
V�rios epis�dios ocorridos recentemente s� refor�am a ideia de quanto � dif�cil mudar paradigmas e preconceitos enraizados na cultura. Como a educa��o � dif�cil de sedimentar em cada um. Como se resiste, sem perceber, � mudan�a de comportamento, entendimento, conservando ideias ultrapassadas ativas.
Embora estejamos constantemente tentando nos educar, e a nossos filhos, procurando vencer pensamentos e maneiras de ser arcaicos, que devemos ultrapassar. Sentimos que sem aten��o e cuidado, vem em n�s algo da viol�ncia ou antissocial. Acredito que tal rigidez em n�s se deve a algo estrutural, para al�m do racional, por isso t�o dif�cil mudar. Mas � poss�vel conter, e urge!
S�o muitos os exemplos. Manifesta��es de racismo contra jogadores de futebol, como em Val�ncia na Espanha, se mostram inalterados. O preconceito inalterado, apesar de tantas campanhas e das leis que criminalizam o racismo, que ainda ecoa a c�u aberto e sem constrangimentos.
A forma como dois policiais amarraram um infrator preto com cordas pelos p�s e m�os e o carregaram pela blusa, como nas senzalas vergonhosas, ainda obrigando testemunhas a acompanh�-los � delegacia, por bem ou por mal. Um horror.
Que tipo de preparo tiveram esses policiais? Est�o em tempos coloniais ou s�o homens das cavernas? Despreparados para vestir a farda, envergonham a corpora��o a que pertencem. Falta de respeito total pelo ser humano. Tantas campanhas contra a viol�ncia e nada. O mesmo contra as mulheres, o feminic�dio continua com altos �ndices de ocorr�ncia, tudo como antes.
Embora a Amaz�nia seja a maior floresta tropical do planeta, e sejamos n�s seus cuidadores, respons�veis legais por sua prote��o, a depreda��o continua, apoiada por interesses financeiros criminosos de gente bem esclarecida, que sabe o que est� fazendo e mesmo assim o faz.
De fato, a pervers�o � uma das estruturas cl�nicas que estudamos na psican�lise e se define por um mecanismo que chamamos denega��o. � diferente da nega��o que correntemente n�s praticamos, afirmando que n�o � o que �, de forma inconsciente.
Na denega��o, a pessoa sabe que o que est� fazendo � ilegal, errado, mas, mesmo assim, o faz. N�o h� limites ou pudor, s�o pessoas obscenas, e os perversos s�o assim. A denega��o � consciente, � regida pela vontade de gozo, da puls�o de morte, como valor e ganho maior. Chamamos gozo qualquer excesso, tipo gan�ncia, avareza, crueldade, sadismo, masoquismo, etc...
Todo dia � isso que a m�dia nos mostra, e � estrutural. Os ideais da cultura falham, a educa��o n�o cola. Sem outro que legisle, d� limite com amor e firmeza, nenhuma educa��o poder� colar. A puls�o n�o sofre altera��o necess�ria ao conv�vio coletivo, segue inalterada e antissocial.
Chamamos este operador de “nomes-do-pai” (pode ser exercido pela m�e, av�, escola, etc.). Quando falham os ideais da cultura, ou s�o negativos, a humanidade se mant�m na barb�rie, rebelde a qualquer limitador. E todo cuidado � pouco, porque tra�os perversos, muitas vezes apontados no outro, agem dentro de cada um de n�s.