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Estado de Minas EM DIA COM A PSICAN�LISE

Que futuro est� reservado � menina de 11 anos v�tima de estupro?

O futuro de cada crian�a depende daquilo que viveu e das marcas que foram deixadas pelos respons�veis por ela, sejam os pais ou n�o


03/07/2022 04:00 - atualizado 03/07/2022 08:50

 Ilustração mostra menino segurando um balão com a forma do planeta Terra
(foto: ARTE/EM)

A peti��o pelo afastamento da ju�za Joana Ribeiro Zimmer proposta pelo coletivojuntas.com.br correu nas redes sociais e comoveu a sociedade. Eles militam em defesa da menina estuprada, a quem a ju�za negou o direito ao aborto, colocando em risco –  com uma gravidez precoce –  a vida da crian�a de 11 anos.

A ju�za negou o direito legal ao aborto seguro e a colocou no abrigo para proteg�-la do agressor e para que n�o fizesse o procedimento. Outra viol�ncia psicol�gica, perpetuar o dilema, al�m da que j� havia sofrido a pequena.

Existe no Brasil o Estatuto da Magistratura e a Lei Mari Ferrer, que resguarda a v�tima de viol�ncia sexual no processo judicial e permite o aborto nestes casos. A lei � justa e, por isso, foi criada.

Afinal, houve interven��o da Justi�a de Santa Catarina e o procedimento foi autorizado. Mas, como corre em sigilo por tratar-se de menor, n�s nem dever�amos estar a par disso e j� sabemos at� demais. N�o era para circular na m�dia uma situa��o t�o tr�gica expondo a crian�a. A fam�lia precisa de ajuda. Felizmente, encontra-se viva, mas que futuro est� reservado para esta menina?

Este crime nos remete a muitos outros que, infelizmente, ocorrem e nos deixam chocados com a pervers�o, a crueldade com que muitas vezes nos deparamos. N�o somos ing�nuos e atos de crueldade sempre existiram na hist�ria da humanidade, quando o processo cultura e os ideais da cultura n�o alcan�aram em alguns a assimila��o necess�ria para viver em sociedade.

Me lembrei de muitos casos: atiradas pela janela, espancadas por um padrasto ou pelos pr�prios pais, abandonadas pela m�e, amarrados nas cadeirinhas na creche e muitos outros que nem quero citar.

A crian�a � vulner�vel, nasce e cresce sob cuidados de terceiros e, durante muitos anos, depende dos adultos, nem sempre os que a trouxeram ao mundo, mas este � outro assunto que deixo para depois. Sejam quais forem os respons�veis ou irrespons�veis, o futuro delas depende daquilo que viveram e das marcas que foram deixadas.

Na conviv�ncia em fam�lia, um romance se desenrola diante de cada um de n�s. Os acontecimentos s�o interpretados pela crian�a � luz do seu entendimento e o imagin�rio trata de completar as lacunas para dar certa l�gica ao que vivemos. E assim o que interpreta a crian�a sobre o que vive nem sempre corresponde aos fatos.

E essa l�gica, sempre ligada �s fantasias infantis, � o registro que fica. � a verdade que norteia sua exist�ncia e que ela repete em sua vida. A crian�a superprotegida aprender� que assim � porque o mundo � perigoso demais e poder� temer a socializa��o que est� fora do �mbito familiar. A crian�a que sofreu viol�ncia e humilha��o poder� encontrar grandes apuros no futuro para encarar a vida adulta. A crian�a envolvida pelo casal parental em sua vida de casal ter� fantasias que a inibir�o na vida sexual futura, e por a� vai. N�o h� resposta padr�o, porque cada um vai entender a seu modo e se fixar numa posi��o ps�quica que ser� consequ�ncia do que fixou como sua verdade familiar.

Da fic��o infantil sobre o romance familiar, vem o adulto. Nenhum � igual ao outro, cada um � �nico e, diferentemente da l�gica capitalista que apregoa que ningu�m � insubstitu�vel, n�s da psican�lise pensamos que todos somos insubstitu�veis, o que um sujeito diz nenhum outro dir� como ele, sentir� como ele. Somos �nicos e cada crian�a nascida ser� adulto do futuro e ser�, em parte, respons�vel pelo futuro da humanidade.

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