Quando minha m�e me oferecia quiabo ou rabanete, eu simplesmente optava pelo n�o, e em casa ningu�m me chamava de isent�o ou me dizia que, assim, meus irm�os comeriam por mim aquilo que n�o quis escolher.
Quando meu pai me oferecia uma surra de cinto ou de chinelo - sim, naquele tempo medieval nossos pais nos batiam - por causa de 'apenas' quatro recupera��es, eu recusava, claro, ainda que n�o houvesse escapat�ria.
Estou recorrendo �s minhas mem�rias de inf�ncia e tolas porque o assunto beira � tolice e infantilidade. Ora, n�o escolher algo, ou entre 'algos', � uma escolha. Escolhi n�o fumar nem cigarro nem maconha; n�o beber nem pinga nem rum.
Bolsonaro representa, a meu ver, tudo o que h� de pior em um ser humano. Al�m do mais, como pol�tico e governante se mostrou um perfeito incapaz, al�m de terrivelmente comprometido com a ruptura democr�tica.
J� Lula, em quem nunca votei e votarei nessa vida, re�ne uma ficha criminal de deixar Fernandinho Beira-Mar enciumado. Sem falar no desastre que nos empurrou - falo de Dilma Rousseff, a estoquista de vento e saudadora de mandioca.
Se s�o essas as duas �nicas porcarias que o Brasil insiste em eleger, eu insisto em n�o ser c�mplice do desastre iminente. J� me basta a culpa de ter votado, no segundo turno de 2018, neste repugnante que emporcalha o Planalto.
Cada vez mais tenho sido cobrado por isso. Amigos me dizem que 'preciso' escolher. Que essa elei��o n�o � como as outras. Que 'tenho' de me posicionar. Ora, estou me posicionando, cazzo! Sou contra porcarias. Pronto.
'Ah, mas um dos dois ir� ganhar'. E da�? Azar o nosso, u�. Por que diabos tenho que ajudar? Por que tenho que contribuir para o mal que eu mesmo sofrerei? Porque ou um ou outro representam um mal menor? Para mim, tanto faz.
Mas deixo claro, aqui, uma coisa: s�o males diferentes. Enquanto Bolsonaro significa risco real de ruptura institucional - ainda que provis�ria - e mais selvageria social, Lula nunca nos amea�ou tanto. Neste aspecto, e apenas neste, ponto para o meliante de S�o Bernardo. H� quem considere o suficiente. Eu n�o.