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Estado de Minas EM DIA COM A PSICAN�LISE

O imagin�rio nos leva a antecipa��o de sofrimentos que nunca se realizam

Mas n�o podemos descart�-lo, apenas cont�-lo quando excessivo. Ent�o, podemos dizer que o que pensamos a respeito de tudo � em parte cria��o


19/09/2021 04:00 - atualizado 19/09/2021 07:34

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Vivemos e entendemos o mundo e as pessoas a partir da compreens�o de nossas observa��es e, evidentemente, de acordo com o modo como os interpretamos. Ent�o, podemos dizer que o mundo e as pessoas s�o o que pensam ser ou o que pensamos sobre elas. Foi por tratar disso que gostei tanto do livro “A louca da casa”, de Rosa Montero (Harper Collins, 2016).

A realidade e nossa imagina��o n�o coincidem completamente, demonstrando por que as pessoas s�o diferentes. Por que filhos de uma mesma fam�lia t�m opini�es bem diferentes em rela��o � m�e, ao pai e sobre tudo mais. A realidade e o que faz dela nosso imagin�rio – podemos cham�-lo de nosso real particular – s�o coisas distintas, aproximam-se em alguns pontos e afastam-se em outros. O imagin�rio nos leva � antecipa��o de sofrimentos que nunca se realizam. Nos causa sofrimentos desnecess�rios mas n�o podemos descart�-lo, apenas cont�-lo quando excessivo.

Ent�o, podemos dizer que o que pensamos a respeito de tudo �, em parte, cria��o. N�o chega a ser um del�rio como o dos paranoicos e dos esquizofr�nicos, mas cada percep��o do mundo externo tem um dedinho de nossa singularidade. O mundo de cada sujeito, ent�o, � parcialmente compartilhado com os outros quanto aos fatos diversos e acontecimentos, indica��o de que mantemos os p�s no ch�o, e ao mesmo tempo � um romance particular. Isso escutamos nas sess�es de an�lise e nos permite perceber a posi��o daquele que fala, representado pelas palavras, que sempre dizem mais do que se fala.

Neste imagin�rio, as pessoas contam um conto e aumentam um ponto, se enganam, mentem para si mesmas e para o outro, negam o �bvio e acreditam no que lhes apraz, evitando ser contrariadas a cada vez que s�o interpeladas com fatos ou outras interpreta��es. E, �s vezes, fazem muito barulho por nada. S�o muitos mundos paralelos assim como quando lemos romances. Ao abrir um livro adentramos um mundo, uma cria��o de algu�m e n�o uma biografia.

A biografia � o relato de fatos e acontecimentos reais que envolvem a vida de algu�m. No romance, se � livre para imaginar, criar um ambiente, um mundo compartilhado com os que o leem. N�s, que n�o somos romancistas, tamb�m “escrevemos” nosso romance.

Romanceamos a fam�lia em nossas narra��es e como interpretamos o vivido com nosso plus imagin�rio, e issto d� consist�ncia e sentido para o nosso mundo. A narrativa, mesmo quando � subjetiva – uma conversa interna–, � uma arte primordial para os seres humanos e n�s inventamos nossas lembran�as conforme as sentimos. Com uma visada contaminada com o afeto. O olhar do outro, nosso cuidador, nos afeta e � bastante influente na nossa constitui��o, seu desejo � a matriz do nosso. Herdamos dele o desejo e, com o nosso imagin�rio, compomos a nossa pr�pria hist�ria. Assim a nossa identidade � constru�da. Urdida em torno de um n�cleo do outro, que faz parte de n�s.

Com isso vamos vivendo. Cada um com sua fic��o e vers�o. Vamos versando pela vida nossas tramas e amarra��es, que, de fato, dependem da nossa mem�ria, do que imaginamos e de como interpretamos esta conjun��o, e forjamos uma hist�ria sobre o que somos e de onde viemos.

Por isso, amamos escritores, poetas e artistas que fazem de seu of�cio a express�o de sua liberdade de ver o mundo, seu afeto, sua linguagem e, quando apreciamos suas obras, alguma coisa ressoa em n�s. Algo que nos toca em pontos sens�veis de identifica��o com o artista sem saber exatamente o qu�. Talvez porque o afeto nos afeta...

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