
Ficar velho � uma merda. S� n�o � pior que a alternativa. Em plena v�spera de feriado, ir � balada, hoje, � sin�nimo de Uber-pai. Sim, ap�s os 50 e com filha adolescente, motorista � o que me restou ser na boemia do s�culo XXI.
Mas pior mesmo � ser confundido com o tio de algu�m, afinal, agora todos me chamam de tio. Fora ter que fazer carreto-lota��o de madrugada. P�, essa molecada poderia ao menos morar um do lado do outro, n�? Me ajuda a�.
Uma chuva do inferno e me bate aquela vontade doida de um podr�o. Corro para o Komil�o mais pr�ximo e me deparo com o Marcelo, antigo companheiro de Mineir�o, que n�o via h� d�cadas. Caraca, o sujeito t� um lixo!
Homens x mulheres
Voc�s conhecem a piada, n�? Duas amigas que n�o se viam h� anos, se encontram na rua e conversam um pouco. Ao despedirem-se, saem caminhando e pensando: 'Nossa, como � que ela pode estar t�o velha assim?'.
O ir�nico - e por isso piada! - � que durante o breve encontro, s� elogios m�tuos: 'Voc� est� linda, n�o mudou nada'. J� antigos amigos, quando se encontram, em menos de um minuto j� cometeram todos os bullyings poss�veis: 'Rapaz, voc� t� um caco! Que barriga � essa? Taqueopariu, quando eu ficar v�io n�o quero ficar assim, n�o'. Da�, quando se despedem, saem pensando: 'Puta cara legal esse; tomara que o veja novamente; que bom esse papo'.
Galo, Galo e tome choro
Bom, eu nem preciso falar que o assunto foi Atl�tico, do primeiro ao nonag�simo minuto de prosa, mais os acr�scimos. E, claro, do primeiro abra�o ao da despedida, as l�grimas n�o pararam de rolar. Pobres sandubas.
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Lembramos de muita coisa e de muitos jogos. Lembramos da semifinal de 83, e a gente em S�o Paulo, contra o Santos; dos jogos da Copa Uni�o, no Rio e em BH; da derrota em 1996, para a Portuguesa, no Mineir�o.
Ali�s, foi o �ltimo jogo a que assistimos juntos. Dali em diante nossas vidas tomaram rumos distintos. Ele se casou e mudou-se de Belo Horizonte. Eu me mudei para S�o Paulo. Vejam voc�s: o que o Galo une, os homens n�o separam.
Bicampe�o outra vez?
Comemos e choramos, choramos e comemos. � incr�vel, mas �s vezes parece que todos os atleticanos s�o iguais. Uma esp�cie de Dolly alvinegra. O que um sente, o outro sente. O que um pensa, o outro pensa. Clone maior, imposs�vel.
Fizemos nossas apostas. Jogo de ida contra o ex-xar� paranaense: ele cr� em 2x1. Eu, em 3x0; ou 4x1. Jogo de volta: ele, 1x1. Eu, 0x1. O que importa �: Galo Bicampe�o da Copa do Brasil. Ambos acreditamos no 'eu acredito'.
Interessante... n�o trocamos n�meros dos nossos telefones. Talvez n�o tenhamos gostado tanto do encontro. Ou talvez seja s� isso mesmo. Afinal, pouca coisa ou quase nada ir� nos ligar �quele Atl�tico que ficou para tr�s.
O t�tulo do Brasileiro deste ano, muito mais do que reparar as frustra��es e curar as feridas abertas, significou o fim daquele aperto no peito que nos unia pela dor. Os atleticanos, daqui para frente, viver�o com os olhos afastados do passado e voltados para o futuro.