
Explica-se o negacionismo como a escolha de negar a realidade para tentar escapar de uma verdade desconfort�vel. Trata-se da recusa em aceitar um fato facilmente verific�vel. N�o se pode classificar o negacionismo como uma doen�a, mas, em casos extremos, pode - e deve-se investigar a fundo as causas e raz�es para tal comportamento.
O c�rebro humano opera por caminhos ainda muito desconhecidos, ainda que a medicina tenha, hoje, mais conhecimento do que em qualquer outra �poca da humanidade. �reas como psicologia, neuroci�ncia, psiquiatria e afins evolu�ram de forma espantosa, � verdade, mas ainda h� muitos mist�rios a decifrar e muitas condi��es a explicar.
Uma certa dose de negacionismo n�o � s� aceit�vel, mas fundamental no dia a dia, pois nos mant�m otimistas, esperan�osos e, por que n�o?, calmos. Imagine o amigo leitor, a amiga leitora, nossa rela��o com a morte. Ou melhor, com o dia dela. � mais confort�vel negar que pode ocorrer hoje, amanh� ou semana que vem.
O ser humano usa a nega��o como uma esp�cie de escudo protetor. Fumar ou comer gordura em excesso � sabidamente prejudicial. Mas negamos essa possibilidade ao imaginar que s� os outros ficam doentes. Viciados s�o os maiores exemplos de negacionistas. Juram, de p�s juntos, que largar�o o v�cio quando quiserem.
Vivemos dias muito, digamos, peculiares, nestes �ltimos anos. Uma boa parte das pessoas, no Brasil e no mundo, tornou-se negacionista por profiss�o. Negam que a Terra � redonda, que vacinas impedem doen�as, que o coronav�rus mata, que as torres g�meas ca�ram e que, hahaha, Donald Trump perdeu a elei��o.
As redes sociais, sem a menor d�vida, t�m uma culpa danada nessa hist�ria toda. Por causa da visibilidade e velocidade com que as “news” e “fake news” circulam, muitas pessoas -- pregui�osas ou sem muito tempo -- correm os olhos em manchetes e logo formam suas cren�as e certezas. Pior, as compartilham sem d� nem piedade.
Tomem como exemplo a COVID-19: por que raios tanta gente, ao redor do mundo, como o nosso Capit�o Cloroquina, insiste em minimizar o v�rus? Ou por que tanta gente n�o acredita nos n�meros de doentes e mortos? Por que tanta gente garante que a imprensa mente quando divulga imagens de hospitais lotados?
Por certo, � mais c�modo, emocionalmente falando, acreditarem no que querem, deixando de acreditar no que n�o querem. Eu, por exemplo, poderia acreditar que, durante a quarentena, por um motivo qualquer minhas roupas encolheram, e negar peremptoriamente que tivesse engordado. Boa essa, n�o?
O negacionismo da hora vem dos lun�ticos americanos -- e seus pares brasucas -- que n�o aceitam a derrota do buf�o alaranjado Donald Trump. Os minions de l�, liderados pelo seu-chefe-mandou, n�o reconhecem a derrota. Dizem que “o resultado oficial ainda n�o saiu”. Por aqui, os papagaios repetem: “u�, j� foi declarado um vencedor”?
Trump sabe que perdeu, mas recusa-se a aceitar a derrota. Deve mesmo ser dif�cil deixar a Casa Branca e todas as mordox do cargo. Da�, investe em mil teorias da conspira��o como forma de ganhar tempo e, talvez, preparar o esp�rito para a realidade. Imaginem, ent�o, a barra da pobre Melania: ter que aguentar o coiso americano a seco.
Por aqui, o amig�o do Queiroz e sua seita apenas repetem o padr�o. Inclusive, j� disseram que se negam a reconhecer Joe Biden como o presidente dos EUA. Putz! Fico pensando: quantas caixas de Rivotril o democrata ter� de tomar, para n�o perder o sono, tamanha sua preocupa��o conosco? Ajuda a�, Bruno Engler! O cara � v�inho, p�.
Mas nem tudo est� perdido. Parte do Brasil ainda tem salva��o. H� uma multid�o de nove milh�es de cr�dulos obstinados. Gente que, diante da iminente derrota e profunda dor, respira fundo e tira d’alma um poderoso mantra: “eu acredito”! Da�, quando abre os olhos… � campe�o! Quem n�o entendeu, d� uma pesquisada na express�o.
Ali�s, t� aqui pensando: em verdade, o atleticano n�o � um cr�dulo otimista. � um baita negacionista, isso sim. Tanto se recusou a enxergar a verdade, que acabou alterando a realidade e reescreveu a hist�ria. � s�rio! Agora entendi Donald Trump e Jair Bolsonaro. Vou ensinar para eles: eu… a-cre-di-t����! Brincadeira. Vou nada. Vai que funciona.