(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

A sociedade em rede avan�a

A nova ordem mundial desmonta o tempo cronol�gico e fragmenta na cabe�a das pessoas uma nova no��o de temporalidade, adora��o da velocidade e o real autom�tico


07/05/2023 04:00

Jovens diante de computadores
Jovens diante de computadores: mundo cada vez mais conectado (foto: Emmanuel Dunand/AFP - 2/11/22)

A produ��o de mercadoria produz tamb�m rela��o social. E constr�i seus s�mbolos nas ruas, cidades e pr�dios. A universaliza��o do capitalismo moderno, com c�digos de comunica��o harmonizados e de desempenho din�mico e semelhante, s�o n�s de um mesmo sistema mundial. Produzem estruturas integradas em rede que n�o se importam com as amea�as que seu desequil�brio cont�m. O principal elemento destes n�s s�o as pessoas como produtos materiais usadas em excesso. E o excesso produz tens�o e frustra��o. Est�o a� as novas doen�as fruto da coer��o do progresso.
 
 
A rede tem uma pretens�o de racionalidade, flexibilidade, adaptabilidade, desconstru��o e reconstru��o cont�nuas e n�o sup�e o quanto afeta as rela��es sociais, de poder e de gosto. Novas estruturas institucionais e apetites movimentam e desorientam o ser humano como nunca antes na hist�ria. A sociedade em rede, impulsionada pela evolu��o tecnol�gica, misturando produ��o econ�mica, evolu��o social e comportamental, imp�e processos sociais, modos de pensamento, dando forma � pr�pria estrutura social. Quem tem for�a para renunciar ao amor pela moda? Quem est� disposto a buscar sa�da para o inevit�vel?
 
A supera��o da sociedade industrial, do saber t�cnico individual, da imposi��o da passividade diante das mudan�as, n�o � s� reflexo da din�mica econ�mica em curso. � principalmente a imposi��o de uma era de informa��o interativa e multim�dia de consumo e organiza��o de tarefas. A nova ordem mundial desmonta o tempo cronol�gico e fragmenta na cabe�a das pessoas uma nova no��o de temporalidade, adora��o da velocidade, o real autom�tico, total disponibilidade para a conveni�ncia das redes, sem fuso hor�rios, dia, noite ou dist�ncia.
 
A fuga da emo��o e da cultura ao tempo � a maior conquista at� agora deste mundo veloz e conectado. Mas o mundo instant�neo � o maior fracasso da gera��o atual a ser deixado para crian�as e jovens como um valor de uso. A compress�o do tempo e a indiferen�a em rela��o � sua passagem pela natureza n�o ajudam na coes�o social. Foi a sabedoria do esp�rito aberto de pessoas livres que formou fam�lias e comunidades, deixou as crian�as crescerem em paz, pois aquilo que ocorre porque � bom ocorre naturalmente. Hoje, por�m, o conceito de bom est� evaporando na cara de todos, a cada dia. At� que o sangue vire �gua, e os jogos diversos da comunica��o instant�nea e o mundo on-line dos aparelhos tirem da nova gera��o a percep��o livre, o olho para discernir e o cora��o para revelar.
 
O sistema de redes prospera melhor na sociedade sem raiz, saturada por fluxos di�rios de comunica��o e informa��o. Reflexo disso na arquitetura e no design de vanguarda s�o os escrit�rios sem limite, hall de hot�is, hospitais, esta��es de trem e metr�, sagu�o de aeroportos, espa�os abertos enormes, clar�ssimos, de vidro, tela transparente de TV, pr�dios espelhados – onde os passarinhos morrem ao bater no c�u artificial que projetam –, rar�ssimos sof�s modulares perdidos dentro de um �trio gigantesco. Conduzindo todos para a identifica��o biom�trica que captura, sem interesse, rela��es sociais perdidas no tempo, e as faz sem hist�ria, um mais um a
circular por s�mbolos de uma arquitetura que reflete, no espa�o que ocupa, a insignific�ncia da pessoa diante da alta tecnologia.
 
O real imagin�rio n�o � mais um faz de conta. Pessoas sens�veis, com recursos e bom gosto, dotadas de alguma mem�ria afetiva buscam algum sentido para criar sua fam�lia e viver em ambiente n�o massificado. Os milagres da multim�dia n�o s�o milagres, como o faz de conta n�o � realidade. Em busca de realidades que n�o foram despojadas de seu sentido cultural, hist�rico e geogr�fico, cada vez mais pessoas querem compartilhar o tempo com os outros. Saem � procura de bairros de que ouviram falar, cidades perdidas no tempo, com alguma personalidade, para fugir de domic�lio eletr�nico, poder interagir sem ser receptor de intera��o, fazer seu pr�prio hor�rio nobre e n�o viver o hor�rio nobre da tv.
 
Quando tudo � igual, tudo � lugar nenhum. � o risco que j� enfrentam as tentativas de fugir ao processo uniformizante de urbaniza��o e o paisagismo artificial que corretores vendem como se fossem a Rambla de Barcelona ou uma aldeia charmosa de sub�rbio ingl�s. N�o alerta seus moradores que, ap�s os piores congestionamentos poss�veis, ser�o conduzidos a um Monte Carlo simb�lico, canto virtual de uma megacidade real. A modernidade em rede se anuncia selvagem diante da humanidade. A alegria da apar�ncia, ser parte do jogo, usado como enfeite. � pouco para um ser humano.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)