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Estado de Minas EM DIA COM A PSICAN�LISE

Bolsonarista x petista: um crime que nos ensina sobre subjetividade humana

N�o se pode mais aceitar o outro por pensar diferente. Deve ser exterminado. E assim provocou o lament�vel epis�dio


17/07/2022 04:00 - atualizado 16/07/2022 10:54

Ilustração da coluna em dia com a psicanálise mostra vulto de homem apontando arma

O tr�gico epis�dio que tirou a vida de duas pessoas, uma que comemorava seu anivers�rio e outra que para l� se dirigiu para realizar um ato de �dio pela diferen�a, merece aten��o, tanto por tratar-se de ser um ano eleitoral quanto pelo que nos ensina sobre subjetividade humana.

A primeira hip�tese era a que todos temiam: a radicaliza��o da disputa pol�tica. Opto por desenvolver a subjetiva. Os animais t�m instintos que os conduzem e n�s, ao adquirir a linguagem, perdemos a condi��o natural e atravessamos para a cultura. Assim sendo, somos dotados n�o mais de instintos, mas de puls�es. Puls�es de vida e morte.

As duas t�m a mesma origem. Nascemos e nos humanizamos, uma vez que nossas satisfa��es dependem de outrem por muitos anos e do outro tamb�m assimilamos a linguagem. Com ela, e a partir dela, assumimos as regras morais da cultura e seus ideais, sacrificando parte de nossas puls�es primitivas.

As puls�es de vida dizem respeito ao movimento, ao desejo e a tudo aquilo que nos leva em dire��o �s realiza��es, rela��es e ao trabalho humano de constru��o, inven��o, descobertas. As segundas – as puls�es de morte – s�o as do desejo de retornar ao inanimado, � odiosidade, que levam o homem a disputas e guerras, � negatividade.

As duas est�o presentes em todos n�s em diferentes propor��es, por�m fusionadas, amalgamadas, e assim podemos desfrutar de uma e outra sem grandes preju�zos. � uma temperando a outra. Precisamos dormir, mas tamb�m acordar! Descansar e trabalhar.

O problema se d� quando ocorre a desfus�o das puls�es, quando se separam. O resultado � tr�gico. Perdemos o equil�brio, a temperan�a e nos jogamos a paix�es extremas. Podemos chegar a crises de excita��o e mania incontrol�veis, e tamb�m ao que assistimos na �ltima semana: ao auge da odiosidade, ao ataque e assassinato.

O �dio sem a media��o de uma lei que impe�a o gozo feroz e cruel de um sobre o outro torna-se incontrol�vel. E quando o homem n�o � impedido pela lei, quando ele sabe dela, por�m faz mesmo assim, ele quebra o pacto legal que sustenta os la�os sociais e permitem a conviv�ncia na cultura.

Ele � capaz de romper as barreiras da �tica e da moral que fazem parte dos ideais da cultura, perde o respeito pelos bons costumes, pelo que o contraria. Se enfurece e descarrilha feito trem-bala.

O diferente que fere seu narcisismo – “Narciso acha feio o que n�o � espelho” – e p�e-se a trabalhar pela aniquila��o no mundo, daquilo que n�o � si pr�prio. Ora, Narciso morreu por paix�o a si pr�prio. Um amor louco que o petrificou � beira de um lago. Apaixonou-se por sua imagem.

Vimos a� puls�o de vida sobrepujada pela de morte. O extremo da paix�o � tamb�m express�o da puls�o de morte, sem possibilidade de razoabilidade alguma. Ficamos passionais e j� n�o pensamos.

Assim, a puls�o de morte sobrepujou a de vida. A servi�o da paix�o, amor e �dio s�o dois polos do mesmo. N�o se pode mais aceitar o outro por pensar diferente. Deve ser exterminado. E assim provocou o lament�vel epis�dio. E muitos outros de feminic�dio, por exemplo, suic�dio e esse.

S� nos resta lamentar que nos tornemos joguetes das for�as que nos impelem quando a �tica e a lei faltam em sua fun��o de nos submeter a limites imprescind�veis, os quais n�o podemos ignorar. 

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