"N�o repara a lembrancinha, at� porque foi eu quem fez", foi o que ouvi de uma amiga que acabara de me presentear com dois panos de prato ador�veis. Adoro ganhar pano de prato e toalha de lavabo, dois dos itens preferidos por muita gente para presentear no fim do ano. Melhor ainda quando s�o "assinados", pois atr�s deles h� sempre uma hist�ria, um valor agregado incomensur�vel.
O que me incomodou na fala dela foi a nossa mania de depreciar o que fazemos com as pr�prias m�os ou presentes de baixo valor econ�mico.
Ao receber a "lembrancinha" perguntei:
- Foi feito com amor? Se sim, est� perfeito. E certamente me far� lembrar de voc� sempre que eu usar. Afinal, n�o seria esse o objetivo dela?
Outra express�o que costuma acompanhar esses momentos � a "n�o repara n�o". A essa normalmente respondo:
- Se n�o � para eu reparar, por que ent�o voc� est� me dando?
Dar um presente � uma forma de marcar presen�a, de dizer que quem est� recebendo � algu�m importante de alguma forma para quem est� dando. � uma tentativa de retribuir uma generosidade, de demonstrar afeto, gratid�o. Queremos que o outro saiba disso tudo, � uma forma de materializa��o do sentimento, pois dificilmente valorizamos apenas as palavras.
Podemos tamb�m ser movidos pela vontade de ver o outro feliz e satisfeito como costuma ser ao presentear nossos pais e filhos com algo que fa�a parte do desejo deles. Podemos tamb�m ser movidos pelo sentimento de obriga��o, tenho que dar porque ele me deu ou ser� constrangedor presentear todos e deix�-lo de fora.
O que nos falta � aprender que o real valor desse ato passa longe do pre�o que cada embrulho, envelope ou mensagem possa ter. Assim como apenas resume aquilo que poder�amos fazer o ano todo sem custo nenhum e infelizmente deixamos para o fim: ser e estar presente.