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Estado de Minas RAMIRO BATISTA

Vaca dourada, Petrobras s� engorda governos e mercado financeiro

Consumidores e empres�rios do pa�s miser�vel e ref�m do monop�lio bancam as altas margens que fazem a festa dos governos em impostos e dos acionistas em lucros


02/09/2021 07:08 - atualizado 06/09/2021 13:29

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(foto: VANDERLEI ALMEIDA / AFP))
A Petrobras tem faturado cerca de R$ 100 bilh�es por trimestre, R$ 400 bi ao ano, com um lucro bruto de mais de 60%, R$ 64 bilh�es brutos no �ltimo, antes de descontar impostos e as previs�es cont�beis de d�vidas e deprecia��es.


Conseguiu a fa�anha de nadar e colocar seus acionistas nadando em dinheiro em tempos de crise, sem aumento significativo de produ��o e vendas, gra�as � indexa��o de suas receitas � cota��o internacional do d�lar, que resultou num aumento em torno de 107% nos pre�os de alguns de seus produtos em um ano.

Mas n�o s� eles. Ao entregar seu produto superfaturado nas distribuidoras, ela alimenta uma cadeia que as engorda na forma de custos e lucros e, em forma de impostos, o governo federal (de novo)  e os governos estaduais . Em bi e tri tributa��o.

De forma que o combust�vel que chega a cerca de R$ 2 nas distribuidoras, j� inchado dos custos e lucros que vai alimentar os governos e os acionistas,  passa a R$ 6 e at� 7 nas bombas

A diferen�a � paga pelo pobre coitado que manda encher o tanque na ponta, o motorista de t�xi/uber, o industrial, o trabalhador que precisar rodar ou comprar o g�s da janta, num pa�s miser�vel e ref�m de um sistema de monop�lio que arbitra o pre�o que quer.

Se, numa hip�tese, ela pagasse menos impostos pr�prios e eliminasse o lucro em tempos de crise, considerando a mis�ria do pa�s e do povo que explora, poderia reduzir seu pre�o pela metade, com reflexos iguais em toda a cadeia. � o que as empresas fazem em tempos de crise, mas n�o uma monopolista que n�o precisa dar satisfa��o a ningu�m.
Com o apoio alegre da malta do mercado financeiro, a fingida preocupa��o dos governos federais e estaduais entupindo suas burras e a  complac�ncia dos analistas de mercado na imprensa . Historicamente, os primeiros a berrar quando o governo amea�a interferir nos pre�os da estatal que Roberto Campos, pai, chamava muito bem de petrossauro. 

Ah, o governo vai inviabilizar a empresa orgulho nacional que tem seus custos indexados em d�lar, � o m�ximo de explicam. Entram pouco na vida da empresa e muito na do governo de turno, em que batem pesado a qualquer tentativa de questionar a companhia. Como fizeram com Dilma e com Bolsonaro,  quando mandou trocar o presidente que andava autorizando aumentos  quase di�rios.

� uma l�gica de vaca dourada intoc�vel e curiosa de defesa do capitalismo livre como se esse mastodonte sem concorr�ncia que acoita pol�ticos e apaniguados em sal�rios e bonifica��es est�pidas - e distorce toda a cadeia produtiva - possa ser enquadrado na categoria de sociedade aberta e competitiva. 

V�o me chamar de ignorante, claro. Mas n�o � preciso entender muito de economia - ou nem convenha entender como os atuais analistas - para olhar com senso de realidade para o abuso do lucro em hora errada. � sabido que acionistas de qualquer empresa adoram lucro e detestam investimento, que em geral adia suas retiradas.

Nada tenho contra riqueza e distribui��o de lucro para quem investiu, mas tamb�m nada contra, muito antes pelo contr�rio, a competi��o. Os entusiastas da Petrobras - acionistas, governos e analistas - querem o mundo maravilhoso do capitalismo, s� que sob controle de um monop�lio que coloca o pre�o que quer.

Se defendessem capitalismo mesmo, seriam a favor de uma abertura radical de mercado, que atrairia pesos pesados mundiais, como Chevron, Exxonmbill, Pelmex, etc, para competir em igualdade de competi��es na produ��o, no refino, na distribui��o. Duvido se n�o chegar�amos r�pido � autossufici�ncia e a pre�os reais.

Nunca entendi tamb�m - de novo v�o me chamar de ignorante e agrade�o se me explicarem - qual o problema de produzir, distribuir e vender em reais. Pega-se os custos de produ��o com seus impostos e previs�es, acrescentam-se as margens de lucro e divide-se pelo volume de produ��o para chegar ao pre�o justo do litro.

At� onde minha vista alcan�a, parece que existe uma competi��o controlada em forma de conluio e meio cartel entre a Petrobras e as importadoras de combust�veis, outra ponta de aproveitadores. A  companhia n�o pode abaixar seus pre�os  para n�o destruir essas que s�o, sim, oneradas em moeda estrangeira.

Em janeiro, o presidente da entidade que os re�ne, a Abicom, foi ao �rg�o regulador da concorr�ncia, o Cade, denunciar a Petrobras por pr�ticas predat�rias. Haveria ind�cios de que o  presidente Bolsonaro estaria intervindo nos pre�os da empresa , "com preju�zos para importadores e acionistas".

Opera��o em real n�o poderia ser considerada fim do mundo se houvesse a consci�ncia propalada de que se trata de uma empresa p�blica, de interesse social, como as concession�rias de �gua e energia: outros mastodontes mal explicados de pouco investimento e muito lucro,  como j� escrevi neste artigo . Considerando sua essencialidade para toda a cadeia produtiva e de consumo, at� os miser�veis.

Mas ningu�m a v� assim, a n�o ser a esquerda por ignor�ncia e a direita por conveni�ncia. � muito paradoxal que no pa�s de capitalismo estatal, que engorda os maganos em detrimento dos pobres, os dois espectros do pensamento pol�tico, da mais extrema esquerda � mais extrema direita, estejam de acordo que a empresa deva continuar a ser explorada como vem sendo.

Parece bom para todos que n�o v�o � bomba.


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