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Estado de Minas RICARDO KERTZMAN

Pais e m�es como eu, deixem seus filhos longe dos nossos medos

Queremos tanto acolher e proteger nossas crias que acabamos as entupindo de - e com nossos - receios


12/03/2023 04:05 - atualizado 12/03/2023 07:31
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Mother Pink Floyd
Somos quem somos ou somos o que somos? (foto: Reprodu��o/Youtube)
Ontem, eu escrevi uma coluna e citei a genial e imortal banda inglesa de rock progressivo Pink Floyd, �cone da minha gera��o e que encanta multid�es por todo o mundo at� hoje. A imagem que usei para ilustrar o texto veio do Youtube, e por isso, gra�as aos onipresentes e onipotentes - j� j� oniscientes tamb�m - algoritmos, minha timeline passou o dia inundada por v�deos do Roger Waters, David Gilmour e o pr�prio conjunto. Na boa, �s vezes a saudade � um tro�o dif�cil demais de suportar, e n�o sei o que d�i mais: se as lembran�as dos vinte e poucos anos ou a falta da minha m�e.
 
Sim, falo dela agora porque estou ouvindo “Mother”, e se um humano com mais de dois neur�nios em perfeito estado de conserva��o ainda n�o ouviu essa m�sica, acreditem, n�o apenas n�o sabe o que est� perdendo como � irrecuper�vel o tempo que perdeu. A letra, a melodia, os solos de guitarra, o compasso meio angustiante, a hist�ria, o tom choroso… O melhor � que serve a todos os tipos de almas penadas, perdidas entre as emo��es e as fantasias, de filhos (�rf�os ou n�o) a pais, passando por qualquer um que tenha a capacidade de olhar para dentro e aceitar o vazio brutal que nos habita.

Um trecho em especial sempre me tocou sobremaneira: "Mama is gonna put all of her fears into you”. Traduzindo: mam�e ir� colocar todos os medos dela em voc�. A minha, certamente, o fez com extremo louvor e, claro, sem a menor inten��o e a menor ideia do que estava fazendo. Ocorre que n�s, pais, somos assim mesmo. Queremos tanto acolher e proteger nossas crias que acabamos as entupindo de - e com nossos - receios. Em um mundo perfeito, que n�o “equisiste”, como diria o Padre Quevedo (onde anda o doid�o, hein?), criar�amos os filhos sem os nossos medos, e eles seriam mais felizes.

Eis uma boa reflex�o para este domingo: sente-se sozinho(a), beba algum �lcool para ajudar, ou�a “Mother”, lendo a letra, lembre-se da juventude e de sua m�e, deixe o pensamento ir longe, chore bastante (pois extremamente produtivo nestes momentos) e depois tente ser uma m�e (ou um pai) melhor.

Passo por um momento pra l� de interessante - e desafiador para mim - com minha filha, e s� eu sei a dor (passageira) que estou sentindo. N�o � toa come�ar este texto por um motivo, ou uma desculpa, e terminar assim, falando n�o da minha m�e e dos meus medos, mas da minha filha e… dos meus medos! Sempre eles.

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