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Estado de Minas REGINA TEIXEIRA DA COSTA

O inconsciente, a psican�lise e o voto

A bipolaridade a que assistimos no Brasil, causando disc�rdia e discuss�es acirradas, � demonstra��o da nossa incapacidade de realmente viver a democracia


04/09/2022 04:00 - atualizado 03/09/2022 02:36

Ilustração mostra terreno com cerca de arame farpado

A psican�lise tem como objeto de interesse o inconsciente. Somos dotados de um inconsciente, que � o que h� de mais particular de cada um e, al�m disso, � como um desconhecido que habita em n�s. N�o nos conhecemos completamente.

Nosso inconsciente � formado a partir de um outro e do que interpretamos sobre tudo que vivemos. E ele funciona de modo que n�o percebemos, a menos que estejamos atentos para percep��es sutis, sintomas, atos falhos, lapsos, sonhos e seu significado. Ele � fora da consci�ncia, mas funciona que � uma beleza, por mais �ntimo e �xtimo que seja, vem do campo social.

Do Outro, com mai�scula. Daquele que nos acolhe e educa, e nos transmite a capacidade de desejar. Somos herdeiros de seu desejo e, por isso, o desejo sempre � desejo deste Outro em n�s. N�s temos tra�os do Outro, percebidos nos trejeitos, na voz, naquilo que somos parecidos.

Se herdamos nosso desejo do Outro, nosso mais primitivo cuidador, dele tamb�m recebemos a linguagem e ela nos insere no coletivo social, na cultura. Entramos no la�o social pela via da linguagem.

A psican�lise � nada menos que uma �tica que se interessa pela pol�tica do inconsciente do sujeito. O campo da pol�tica, esta pol�tica que fervilha nestes dias pr�-elei��es e � o que mais escutamos ao ligar r�dios e TVS e em qualquer grupo que participamos.

Em “67”, Lacan prop�s dois novos termos: psican�lise em intens�o e psican�lise em extens�o. A leitura destes foi, por vezes, realizada numa l�gica de separa��o, de oposi��o. Freud sustentava que “toda psicologia individual �, ao mesmo tempo e desde um princ�pio, psicologia social”. Assim, j� no seu come�o, a psican�lise rompeu a fronteira estabelecida entre indiv�duo e sociedade.

Tema de in�meros debates, a afirma��o continua ecoando nos espa�os de trabalho institucionais e diversos interessados como guia de leitura. A psican�lise sempre foi foco de pol�micas e tens�es nas pautas das leituras do social.

� acusada de ser uma pr�tica burguesa e individualista. Entretanto, s�o in�meros os psicanalistas inseridos em organiza��es que sustentam sua pr�tica na �tica psicanal�tica, rompendo com o pensamento dualista e dicot�mico do mundo. Uma das contribui��es fundamentais da psican�lise � ser aberta e, por isso mesmo, sem inten��es de dar conta de todas as possibilidades anal�ticas do campo social e institucional. � justamente nesse ponto de abertura que toca outros campos do conhecimento.

A psican�lise em extens�o presentifica a psican�lise no mundo. Seja como conhecimento e campo de pesquisa na universidade, como pesquisa, interven��o em diferentes �mbitos do la�o social, como nas institui��es, em equipes de trabalho, na pol�tica, em comunidades e nos la�os conjugais e familiares.

Se o inconsciente � o discurso do Outro, a pol�tica est� obrigatoriamente articulada ao la�o social que se produz e se orienta no discurso, precede e acolhe o sujeito e seu gozo e sintomas.

Por tudo isso, a psican�lise se interessa pelo destino de nossa comunidade atrav�s do voto com a certeza de que nossas escolhas influenciar�o definitivamente o destino do nosso mundo e dos homens. A psican�lise � pacifista, aceita m�ltiplas verdades e trabalha para que diferen�as possam coexistir e se dar as m�os pela vida.

A bipolaridade que assistimos atualmente no Brasil, causando disc�rdia e discuss�es acirradas entre amigos, irm�os, � uma demonstra��o da nossa incapacidade de realmente viver a democracia, que consiste basicamente no respeito �s diferen�as, liberdade de express�o e escolha. 

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