Minha identifica��o com o magist�rio ' foi enorme'
21/11/2021 04:00
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Jovens adultos pulando de curso em curso, de �rea em �rea, insatisfeitos e perdidos (foto: Pixabay)
Ouvir um jovem falar sobre seu primeiro m�s de trabalho com tanto entusiasmo me fez lembrar de meus primeiros anos como professora. Logo que me formei no ensino m�dio, fui contratada para lecionar na pr�-escola no mesmo local onde estudei desde o segundo ano do ensino fundamental.
N�o que eu tivesse sido uma aluna exemplar em rela��o �s notas e premia��es, mas ao longo de tantos anos as freiras acabaram montando na pr�tica um dossi� completo do que eu seria capaz em muitos sentidos. Fiquei l� por cinco anos e me despedi para entrar para o jornal Estado de Minas, ao fim de meu segundo ano na faculdade de comunica��o social.
Na �poca, final dos anos 1970 in�cio dos 80, faz�amos obrigatoriamente um curso profissionalizante concomitantemente com o ensino m�dio. Escolhi o magist�rio n�o por identidade ou voca��o, mas porque foi a escolha daquelas que eram minhas amigas insepar�veis. As outras op��es oferecidas pelo col�gio eram an�lises cl�nicas e desenho arquitet�nico. H� quem diga que nada � ao acaso. Fato � que minha identifica��o com o magist�rio foi enorme, e certamente as outras passavam longe de qualquer voca��o que um dia eu possa ter tido. Identifica��o tempor�ria, eu diria, porque hoje o magist�rio como o que abracei est� longe de ser novamente uma op��o para mim.
Era com muito entusiasmo que eu descia a ladeira para chegar ao col�gio no in�cio da tarde e ao final subia de volta carregada de material. Na semana do Dia das Crian�as e dos professores, inventava fantasias com material reciclado para eu vestir e muitas vezes elas limitavam meus movimentos. Mas minhas ideias rendiam muitas risadas dos alunos, como foi o caso de quando me vesti com caixas de papel�o fingindo ser um rob�, ou uma robota, como me chamaram.
N�s professoras faz�amos pe�as de teatro, nas quais me cabia o papel mais espalhafatoso, como o da Dona Baratinha ou o da bruxa m� na hist�ria "A bruxinha que era boa". Tenho um tom de voz alto, ensurdecedor quando quero, confesso, o que era ideal perante a gritaria por parte da plateia enlouquecida. Gostava tanto da intera��o com as crian�as que me encaixava em tudo que as divertisse.
A mesma empolga��o levei para o jornalismo, atuando em outros pap�is claro, menos escandalosos, mas sempre intensos. Poder escolher profiss�es com as quais nos identificamos � um passo para o sucesso. Digo poder porque nem sempre � poss�vel e um passo porque nem sempre � garantido.
Isso porque temos visto com tanta frequ�ncia jovens adultos pulando de curso em curso, de �rea em �rea, insatisfeitos e perdidos. Outros tempos, outras facilidades e dificuldades, mas os mesmos dilemas. Como pano de fundo, h� sempre a quest�o da educa��o familiar complementada pela escola e principalmente pelas experi�ncias de vida que nos s�o reservadas, nas quais costumam residir nossos maiores medos.