Covid, guerra, pol�tica, viol�ncia, infla��o: por que estamos t�o infelizes

Que viver n�o � f�cil e que ningu�m veio ao mundo a passeio, todos n�s, em maior ou menor grau de realidade e sofrimento, sabemos de cor. Se voc� est� me lendo agora, pode - ou deveria - comemorar, pois faz parte dos privilegiados que, nesta ordem, est� vivo, com sa�de suficiente, tem acesso a um computador ou smartphone, conta com internet (m�vel ou fixa), sabe ler e ainda encontra tempo - e �nimo! - para tanto.

O que j� n�o era f�cil para os mais de 7 bilh�es de humanos, ap�s a pandemia do novo coronav�rus se tornou ainda pior. A maioria absoluta dos pa�ses - mais ou menos - sofreu bastante com os desarranjos na economia, sobretudo das cadeias produtivas, que levaram � infla��o generalizada e ao desabastecimento de mat�rias-primas essenciais, causando queda na renda e no poder de consumo, quando n�o raro o desemprego.

Pobreza e fome extremas voltaram com tudo, e desde o in�cio da invas�o russa � Ucr�nia, em fevereiro deste ano, o quadro se deteriorou rapidamente, pois alimentos e combust�veis essenciais, como trigo, petr�leo e g�s ‘explodiram’ de pre�o, e as san��es econ�micas do Ocidente ao regime do sanguin�rio russo, Vladimir Putin, levaram � forte deprecia��o dos ativos financeiros por todas as bolsas de valores mundo afora.

Por aqui o quadro � ainda pior, j� que nossa economia - que n�o andava nada bem - foi fortemente impactada, e infla��o, desemprego, c�mbio, PIB, juros, enfim, entraram em uma espiral de descontrole completo, meramente observada por um governo at�nito, sem rumo, incapaz e preocupado exclusivamente com as elei��es de outubro e novembro pr�ximos. Hoje, dentre as vinte maiores economias do mundo, estamos nas tr�s piores coloca��es.

Devemos encerrar o ano com crescimento negativo ou pr�ximo de zero. Nossa taxa de desemprego se encontra entre as dez maiores do planeta. A infla��o j� � a maior em quase 30 anos. O pre�o da gasolina, �lcool e �leo diesel se mant�m nas alturas. O g�s de cozinha, hoje, custa (botij�o de 13kg), em m�dia, 10% do sal�rio m�nimo. E no mundo pol�tico, de onde se espera solu��es, s� v�m m�s not�cias e crises em s�rie.

Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, insiste numa agenda autocrata e desestabilizadora, sem quaisquer propostas para a sa�de, educa��o, seguran�a p�blica, desemprego e infla��o, al�m da entrega do or�amento para as piores figuras do Congresso Nacional. Seu maior oponente, Lula da Silva, o meliante de S�o Bernardo, alterna declara��es senis com outras sa�das dos manuais sovi�ticos de 1980. Ou seja…

Como se tudo acima n�o bastasse, a viol�ncia urbana, que havia arrefecido nos �ltimos anos, retornou com extrema for�a e habitualidade. Para piorar, a indiscriminada concess�o de porte de armas e total descontrole na importa��o, comercializa��o e registro das mesmas, em conformidade com a pol�tica de intoler�ncia propagada pelo governo federal, deu origem a ‘Rambos’ urbanos e uma onda de assassinatos banais Brasil afora.

No topo das tr�s esferas do Poder - STF, principalmente - ecos de compadrio pol�tico, impunidade e descaso total pela Justi�a somam-se ao pior Congresso Nacional da nossa hist�ria, onde criminosos not�rios det�m a chave do cofre e a lideran�a das principais Comiss�es, contando n�o apenas com a coniv�ncia, mas com a total cumpicidade do chefe do Executivo, formando um poderoso e impenetr�vel ciclo de pervers�o pol�tica.

Em resumo, por onde se olha n�o h� sa�da, e com o avan�ar dos anos, a impress�o que d� � que n�o vivemos, apenas sobrevivemos, presos a um looping atemporal de atraso social e mis�ria pol�tica. Eu n�o sei quanto a voc�s, leitores amigos, mas meus momentos de leg�tima felicidade s�o cada vez mais raros, e os de grande tristeza, cada vez mais frequentes. E repito o que escrevi no distante primeiro par�grafo: somos privilegiados! 

Experimentem a vida numa favela brasileira, no sert�o nordestino, na �frica subsaariana, nas ditaduras sanguin�rias do Oriente M�dio, nos bols�es de extrema mis�ria da China, �ndia, Paquist�o e outras mega na��es asi�ticas, nos pa�ses em guerra e at� mesmo nos poucos, mas existentes, guetos segregacionistas europeus e norte americanos, e a� sim conhecer�o o verdadeiro inferno sobre a Terra, que far� sua vida parecer o Nirvana.