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Estado de Minas EM DIA COM A PSICAN�LISE

Agressividade n�o � sempre a grande vil�. Mas qual � o seu limite?

Comportamento emocional cumpre importante papel quando canalizado para nossa produtividade, para a sustenta��o e a realiza��o dos desejos


03/09/2023 04:00 - atualizado 02/09/2023 01:16
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Ilustração mostra homem demonstrando ser agressivo e estar com raiva
(foto: Pixabay/Reprodu��o)

O homem � capaz de atitudes bipolares. Ele sonha com a lua, inclusive em agosto tivemos duas luas cheias. Tem prazer ao admirar a natureza. Viaja para recantos do planeta incrivelmente lindos, e isso traz alegria e contentamento. Igualmente � capaz de agressividade desmedida que provoca guerras, destrui��o de outras etnias, devasta��o do solo, das �guas e do pr�prio ar que respira.

Ele � capaz de matar por ter sido contrariado, tra�do, enganado. E capaz de se apaixonar pelo que � belo e se emocionar com a arte. Pode chegar ao topo de uma carreira de sucesso e despencar de l� por ter, ele pr�prio, provocado sua derrocada, sabotando-se por saber que se julga inconscientemente sem merecimento.

Ent�o, devemos cuidar de nos observar com certa dist�ncia e alguma desconfian�a, porque, motivados por paix�es frequentemente desconhecidas, ficamos cegos e produzimos excessos.

A agressividade humana, sabemos, � capaz de surgir desencadeada por cobi�a, odiosidade, rivalidade, at� por sugest�es amigas de algu�m, afetando tudo na vida – de modo que se perdem oportunidades importantes porque se est� preso, encolhido em um narcisismo r�gido, � adora��o do pr�prio ego, claro, sempre negada, a ponto de nada mais ser �bvio. Torna o sujeito um sem no��o, um verdadeiro babaca.

Mas a agressividade n�o � sempre a grande vil�. Ela cumpre um importante papel quando canalizada para nossa produtividade, para a sustenta��o e realiza��o dos desejos.  Nos habilita a levantar todos os dias para continuarmos a luta pela sobreviv�ncia, pela vida. Para esses atos do cotidiano, uma certa agressividade, como for�a motriz, � componente imprescind�vel.

Mas qual seria o limite? Qual seria o limiar entre seus servi�os em favor da vida e at� onde pode nos levar � destrui��o? Dizia Freud que tudo o que coopera com a grandeza da civiliza��o seria da ordem da puls�o de vida, e o que devasta, destr�i e corrompe viria de seu oposto, a puls�o de morte.

A vida � um processo de resolu��o em andamento. E para tanto precisamos de energia: libido. Ela � como um l�quido que vertemos de um jarro para outro, conforme nossos investimentos. Ora, contamos com uma boa reserva, mas quando interessados por algu�m ou algo, por exemplo, quando apaixonados, vertemos a reserva para este alvo, e ficamos esvaziados a ponto de perder as for�as quando o outro vai embora, levando todo o nosso interesse com ele.

S�o as puls�es que nos movem para saciar as necessidades e realizar desejos.  E delas vem a energia. As puls�es de vida e morte andam de m�os dadas, abra�adas e, bem misturadas, fazem as tend�ncias mais equilibradas.  Quando se separam uma da outra, � desastroso, levando � depress�o e  morte ou a crises de excita��o e mania, igualmente destrutivas.

Ema tudo o que fazemos na vida elas est�o envolvidas, s�o a for�a motriz. A agressividade � tamb�m for�a importante a servi�o das puls�es. Para trabalhar e realizar tarefas que exigem esfor�o. A puls�o de vida representada pelos sentimentos positivos e construtivos pode dar lugar � puls�o de morte, antissocial, pois inclui tudo que vai contra os interesses da civiliza��o e das rela��es entre os homens.

O tratamento pela psican�lise desperta todas as e mo��es do paciente, inclusive as hostis, aproveitadas para fins de an�lise. Elas tamb�m s�o respons�veis pela resist�ncia ao trabalho anal�tico, como a transfer�ncia negativa durante o tratamento que seria respons�vel – at� certo ponto ou at� totalmente – pela paralisa��o e ou interrup��o da an�lise, alcan�ando um fracasso constru�do, frequentemente atribu�do ao analista. Ossos do of�cio.  Saber de tudo isso nos instrumentaliza para dimensionar a import�ncia com que a agressividade participa das condi��es que promovem, viabilizam e sustentam o tratamento.

Como escreveu Dostoi�vski em “Os irm�os Karamazov”, “em todo homem habita um dem�nio oculto: o dem�nio da c�lera, o dem�nio do prazer voluptuoso frente aos gritos da v�tima torturada, o dem�nio da lux�ria sem peias.” Tamb�m se encontra presente nos atos masoquistas, quando a agressividade estaria voltada contra o pr�prio eu do sujeito.

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