia para o Tesouro, o Brasil iria quebrar. A economia ser� de R$ 800 bilh�es, cerca de 70% do previsto. O Brasil quebrou?
Agora Guedes, para esconder o fracasso da sua gest�o, apresentou quase ao final do ano legislativo, um conjunto de projetos de leis e propostas de emendas constitucionais. O pacote n�o tem um fio condutor. Mas tem um claro objetivo: destruir o Estado edificado pela Constitui��o de 1988. Aos quatro ventos, o ministro propalou que vai refazer o pacto federativo. Deve desconhecer que o que est� propondo deveria necessariamente ser objeto de uma nova assembleia constituinte, algo inimagin�vel nas atuais circunst�ncias. Entre os desvarios, o ministro advoga que a jornada de trabalho dos funcion�rios p�blicos seja reduzida, isto em um pa�s onde o Estado presta servi�os insuficientes para a maioria da popula��o – os pobres, entenda-se. Ou seja, o que j� � prec�rio deve, de acordo com Guedes, piorar. N�o satisfeito deseja reduzir o pagamento de sal�rios dos funcion�rios. Isto mesmo, reduzir. No Executivo, os funcion�rios n�o recebem reajuste – reajuste e n�o aumento de sal�rio – h� mais de 4 anos. Sendo assim, os funcion�rios que, em ternos reais, j� ganham menos, v�o receber um sal�rio ainda menor. Ah, n�o ter�o tamb�m mais promo��es. Ou seja, s� falta transform�-los na casta dos impuros.
Paulo Guedes prepara sua sa�da do governo, preferencialmente no primeiro semestre de 2020. Dir� que o Congresso n�o deu os instrumentos para enfrentar a crise. Fal�cia. Faz parte do show. Dele, claro.