
Hoje a vida imita a arte, imita filmes de ataques interplanet�rios, com batalhas de vencer o invenc�vel, o invis�vel, que aqui, quando parece que enfraquece, se reaquece, renasce, recome�a e come�a e recome�a e vem de novo em ondas e s� o futuro nos responder�. At� ent�o tudo parece insanidade.
E n�o apenas o coronav�rus tem esta caracter�stica surrealista. As cadeiras de nossos minist�rios da Educa��o e Sa�de tamb�m. Tantos traseiros ali se assentaram sem aquecer a poltrona. Em tempo recorde, em plena crise sanit�ria, somente desqualificados concordam em se estabelecer na cadeira da Sa�de, o que significa ir na contram�o da ci�ncia ou cair fora.
Quem de bom senso e �ndole poder� concordar com o desmando e mando autorit�rio que vem de cima e ignora a l�gica, a ci�ncia, impondo-se na contram�o de tudo que � racionalmente obedecido no mundo?
Claro, h� aspectos preocupantes quanto � economia, ineg�veis, por�m escutei um argumento que espelha a preocupa��o geral e que justifica o que temos vivido neste abre e fecha: entre o CPF e o CNPJ, o que podemos escolher?
Entre a Bolsa de Valores e a vida, se tomados de assalto, o que fazer? Escolher a bolsa � perder a vida. Escolher a vida � ficar sem bolsa. E viver apesar da perda. Que cada um responda por si. Imposs�vel responder por todos.
Por�m, esta impossibilidade cabe aos governantes encarar j� que devem responder por todos os seus eleitores, por represent�-los, e a cada um por ter sido eleito, um enorme desafio. Bem disse Freud: governar � tarefa imposs�vel, assim como educar e psicanalisar...
O obscurantismo parece dominar. Cada dia recebemos indica��o de uma solu��o preventiva m�gica que promove uma corrida �s drogarias, esgota como fuma�a, depois de ter o pre�o dobrado, qui�� triplicado ou mais. Afirma o Dr. Samuel Vianney da Cunha Pereira, importante cl�nico e cardiologista de nossa cidade que: “Nenhuma ivermectina e cloroquina adianta, o que adianta � o isolamento social”.
De volta pra casa. E aqui estamos testando nossa paci�ncia e criatividade para nos suportar a n�s pr�prios e aos demais que ainda restam, felizmente, por perto para dar um consolo. Porque sem o olhar, sem outro corpo para nos passar suas vibra��es, a vida � des�rtica e deprimente. N�o que n�o sejamos s�s em n�s mesmos, e somos, mas o outro nos consola, nos suporta em certa medida.
E assim vivemos tempos dif�ceis. E n�o podemos evitar de ficar muito bravos com os que acima do bem o do mal ocuparam as ruas do Leblon como se nada estivesse acontecendo, sem nenhuma no��o do que seja solidariedade. Expuseram-se ao cont�gio de peito aberto, sem pensar na progress�o que isto possa significar aos demais.
E fica a pergunta que nunca se cala quando se trata do humano: por que n�o basta a informa��o para que as pessoas reajam como devem? Ou seja, todos sabem como contrair HIV, enfisema, cirrose, diabetes e, por fim, a bola da vez. o coronav�rus... E mesmo assim... continuam a desafiar o destino se expondo a servi�o da puls�o de morte, que tantas vezes vemos sapatear na cara das puls�es de vida.
Um fim tr�gico ou precoce poderia ser evitado, adiado, nos permitindo anos a mais, e muitas vit�rias, mesmo que, ao final, por sermos finitos, as primeiras ganhem a partida.