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Estado de Minas REGINA TEIXEIRA DA COSTA

33 milh�es de brasileiros passam fome. Devemos chorar e agir

Sabendo-se que n�o se pode esperar tudo do governo, seria melhor que cada um fizesse o seu poss�vel. Uma gota no oceano salva o outro que tem fome


26/06/2022 04:00 - atualizado 25/06/2022 00:11

Ilustração do Quinho sobre a fome no Brasil

Este n�mero, lan�ado na m�dia insistentemente, expressa o volume de pessoas passando fome no Brasil hoje. Escutando o programa da CBN das 7h, uma jornalista entrevistava uma senhora. Dona Janete sustenta sua fam�lia catando latinhas na rua, mas nem sempre a sorte lhe favorece. Foi o que aconteceu no �ltimo domingo (19/6).

Por n�o ter recolhido tantas latinhas, n�o p�de alimentar sua fam�lia e, durante a entrevista, caiu no pranto, levando a jornalista a chorar com ela,  no ar,  durante a reportagem. Todos n�s, brasileiros, dever�amos chorar tamb�m, porque nosso pa�s tem muita gente com fome.

Comentava o programa o ilustre professor Cortella, de intelig�ncia rara, lembrando-se do Betinho, que dizia: “Quem tem fome, tem pressa”. Ele falou sobre a nega��o e a aliena��o em que vivemos nosso cotidiano.

O professor lembrava aos brasileiros, anestesiados diante dessa calamidade, que n�o se pode esperar tudo do governo. Cada um deveria se implicar com a realidade e trabalhar em favor desses desabrigados – se solidarizando e ajudando esta popula��o carente. Est�o, muitos deles, nas cal�adas de nossas cidades.

Acrescentou ainda uma coisa muito interessante e que nos interessa, porque na psican�lise trabalhamos diariamente com desejo, as defesas, com tudo aquilo que se refere � vida humana, aos sentimentos e � subjetividade. E a nega��o do �bvio � uma coisa muito mais frequente do que se admite.

Talvez fa�amos assim como defesa para suportar a dureza deste real. Para levantar e ir trabalhar todos os dias sabendo que tantos n�o t�m nem para onde ir – e caso esteja isso presente o tempo todo no nosso pensamento, talvez ca�ssemos tamb�m no pranto como a jornalista.

Nem tanto ao mar nem tanto ao c�u, negar ou chorar d� no mesmo, o que resolve s�o nossos atos. Estes, sim, interferem na realidade. Um bom prato de comida pode sanar pelo menos imediatamente aquele que n�o tem nada na mesa – e diante dessa situa��o, sabendo-se que n�o se pode esperar tudo do governo, seria melhor que cada um fizesse o seu poss�vel. Talvez seja uma gota no oceano, mas salva o outro que tem fome, necessidade que � uma urg�ncia que n�o pode esperar.

Me lembrei do quanto sofri quando li o livro “Quarto de despejo – Di�rio de uma favelada”  de Carolina Maria de Jesus, lan�ado pela �tica em 2014. Ela narra no di�rio, as vezes nem papel tinha para escrever, sua vida na favela. Costumes dos moradores, a mis�ria, a viol�ncia e, sobretudo, o abandono.

Viveu como catadora de papel, m�e solteira de tr�s filhos, a amarga realidade de uma mulher nos anos 1950 que s� p�de ir at� o segundo ano do ensino fundamental. Ela representa tantas outras mulheres que vivem esta realidade ainda hoje e a dificuldade de conseguir comida. A escrita foi um grande alento. Seu livro foi traduzido para 13 l�nguas.

Este livro nos faz pensar: mais do que morrer de fome, se morre de abandono no nosso pa�s. A atualidade do livro o levou a se tornar, pelo peso da verdade que sustenta, um best-seller no Brasil e no exterior. � como se retratasse o agora... ainda...

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