
Adultos choram pouco e idosos, menos ainda. Estou no limiar da fase adulta, caminhando para a chamada terceira idade e confesso: n�o � f�cil (ao menos para mim n�o est� sendo). Os pais se foram, a filha cresceu e os anos est�o cada vez mais aparentes: na sa�de, no corpo e na mente.
Ando me emocionando bastante, mas choro cada vez menos, ou quase nada. J� estou assim h� alguns anos, e as poucas vezes que chorei n�o foram boas, hehe. Deixe-me explicar melhor, antes que pensem que endoidei de vez.
Uma crian�a, ou um beb�, choram de verdade; com for�a, com extremo vigor! Choram tanto e t�o forte que chegam a perder o f�lego. Ali�s, este texto vai sendo "cuspido" enquanto um garotinho de colo, sei l�, com uns 5 ou 6 anos de idade, berra feito ovelha ao meu lado. Ele acabou de fazer um exame de sangue e gritou como se a agulha fosse uma espada.
Eis o choro que vale e que alivia as dores. Eis o choro que eu queria ter chorado quando minha m�e morreu. Eis o choro que tenho saudade de chorar. Porque os meus �ltimos sa�ram estranhos, engasgados, grunhidos desafinados como adolescentes mudando de voz. Foram choros n�o chorados!
Eu n�o sei se � uma quest�o fisiol�gica ou ps�quica. N�o sei se as emo��es, com o passar dos anos, v�o diminuindo e a gente perde a capacidade de esgoelar. Lembro-me dos �ltimos anos dos meus pais, nada f�ceis para eles, e lembro-me de nunca os ver chorar.
Sempre fui chor�o, daqueles que as l�grimas escapam por qualquer coisa. Queria muito reaprender a chorar como dantes. N�o quero nem gosto de sofrer, claro, mas � inevit�vel, � da vida. E quando acontece, sinto muita falta de chorar como o garotinho aqui do lado.
Ligando os pontos acima, talvez queira - e precise! - mesmo � do colo certo para chorar. Talvez a gente s� chore para valer nos bra�os dos pais. Talvez o conforto e a seguran�a que nos proporcionam permitam que soltemos a voz e as l�grimas. Freud explica! E se n�o explicar, o Leo que se vire.