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Estado de Minas coluna

A alegria caipira

Acostumados a olhar s� para a frente e para o alto, o futuro e a tecnologia, junho nos convida a olhar para dentro, procurando estrelas em nossos pr�prios c�us


20/06/2021 04:00 - atualizado 17/06/2021 10:47





Bem-vindo, junho, m�s de Ant�nio, Jo�o e Pedro, das festas juninas originadas nas festas dos santos populares em Portugal. Como nos tempos do Antigo Testamento, quando os israelitas se reuniam nas festas das colheitas para celebrar os gr�os, eles se organizavam em torno de uma fogueira, atr�s de um calor que os deixava mais pertos do ch�o e do irm�o.

� junho, �poca de coisas singelas que tocam o cora��o, como a capelinha de mel�o enfeitada com cravo, rosa e manjeric�o para homenagear Jo�o Batista. As juninas s�o mais uma festa popular ligada �s tradi��es da Igreja. Este ano, com o coronav�rus, teremos mais uma mem�ria, lembran�as felizes de outrora. O convite � para todos: toma-se o caminho da ro�a e vai reencontrar sua Galileia, onde tudo come�ou.
 
 
 
Nos bons tempos em que a pandemia n�o mudava a vida de ningu�m, no arraial mulher virava dama e homem cavalheiro. E eles come�avam a dan�a fazendo um balanc�, marcando o passo um de frente para o outro, sem sair do lugar. Al�m de ser o primeiro comando, o balanc� � um grito de incentivo, repetido quase todas as vezes em que um passo termina. Os grupos fazem tamb�m o anavan, ou seja, avan�ar para o centro da roda, ficando frente a frente e cumprimentando um ao outro com um aceno. Depois o famoso anarri�, que nada mais � do que voltar para seus lugares e se preparar de novo para o balanc�.

E por que uma festa caipira, cheia de matutos, fogueira, chap�u de palha tem tanta dan�a falando em franc�s? Porque era uma dan�a de sal�o formada por quatro casais que tinham o nome de quadrille, realizada nos grandes sal�es dos pal�cios de Paris, com participa��o exclusiva de membros da aristocracia francesa. Chegou em Portugal e se popularizou no Brasil sob a influ�ncia da corte portuguesa.

Na Igreja, s�o mantidas as tradi��es entre os fi�is. A igreja sa�da com alegria Ant�nio, Jo�o e Pedro – um santo, um profeta e um ap�stolo –, que viveram muitos s�culos antes de n�s. Em primeiro vem S�o Jo�o, o Batista. Embora de vida austera, vestindo roupas de pelo de carneiro e se alimentando de mel silvestre e gafanhotos, o primo de Jesus � homenageado nas festas juninas com a singeleza de um relic�rio (capelinha). A passagem fala sobre a miss�o de Jo�o Batista, sua prega��o, a rea��o dos ouvintes, seu estilo de vida e o testemunho de Jo�o sobre Jesus.

“Se n�o houver pessoas para escutar, falai com os peixes.” Naquela manh�, por volta do ano de 1223, na prov�ncia de Rimini, It�lia, triste com o templo vazio, Santo Ant�nio afastou-se em dire��o � foz do Rio Marecchia e desabafou: “Irm�os peixes, os homens se esquecem de Deus, por isso estou aqui para vos falar”. E os peixes foram surgindo, mantendo a cabe�a fora d'�gua, brilhando sob os reflexos do sol. Sim, � verdade que depois do milagre dos peixes o talento do pregador, o amor �s almas, o grande saber e o dom�nio da Sagrada Escritura tornaram Santo Ant�nio uma das mais respeitadas figuras da Igreja Cat�lica.

Festeja-se Pedro, o corajoso ap�stolo que pregava e era perseguido, grande �dolo da Igreja primitiva, e amado e respeitado mundo afora. Quem mais poderia se aproximar com tamanha paz em uma manh� simples de um dia qualquer no Mar de Tiber�ades? Quem mais poderia ensinar pescadores a pescar? Quem mais saberia haver amor escondido naqueles cora��es que �quela hora se preocupavam apenas com peixes que n�o apareciam?

O que passou, passou. Jesus restituiu a confian�a de Pedro e mostrou que o amor � o que importa.  Sim, n�s sabemos que somos amados, filhos queridos do Pai. Mas n�o precisamos estar � beira do mar para que Ele nos fa�a a mesma pergunta. Em algum momento da vida precisaremos responder: “Tu me amas?” “Tu me amas?” “Tu me amas?”.

As juninas s�o mais uma festa popular ligada �s tradi��es da Igreja. O chap�u de palha, o terno xadrez e o vestido de chita dificilmente rodopiar�o entre n�s este ano. Parece que n�o haver� balanc�. Acostumados a olhar s� para a frente e para o alto, o futuro e a tecnologia,  junho nos convida a olhar para dentro, procurando estrelas em nossos pr�prios c�us.

Junho: a festa da alegria e da descontra��o do Brasil caipira, espalhada entre todos os estados do pa�s. Tamb�m em junho, a devo��o da Igreja saudando Santo Ant�nio, S�o Jo�o e S�o Pedro, enchendo as igrejas com a presen�a dos fi�is que v�o agradecer, rezar e pedir gra�as. Para a Igreja, � o m�s onde os tr�s santos trazem ainda mais Cristo para perto de n�s. Os santos, parece, vivem no mundo que palpita, sonha e faz o fiel aumentar sua cren�a na f�.

Respiramos Deus cada vez mais intensamente e mais profundamente, podemos v�-Lo a cada dia, em cada rosto, lugar e pessoa. Porque Ele vive nossa vida muito mais do que a nossa.

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