
Entraremos em 2021 nesta semana. Apesar de este ano ter sido muito dif�cil de atravessar, nossos votos s�o de que a vacina chegue e alcance muita gente, evitando que a situa��o deste ano se repita e pelo menos que o segundo semestre do ano que vem nos permita algum al�vio.
Este per�odo de priva��o nos ensinar� que as pequenas coisas do dia a dia s�o preciosas demais. Que ter uma vida normal j� � motivo de alegria.
Acredito que estamos todos saudosos de abra�os apertados, de poder sair sem m�scara sentindo o vento no rosto, respirando profundamente e apreciando fazer isso como nunca. Ser� quase a sensa��o de estar sem len�o sem documento, como queria Caetano.
Sair sem m�scara soar� como liberdade total, mesmo que saibamos dessa impossibilidade em tempos normais. O gostinho da liberdade, ainda que parcial, a liberdade poss�vel, far� o fim do isolamento ser valorizado como nunca. Esperamos que seja em breve.
Algumas pessoas acreditam que o mundo nunca mais ser� como antes, que o v�rus veio para ficar e outros vir�o. Tenho receio de que tenham raz�o. Pois caso vivamos sob o medo nos privando de tudo apenas para sobreviver, sem viajar, sair na rua, visitar e encontrar amigos, isso tornaria a vida miser�vel. Apenas sobreviver n�o basta.
Queremos mais, queremos a alegria, as realiza��es materiais, afetivas e sociais. Hoje, por exemplo, as pessoas solteiras est�o privadas de encontros, que se tornaram perigosos, e ter�o de esperar a situa��o mudar para seguir o curso natural da vida – no caso, encontrar algu�m.
Os mais velhos est�o impedidos de encontrar seus familiares, permanecendo em casa sozinhos. Assim tamb�m aqueles que t�m qualquer doen�a autoimune. Muito constrangedor estar vivendo apartados, nas beiradas da vida.
Nestes momentos dif�ceis em que uma realidade irrespir�vel se imp�e, precisamos construir suportes. Como bordas para contornar um buraco real de modo a n�o sucumbir e suportar a vida, que, a continuar assim, carece de sentido.
Estamos n�s envolvidos completamente nesta aldeia global numa nau sem rumo esperando a vacina que, pelo que se anuncia, tem contraindica��es, efeitos colaterais ainda desconhecidos e sem alternativas para negar o risco e n�o tom�-la. Como disse Rita Lee, estamos diante das coisas da vida e a gente n�o sabe se vai ou se fica.
Enfim, o que nos reserva o futuro nunca soubemos de antem�o, mas n�o � poss�vel recuar, s� nos resta andar em linhas tortuosas que o real nos oferta, esperando n�o cair num buraco sem fundo. E � assim, lutando contra as intemp�ries da natureza e as pestes que nos assolam, que – unidos – teremos chance.
A civiliza��o foi um grande feito. E agora, mais do que nunca, teremos de nos unir em um esfor�o comum para que toda a humanidade possa vencer a COVID-19.
Portanto, s� podemos apostar que 2021 traga luz, traga supera��o e traga a vacina, pois, mesmo pol�mica, � a �nica porta de sa�da deste triste momento que vivemos em 2020. Vai ano velho, que o tempo traga um ano novo de solidariedade, vit�ria e cura!!!