
Ouvi este termo para designar meninas mal sa�das da puberdade que haviam acabado de se tornar m�es. No momento em que deveriam se dedicar a cumprir o papel de filhas, estavam carregando seus rebentos e toda a responsabilidade por tr�s disso.
Pouco parece-nos chocar o fato de que em 2020 no Brasil cerca de 380 mil partos foram de m�es com at� 19 anos de idade, ou seja, 14% dos beb�s nasceram de adolescentes. Nossos vizinhos Argentina e Uruguai registraram no mesmo ano taxas de 10% e Chile de 5%. Ainda temos muito o que caminhar, ou melhor, aprender.
Sabemos que uma gravidez n�o planejada pode ser fruto de diversas raz�es e quando acontece t�o cedo demonstra falta de educa��o e orienta��o sexual adequada, baixo acesso a contraceptivos, dificuldade de dizer n�o a press�o dos parceiros, ligada a baixa autoestima, e ainda fruto de abuso e viol�ncia.
Quando eu era adolescente o maior medo dos pais ao verem suas filhas se aprontando para sair a noite era que elas voltassem gr�vidas. Era uma vergonha para uma fam�lia se tornar p�blico o fato de que uma de suas meninas havia sido “usada” antes da hora, ou seja, antes do sagrado sacramento do casamento.
As mo�as eram obrigadas a largar a escola, n�o necessariamente para assumir a fun��o de criar o filho (pois essa tarefa acaba recaindo sobre as av�s), mas principalmente para n�o terem que enfrentar o olhar de condena��o de todos.
Fato � que ainda hoje por outras raz�es, principalmente econ�micas, muitas deixam os estudos e encontram dificuldades em retoma-los mais tarde principalmente aquelas que pertencem as camadas mais vulner�veis da sociedade.
Gravidez ideal � fruto de escolher ser m�e e/ou ser pai. Escolher criar uma fam�lia e tudo o que isso implica como educar, acompanhar a vida escolar, amar, levar e buscar, passar noites em claro, acordar de madrugada seja por motivos tolos ou pertinentes. Filhas m�es est�o bem longe disso. Cabendo a n�s, os que na teoria s�o maduros, cumprir melhor nosso papel de m�es e pais de nossos filhos.