
O Brasil � mesmo o pa�s da piada pronta. Uma das Casas do Legislativo que mais engana a popula��o agora arvora-se fiscal de sandu�che, como se nada mais importante houvesse para tratar por l�.
Ora, nossos pol�ticos s�o contumazes em propaganda enganosa. Neste caso, seria como entregar a chave do galinheiro para a raposa. Por�m, a ordem estaria um pouco ou bastante subvertida.
McDonald's e do Burger King.
O caso � o seguinte: as redes de fast food, como milhares de outras empresas do Pa�s, aproveitam-se da lei para, em tese, ludibriar o consumidor. � o caso do Ambos vendem, respectivamente, hamb�rgueres de picanha e de costela, contudo, sem os tipos de carnes anunciados, mas aromas naturais (saborizantes, 'flavors') que reproduzem o sabor das carnes.
Um aroma natural de lim�o, por exemplo, pode ser o que d� o sabor a um picol� de lim�o, e n�o o suco ou peda�o da pr�pria fruta, entenderam? Aromas naturais s�o produzidos a partir do produto ‘in natura’.
Um aroma natural de picanha, ou de costela, � feito de picanha e de costela. Assim, a legisla��o brasileira permite aos fabricantes de alimentos comunicarem a presen�a do produto na f�rmula.
Aroma, na ind�stria aliment�cia, n�o significa o cheiro, mas o sabor. Quando as empresas utilizam aromas artificiais a coisa � diferente. Por exemplo: um bolo com aroma de baunilha � um bolo ‘sabor’ baunilha.
Sabe aqueles salgadinhos de milho, tipo Fandangos, da Elma Chips? Pois bem. S�o salgadinhos de milho sabor presunto, queijo etc. N�o s�o salgadinhos de presunto, queijo etc. Viram a diferen�a?
No caso dos sandubas, tanto BK como MD est�o dentro da lei, pois utilizam os aromas naturais - que equivalem ao produto, conforme a legisla��o - na composi��o dos lanches; especificamente no molho.
Agora, que a comunica��o induz o consumidor ao engano, isso n�o resta a menor d�vida. Como trabalhei por anos em um dos maiores fabricantes de aromas do mundo, conhe�o bem o assunto.
O consumidor, digamos, comum, obviamente n�o faz a menor ideia disso, e ao comprar um hamb�rguer de picanha, imagina que ir� mastigar picanha, e n�o uma carne diferente, ainda que naturalmente aromatizada.
A quest�o, portanto, n�o � de lei - ou de legisla��o - mas de comunica��o e consumo. Com tanta ‘treta barra pesad�ssima’ acontecendo no Pa�s, por que diabos o Senado Federal quer se meter no assunto?
Para isso existem �rg�os pr�prios e competentes, a saber, o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamenta��o Publicit�ria) e todos os PROCONS (Funda��o de Prote��o e Defesa do Consumidor) municipais e estaduais.
O Brasil encontra-se atolado em graves crises financeira, fiscal e pol�tica. N�o seria melhor e mais produtivo para o Pa�s se os senadores estivessem envolvidos e debru�ados sobre essas quest�es?
Por�m, em um ano eleitoral, os enganadores-mor da na��o n�o perdem oportunidade para aparecerem como ‘defensores do povo’, n�? Como eu disse, trata-se de uma piada pronta: enganadores querendo fiscalizar enganadores.