
Despedidas muitas vezes s�o indigestas. Nesse momento me sinto assim. Acabei de deixar meu filho mais novo no aeroporto, passados 12 dias da sua chegada. Depois do abra�o apertado, do Deus te aben�oe acompanhado do mam�e te ama, toma um lanchinho direito entre um voo e outro, cuidado pra n�o perder a conex�o ou cochilar sentado no port�o de embarque, fica de olho na bagagem de m�o, preocupa��es bobas t�picas de m�e, espichei o olho at� onde foi poss�vel ver o rastro dele.
Depois entrei no carro com aquela cara de poucos amigos, nenhum papo e praticamente voltamos mudos, eu e meu marido, para casa. Seremos s� n�s dois de novo, como tem sido a maior parte dos �ltimos onze anos. No meio do caminho encontramos uns amigos e uma delas me perguntou se o olho inchado era por eu ter chorado na despedida.
Chorei n�o, n�o o choro real do tipo derramar l�grimas. O que chora � o cora��o, mas nunca a alma. Essa prossegue feliz porque eles est�o felizes, cada um no seu canto do mundo com a nova fam�lia constitu�da por amor e afinidade.
Pai e m�e continuam sendo pai e m�e independente do lugar onde est�o e da idade que os filhos tenham. Ainda damos pitacos e mesmo sabendo que muitas vezes somos atendidos, outras s� ouvidos e na maioria ignorados. Mas n�o nos privamos de mant�-los debaixo de nossas asas. Asas estas que abrimos quando viviam o auge da adolesc�ncia e eles se lan�aram mundo afora sem muito medo, cheios de expectativas e planos.
Minha m�e se despede dos netos que moram fora do pa�s, quatro dos seis que ela tem, com um simples tchau como se fosse encontr�-los no final de semana. Ela sofre menos, diz acreditando que ser� breve a dist�ncia entre o ir e o vir. O que n�o deixa de ser, entre os atropelos que nos colocamos em nosso cotidiano.
Daqui at� o fim de ano, quando esperamos reunir a fam�lia toda para as festas e f�rias, nos veremos pelas telas e telefones, fotos e figurinhas. Bem mais f�cil que outrora quando telefone era dif�cil e carta demorada.
Lembro-me que n�o entendia como minha sogra sobrevivia � saudade de um de seis filhos que morava na Europa e vinha s� no Natal. Hoje o que me acalenta � experimentar a presen�a dos entes queridos sem necessariamente ser poss�vel e preciso toca-los.