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Estado de Minas EM DIA COM A PSICAN�LISE

S� Jesus amou sabendo. N�s amamos na ignor�ncia

Amamos quem pensamos que o outro seja, amamos nossas proje��es sobre ele e elas s�o tomadas como verdade inquestion�vel


03/04/2022 04:00 - atualizado 03/04/2022 02:29

Ilustração mostra homem com tesoura na testa, marcando seus olhos como óculos

� �bvio que tudo o que acontece entre uma pessoa e outra passa pela linguagem. Sem ela, nada come�a, nada tem in�cio. Ou continua. N�o existe rela��o sen�o intermediada pela palavra e at� mesmo o corpo est� submetido � linguagem de tal maneira que nem saber�amos avaliar precisamente por ser algo sutil. Algo que n�o � uma coisa que pensamos enquanto vivemos, mas � �bvio quando pensamos nos efeitos das palavras sobre n�s.

Da mesma forma, sabemos que para nos relacionarmos � preciso de dois e, quando convivemos demais, queremos nos reduzir e viver com o outro como se f�ssemos um. E isso mata qualquer rela��o, primeiro porque anula um dos dois, segundo porque em nenhum caso dois corpos podem fazer um, por mais que se apertem. Nem que se abracem muito forte.

N�o se pode apertar t�o forte que o outro morra disso, n�o h� nenhuma esp�cie de redu��o ao um. Se h� algo que faz um � no sentido de um elemento, qu�mico, por exemplo, e tem a ver com a morte, porque, ap�s a fus�o, os dois se fizeram outro, um terceiro. Cada um deixou de ser.

Por incr�vel que pare�a, continuamos insistindo em fazer uma fus�o; uma confus�o � o que resta desta opera��o que frequentemente vemos no casal “neuras”.

Aquele em que todo desejo ser� castigado com uma censura e a desaprova��o ciumenta de quem cobra do outro, que toda alegria deve ser restrita. S� se pode ter prazer, alegria e amizades compartilhadas, e nada que v� al�m do c�rculo permitido pode ser transposto.

A censura, a proibi��o, o aprisionamento estimulam a fantasia de que para al�m do cerco existe o para�so... esperando... E nem sempre � verdadeira esta fantasia, ali�s, quase nunca, pois para�so por aqui n�o haveremos de encontrar.

A n�o ser quando apaixonados, pois neste caso estamos deliciosamente loucos para acreditarmos que encontramos nosso n�mero. At� que realidade desminta este estado delirante, vamos amar desesperadamente. Acordar � que s�o elas.

Disse o Padre Vieira, em 1500 e l� vai pedrinha, que s� Jesus amou sabendo. N�s amamos na ignor�ncia. Amamos quem pensamos que o outro seja, amamos nossas proje��es sobre ele e elas s�o tomadas como verdade inquestion�vel. Jesus sabia que Pedro ia neg�-lo e que Judas ia tra�-lo. Tentou alertar os amigos, mas nada impediu a verdade de aparecer logo ali na frente.

Assim � aqui nessas nossas gal�xias que desejamos a alegria de viver, e a boa companhia das pessoas que amamos � fundamental para que estejamos na escuta do nosso desejo: do que somos, do que � o outro. Isso nos faz boa companhia para quem quer que seja, pois estaremos contentes sem ressentimentos e m�goas ou sem nos diminuir diante de quem quer que seja. E n�o queremos que o outro ceda, mude, nem faremos aquela perguntinha capciosa: o qu� que custa?

� muito ruim se esconder, n�o se assumir por medo de perder o amor do outro. Ficar abrindo m�o de si para ser amado � comum, mas nada saud�vel. As opini�es estar�o sempre circulando e s�o importantes, bem-vindas �s construtivas. Escutar e poder saber se virar com elas, fazer o melhor � �timo.

Mas as censuras tamb�m pairam sobre n�s como nuvens negras. N�o s� as alheias, mas principalmente as nossas, seguramente muito mais c�usticas. E s� nos fazem sentir culpa e a culpa n�o serve para nada. Seu objetivo � nosso masoquismo. Nos fazer sofrer n�o resolve nada. S� pesa nosso astral.

Ela vem dos ressentidos e recalcados, provavelmente dos autorit�rios, os poucos democr�ticos. Ent�o, como disse Lulu Santos no festival Lollapalooza: “Cala boca j� morreu. Quem manda na minha boca sou eu”. Censura nunca mais!!!

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