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Estado de Minas Comportamento

Pedido aos pais

"Rem�dio tarja preta � facilmente comprado on-line, com a rapidez de quem compra pizza"


30/10/2022 04:00

Patr�cia Esp�rito Santo
 
Mãos dadas
(foto: freepik)

 
Ouvi com muita tristeza um casal contar sobre o dia em que internaram o filho �nico em uma cl�nica de reabilita��o de dependentes qu�micos. O rapaz acabara de completar 16 anos e estava viciado em um medicamento usado para o tratamento de TDAH – transtorno de d�ficit de aten��o com hiperatividade. Tudo come�ou quando come�ou a fumar maconha com "a turma", �poca em que foi tamb�m diagnosticado como sendo muito ansioso. De uma dose pequena receitada pelo m�dico, por conta pr�pria ele sextuplicou a dosagem por comprimido, at� que, pouco antes de ser internado, ingeria 20 c�psulas por dia.
 
Rem�dio tarja preta, claro, mas facilmente comprado on-line por quem sabe navegar e procurar na web. Ele recebia em casa com a rapidez e a facilidade de quem compra pizza, hamb�rguer, sab�o em p� ou um simples l�pis de cor. Tentando acompanhar o filho, seus pais observaram apreensivos a evolu��o do v�cio, acreditando que seria poss�vel reverter o quadro sozinhos, sem recorrer � ajuda de profissionais especializados.
 
Reconhecer a depend�ncia n�o � tarefa f�cil porque exige encarar uma realidade que desestrutura e abala, assim como assumir que a solu��o est� muito longe de atitudes simples e corriqueiras como rezar, esperar e torcer para amanh� tudo amanhecer modificado.
 
Eu me lembrei da m�e, �s vezes severa, que fui. Eu e meu marido aprendemos que na d�vida era melhor dizer n�o. N�o vai. N�o pode. N�o deixamos. Por qu�? Porque n�o e quem manda aqui � papai e mam�e. Abrimos nossa casa para todos os amigos, os que vinham s� para um lanche, pra dormir ou passar dias.
 
Enquanto preparava o cachorro-quente eu ouvia as hist�rias. N�o me metia, mas observava e analisava. Lev�vamos e busc�vamos nas festas os meus filhos, assim como os meninos cujos pais n�o podiam ir. Acab�vamos sabendo quem bebia demais, quem fumava, quem sacaneava com os garotos e as garotas, quem as defendia. N�o prendemos nossos filhos; pelo contr�rio, os deixamos ganhar o mundo antes mesmo de atingirem a maioridade, mas com a seguran�a de que eles saberiam se virar sozinhos longe de nossas asas.
 
Privar o filho da liberdade, submetendo-o � interna��o compuls�ria, doeu muito ao casal. Despedir-se dele atrav�s de uma grade aos moldes das penitenci�rias � uma imagem que os atormenta, apesar de saberem que fizeram o que tinham de melhor a fazer.
 
As drogas compradas em farm�cias est�o tomando as festas, as escolas, os rol�s. Inicialmente, causam bem-estar e ajudam a manter os jovens acesos e ativos durante as maratonas que muitas vezes viram o dia e a noite. E cabe aos pais vigiar e aconselhar, limitar e acompanhar, mesmo que tenham que tomar atitudes dr�sticas muito al�m daquilo que sonharam e planejaram para os filhos.

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