
- � verdade que o quadro geral de predisposi��o do eleitorado em rela��o a Lula e Bolsonaro se mant�m inalterado. N�o nos 18% de diferen�a pr�-Lula do Datafolha, a mesma do levantamento anterior, mas nos 15% de um agregador de pesquisas muito consistente de O Estado de S. Paulo, que pondera o resultado de 14 institutos segundo seu peso com base, entre outras coisas, em metodologias, frequ�ncia e hist�rico de acertos.
- Tamb�m � verdade que a estripulia de Bolsonaro com os embaixadores que reuniu para desancar o sistema eleitoral brasileiro, num vexame diplom�tico internacional, n�o afetou em nada seu desempenho. Assim como Lula, que tem falado e errado cada vez menos, ganhou qualquer coisa com o bom comportamento. Continua valendo minha tese de que podem sair pelados na rua e roubar picol� de crian�a, que n�o alteram a predisposi��o de voto. Nada menos que 79% de seus eleitores est�o decididos a votar neles, mesmo que batam em velhos.
- N�o � verdade, por�m, que n�o tenha havido algumas mudan�as. Bolsonaro j� colhe uma melhora entre os mais pobres e as mulheres. Encurta a diferen�a para Lula nesses dois eleitorados em 5% e 3% respectivamente. Bolsonaro vai de 21% a 27% entre as mulheres. E Lula melhora seu desempenho entre os mais ricos. Reduz sua desvantagem em favor de Bolsonaro, de 12% para 8%.
- Embora pequenas, as altera��es s�o significativas porque refletem resultados de esfor�os do presidente para melhorar sua imagem nesses dois p�blicos, com os benef�cios da chamada PEC kamikaze (para pobres, donas de casa que compram g�s, caminhoneiros e taxistas), num caso, e mais exposi��o da mulher Michele, no outro. Em contrapartida, sinaliza alguma quebra de resist�ncia a Lula na elite econ�mica que come�a a sair da moita, como ficou demonstrado no manifesto pela democracia, lan�ado pela Fiesp, de impacto ainda n�o apurado.
- � a campanha, est�pido. O que vai definir a vida dos dois � a compet�ncia de cada lado na campanha que come�a no final do agosto, que coincide com um debate na Band, em que os dois l�deres das pesquisas j� teriam confirmado presen�a. � a partir da� que partidos, milit�ncia e propaganda formal ou informal de seguidores e cabos eleitorais, na rua e nas redes sociais, passam a fazer diferen�a. At� l�, como desde sempre, � natural que as diferen�as v�o se reduzindo at� chegar a uma polariza��o mais acentuada na reta final.
- Continuo achando, como j� escrevi neste artigo, que Bolsonaro tem mais pontos de venda, investimentos sujeitos ainda a apresentar resultados palp�veis que podem alavancar um pouco seus n�meros: o pagamento a partir do dia 9 de agosto dos aux�lios aprovados na PEC kamikaze, a redu��o no pre�o dos combust�veis em conjunto com a des-piora da economia e as obras de governo na propaganda de r�dio e TV. Ajudou Dilma Rousseff e pode ajud�-lo. Lula depende s� de proselitismo.
- Mas tamb�m sigo acreditando que o clima do tempo, o zeitgeist dos alem�es, lhe � muito desfavor�vel. Ainda n�o tinha visto desde a primeira elei��o da redemocratiza��o, no final dos anos 80, um presidente provocar tanta predisposi��o pessoal negativa no mainstream midi�tico, que continua mais influente que qualquer outro meio de comunica��o sobre as impress�es coletivas. � muito dif�cil acreditar que tenha tempo e empatia para virar a sociedade a ponto de convenc�-la a dar-lhe uma segunda chance.
