
No primeiro livro da Sagrada Escritura – um hino de louvor � cria��o –, os 31 vers�culos do primeiro cap�tulo de G�nesis v�o se unindo uns aos outros mostrando que tudo que Deus criou foi para o bem. � um Deus cuidadoso e detalhista, descrito em um texto po�tico que transpira amor durante os sete dias dedicados a criar o dia e a noite, o c�u e o mar, a terra com ervas que deem semente e �rvores que d�o frutos.
Ao final dos trabalhos (lembrando que os dias eram contados a partir do p�r do sol) sempre a express�o: “E Deus viu que era bom”. No quarto dia aparecem no firmamento o grande luzeiro (sol) para presidir o dia e o luzeiro menor (lua) para presidir a noite, e tamb�m as estrelas, para separar a luz das trevas.
No quinto dia, fervilham as �guas de seres vivos e p�ssaros come�am a voar sobre a terra e abaixo do firmamento, sob as b�n��os do Criador: “Sede fecundos e multiplicai-vos segundo suas esp�cies”. No sexto dia surge sua obra-prima, o ser humano, criado � sua imagem, para dominar os peixes do mar, as aves do c�u e todo ser vivo que rasteje sobre a terra. Deus d� ao ser humano a erva que d� semente e as �rvores que produzem frutos para servir-lhe de alimento. E tamb�m d� aos animais, a todo ser vivo sobre a terra, as ervas e as �rvores para se alimentarem. Deus viu tudo o que tinha feito e achou tudo muito bom. Conclu�dos o c�u e a terra com todos os seus elementos, no s�timo dia Deus descansou.
Onde estava o homem, o Senhor plantou um jardim e nele fez brotar toda sorte de �rvores agrad�veis de aspecto e boas para se comer. Um rio dividido em quatro bra�os regava o jardim e bem no meio havia a �rvore da vida e tamb�m a �rvore do conhecimento do bem e do mal. Com carinho, Deus molda o homem do solo, d�-lhe uma companheira e limites. E assim termina o primeiro cap�tulo, para o qual fomos hoje lembrar o tempo em que tudo era bom. Passemos ao cap�tulo de hoje.
Agora que o mundo j� sabe que a pandemia n�o foi apenas um vento que passou em nossas vidas, a tarefa p�s-Covid n�o ser� colocar as coisas no lugar como estavam, mas reconstruir melhor, reiniciar. Deixar para tr�s tudo que a prosperidade duramente conquistada nos proporcionou, como o luxo da escolha e servi�os confi�veis, e descobrir como lidar com esse coletivismo que nos descaracteriza e nos transforma em pe�as de xadrez.
Durou e est� durando muito mais do que imagin�vamos nos instantes de maior pessimismo e para seguir adiante e para o alto precisaremos caminhar muito mais do que planej�vamos, pensando nas solu��es tintim por tintim. Teremos que nos capacitar para provermos n�s mesmos o man� que nos sustentar� durante a travessia. S� a mudan�a no comportamento das pessoas, como consumidoras e cidad�s, j� � motivo para uma pausa. Ainda precisamos refletir se � nos tornando ju�zes sum�rios uns dos outros que se far� a caminhada.
Temos necessidade de novos modelos de neg�cio e de opera��o – isto � fato. Tamb�m ficou claro o papel da tecnologia e digitaliza��o na gest�o da crise. Educa��o e sa�de, por exemplo, s�o �reas que t�m pressa para chegarem ao futuro. Como sair de um modelo tradicional de educa��o para um modelo tecnol�gico, incluindo pais e professores nesse novo sistema j� que n�o se trata de simplesmente replicar o modelo presencial para o on-line? Juntar casa e escola, capacitando tanto professores como os pais e os alunos para as novas ferramentas de ensino?
E s� para falar um pouco da sa�de, como aceitar melhor a teleconsulta? Como fazer um fragilizado doente, que chegava ao consult�rio com afli��es no cora��o e sa�a feliz com as palavras consoladoras do m�dico, como fazer dele um paciente que n�o se impacienta diante de uma teleconsulta? Como levar a tecnologia para fora dos muros dos hospitais?
H� um novo mundo para criarmos n�o em sete dias, nem com ervas que d�o sementes, nem com �rvores que d�o frutos. Mas o Criador espera que n�s, todos n�s, cheguemos a uma cria��o coletiva de maneira tal que, afinal, todos os envolvidos achem que est� tudo muito bom.