
N�o, nem s� de ladr�es vive o Brasil, � verdade. Ao contr�rio. Dos quase 215 milh�es de habitantes, talvez uns 214 milh�es sejam honestos, mas vou falar uma coisa para voc�s: a minoria de criminosos � bruta!
Essa gente habita, ou orbita, as castas mais elevadas dos Poderes e do meio empresarial. S�o tubar�es com canetas, togas, mandatos e muito, mas muitos bilh�es de reais nas m�os e nos bolsos. O pior � que, quem os coloca l�, s�o os ot�rios aqui.
Sim, os “pobres, fracos e oprimidos”, ou como diria um desses not�rios tubar�es, Fernando Collor de Mello, ex-presidente, atual senador e eterno tubar�o, “descamisados”, s�o os respons�veis pela pr�pria amargura, mas isso � assunto para depois.
O fato � que, um dia, um bando de mo�os e mo�as, cheios de voluntarismo e sede de justi�amento, se depararam com o maior esquema de corrup��o da hist�ria do ocidente democr�tico, o Petrol�o, e resolveram acabar, na porrada, com a festa.
Juntos, com seus modos meio arbitr�rios e at�, segundo alguns juristas, ilegais, mostraram ao Brasil e ao mundo como o meio empresarial se une ao pol�tico, notadamente alguns mega empreiteiros e dois ou tr�s partidos pol�ticos, para roubar bilh�es de reais.
Ali�s, muito mais do que dinheiro, essa turma roubou o passado, rouba o presente e roubar� o futuro do pa�s e de milh�es de jovens que jamais ir�o ascender socialmente e economicamente por simples falta de oportunidade e preparo.
S�o milh�es os que nascem condenados pelo CEP, pela desigualdade extrema, agravada pela incapacidade ampla, geral e irrestrita do Poder P�blico, mas tamb�m pela riqueza dragada da sociedade pela casta governante, sempre sedenta por dinheiro e poder.
Essa enorme digress�o tem a ver, claro, com a decis�o do Tribunal Superior Eleitoral de cuspir na cara de mais de 300 mil paranaenses que votaram e elegeram o ex-procurador, Deltan Dallagnol, deputado federal - era at� ontem � noite.
Muito mais do que isso, os ministros cuspiram na cara de dezenas de milh�es de brasileiros que assistiram, ao vivo e em cores, a novela Petrol�o, que apresentou fatos, provas, gente de carne e osso, roubando como sempre, mas presas como nunca.
Deltan foi v�tima de um dos mais descarados golpes contra a lei e, por que n�o?, contra a democracia. A vingan�a do “sistema”, em curso j� h� alguns anos e amplificada ap�s a vit�ria do ex-condenado Lula da Silva, � algo jamais visto em Ban�nia.
O que o procurador fez, eleitoralmente falando, para perder o mandato? Nada. Mas os atacantes do time do “Brasil � isso mesmo, � assim mesmo” consideraram que ele fraudou as elei��es e que n�o deve ser reconhecido como deputado.
Como ele fez isso? Ora, deixando de ser procurador e candidatando-se, de acordo com as leis e as regras eleitorais, para o cargo de deputado federal, sendo eleito leg�tima e legalmente pelos eleitores do Paran�.
Ele cometeu fraude eleitoral, abusou economicamente no pleito, enfim, ultrapassou uma v�rgula da lei? N�o. Mas em suas cabe�as, decretaram os togados, havia um plano de burlar o sistema e escapar de poss�veis futuros processos administrativos no �mbito do MP.
Confuso? Sim. S� que n�o! O que isso tem a ver com elei��o? Nada, u�. Ministros decidiram o que Deltan pensava e como se daria o futuro a partir dessa premissa. Por isso, resolveram conden�-lo pelo que pensam que ele pensava � �poca.
“Mas � s�rio, Ricardo? � s� isso mesmo?”. Sim, caro leitor, cara leitora. � s� isso mesmo, infelizmente. Adoraria dizer o contr�rio, mas n�o s� n�o posso como � imposs�vel. Deltan, o povo e a democracia brasileira foram golpeados por vingadores travestidos de ministros.
Vingadores de quem e do qu�? Ora, do tal “sistema”. Do tal “mecanismo”. A casta que manda no pa�s e que nos condena ao atraso, claro, com a nossa m�xima coniv�ncia - atrav�s do voto e, sim, de nossas escolhas como cidad�os.
Ao nos tornarmos c�mplices de canalhas, sujeitos a eles estamos. Ao descumprirmos as regras mais comezinhas, ou ao burlar as leis, dentro da nossa esfera e nos limites dos nossos poderes, fazemos exatamente o que eles fazem.
Mas s� percebemos o estrago quando este nos atinge, quando somos impactados diretamente pelas merdas que produzimos a partir das nossas pr�prias escolhas. Ali�s, no momento, estou extremamente exposto a isso, enquanto escrevo esse texto.
Estou por uns dias num dos pa�ses mais desenvolvidos do mundo - � verdade que �s custas dos maiores criminosos que o mundo j� teve durante s�culos. Mas � uma sociedade que escolheu se desenvolver, a partir dos pr�prios erros do passado.
O Brasil e os brasileiros continuam optando justamente pelo contr�rio. Continuamos presos ao c�rculo vicioso do atraso e da corrup��o. Do compadrio e da desigualdade. Cultuamos e cultivamos a criminalidade entre n�s (do tr�fico, passando pelo feminic�dio, � corrup��o.)
Lula, o PT, o PP, Eduardo Cunha, Renan Calheiros, todos estes entes representativos do que descrevi acima, hoje festejam. Festejam a vit�ria de si mesmos sobre a Justi�a, j� que, via de regra, de lados antag�nicos - s�o os fatos, n�o um achismo.
Eis a�. Abri m�o de parte do meu �cio (merecido) para me irritar com o Brasil.