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Estado de Minas EM DIA COM A PSICAN�LISE

O homem quer poder para enfrentar sua impot�ncia e desamparo

Os homens n�o baixam a crista. N�o escutam a Terra. Mas a for�a da Terra sobreviver� � nossa desraz�o


postado em 21/06/2020 04:00 / atualizado em 21/06/2020 11:46

Poder�amos viajar na imagina��o uma vez que ela preenche todas as lacunas da compreens�o. Quando � preciso completar alguma coisa que n�o est� batendo, lan�amos m�o de constru��es imagin�rias com o objetivo de dar um sentido �quilo do real que n�o entendemos.

� como reler uma carta � qual faltam algumas palavras e podemos preencher as lacunas pelo que supomos ser aquilo que faria sentido. Ou como o trabalho do arque�logo que, com suas escava��es, reconstr�i nosso passado a partir de f�sseis e ossadas.

Outro exemplo s�o as nossas rela��es com o outro, o diferente, em sua radical alteridade. Para decifr�-lo, tecemos, fio a fio, um tric� inteiro. Jamais saberemos sua verdadeira tradu��o. Ningu�m � cara-metade para que saibamos o que pensa, sente ou far�.

O imagin�rio anda sozinho, � grudento e nunca desiste de buscar consist�ncia em historinhas que v�o trazendo, de algum modo, mesmo que inventado, calmaria aos nossos mares interiores em revolta.

� capaz de tecer todo tipo de trama, de novela, e paira sobre o pensamento constituindo parte dele. Ningu�m, nem o mais s�bio, pode dizer a palavra final, a verdade verdadeira. Pode pretender ter a posse dela servindo-se de sua pr�pria intelig�ncia e opini�o sobre os acontecimentos recentes neste mundo irrespir�vel.

Teremos de atravessar este terreno incerto que � o real at� o fim de nossas vidas, teremos que caminhar por mares nunca dantes navegados numa odisseia particular e individual, uma vez que a cada um cabe ser seu pr�prio her�i, ou anti-her�i, para criar as poss�veis consist�ncias, mesmo que imagin�rias, e dar conta de continuar.

O imagin�rio gruda no corpo a tal ponto que o pr�prio sujeito n�o � capaz de se distanciar para duvidar; para cogitar se h� verdade naquilo que pensa e acredita ser verdadeiro. Mas n�o existe verdade final a ser dita, apenas meias verdades e semidizeres, o que nos fazem correr atr�s do pr�prio rabo como fazem os c�es.

Estamos em busca de um absoluto inexistente, inconformados com o desamparo ligado � falta de certezas totais. Ainda bem que alguns conseguem duvidar das pr�prias verdades, pois aqueles que creem demais em suas fic��es particulares s�o paranoicos. Estes n�o duvidam, constatam.

Os que erram por a�, se equivocam, trope�am nas certezas e encontram o novo nas esquinas – deixando parte do que vivem sem sentido, sem explica��o, sem expectativas, talvez possam estar mais pr�ximos de alguma verdade.

Talvez ter menos certezas e mais perguntas nos leve a um caminho menos tortuoso. E possamos observar fatos. �s vezes, atos loucos, como, por exemplo, as a��es do homem sobre a natureza, de t�o agressivas e destrutivas esgotam os recursos naturais. A polui��o dos rios, o desmatamento, a polui��o nos asfixiar�o, retirando-nos o oxig�nio, fazendo proliferar v�rus e bact�rias anaer�bicas que dominar�o o planeta. O homem de tanto matar seu pr�prio habitat perecer� deixando o planeta para sobreviventes invis�veis. Provavelmente, o planeta, depois de nosso autoexterm�nio, se regenerar�, pois � capaz de se refazer. N�s n�o.

Certa vez, em passeio num lugar maravilhoso no Par� chamado Alter da Terra, �s margens do Rio Tapaj�s, um morador local relata sua teoria. O planeta tem imensa capacidade de se regenerar. Na Amaz�nia, alguns anos depois da Transamaz�nica, ela era intransit�vel em toda sua extens�o, pois enormes trechos foram devorados pela floresta. E sua manuten��o era cara e dif�cil. A floresta s� morrer� se eles insistirem muito e sem parar.

Aquela fic��o me tranquilizou por um tempo. Fiquei feliz e quis crer.  Durou pouco, sabemos que o homem n�o desiste f�cil. � ambicioso, vaidoso, quer poder para enfrentar sua impot�ncia e desamparo e se arma. Se acha superior aos animais, que s�o parte da natureza, dotados de instinto, portanto preparados para viver sem destru�-la, e toma deles a natureza. Os homens n�o baixam a crista. N�o escutam a Terra. Mas a for�a da Terra sobreviver� � nossa desraz�o. Quem sabe?

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