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Estado de Minas ROBERTO BRANT///O BRASIL VISTO DE MINAS

Com�rcio e ideologia

As for�as do destino usam as m�os dos homens para cumprir os seus des�gnios. Tudo o que poder�amos ter sido e que n�o somos � obra humana, de nossos governos e nossas elites econ�micas.


postado em 22/07/2019 04:00

O Brasil � um pa�s grande e importante, mas que sempre teve medo do mundo l� fora. Durante quase toda nossa exist�ncia fomos uma economia isolada do resto do mundo, exportando poucos produtos, apenas o suficiente para pagar pelas importa��es essenciais.
 
Em nossa cultura econ�mica nosso ideal sempre foi produzir internamente tudo que a popula��o demandava, mesmo ao custo de pesados incentivos, de altos impostos alfandeg�rios, ainda que os produtos fossem caros e de baixa qualidade. Logo ap�s a Segunda Guerra a ordem era a industrializa��o por substitui��o de importa��es, o que nos proporcionou um vasto parque industrial voltado apenas para o mercado interno. Dentro das condi��es daquele tempo n�o era propriamente uma pol�tica equivocada, pois naqueles anos a globaliza��o ainda n�o era uma realidade e o Brasil vivia sob as restri��es de sua capacidade de importar.
 
Diante da depend�ncia da importa��o de petr�leo, de mat�rias primas para a ind�stria e de m�quinas e equipamentos, n�o tentamos a alternativa de investir no com�rcio internacional. Pa�ses que fizeram isso tiveram muito mais �xito do que n�s, como � o caso da Coreia do Sul.
 
Isto gerou uma cultura compartilhada pela maior parte do pa�s. A situa��o chegou ao auge durante o governo militar, quando as barreiras se sofisticaram, chegando ao paroxismo na famigerada Lei da Inform�tica, que vedava a importa��o de qualquer produto de inform�tica. Enquanto o mundo se engajava na revolu��o tecnol�gica, ficamos fechados em nosso casulo, isolando nossa ind�stria, inclusive a automobil�stica e condenando os brasileiros a consumir produtos inferiores e atrasados. � dif�cil imaginar o que se passava na cabe�a daquelas pessoas, a maioria militar, ao conceber e implantar uma pol�tica t�o desastrosa. Provavelmente eram pessoas direitas, mas nunca poderemos perdoar-lhes a ignor�ncia e a mente tacanha.
 
Aqueles tempos passaram. Depois dos anos 70 dois acontecimentos mudaram o destino do pa�s. O primeiro foi a revolu��o agr�cola. De importadores de alimentos, sujeitos a peri�dicas crises de abastecimento n�s nos transformamos numa pot�ncia exportadora de produtos agr�colas para o resto do mundo, com saldos comerciais da ordem de R$ 60 bilh�es por ano. Ao lado disso, grandes descobertas de petr�leo pela Petrobras em alto-mar, nos tornaram grandes produtores e j� exportadores de �leo. As limita��es da capacidade de importar foram inteiramente eliminadas.
 
Tudo isto deveria nos levar a uma grande abertura econ�mica, integrando nossa estrutura produtiva �s cadeias internacionais de valor. No entanto os sucessivos governos mantiveram-se paralisados porque parte de nosso universo empresarial tirava vantagens de nosso isolamento comercial. O presidente Temer rompeu o impasse e empurrou as negocia��es para um Tratado de Livre Com�rcio com a Uni�o Europeia que o Governo Bolsonaro corretamente concluiu. Este tratado deve ser comemorado, mas ainda levar� tempo para entrar em vigor. Se tivesse sido firmado h� dez anos, j� estar�amos vivendo sob suas regras, o que nos teria articulado  com a economia mundial. O mesmo pode ser dito do Tratado de Livre Com�rcio das Am�ricas, que o Governo Lula enterrou.
 
As for�as do destino usam as m�os dos homens para cumprir os seus des�gnios. Tudo o que poder�amos ter sido e que n�o somos � obra humana, de nossos governos e nossas elites econ�micas.
 
Esta abertura econ�mica pode, no entanto, ser abortada se a pol�tica interferir na l�gica das rela��es comerciais. Os primeiros passos concretos deste governo s�o promissores. J� acenam com outros tratados com pa�ses importantes. Mas se considera��es ideol�gicas ou alinhamentos autom�ticos com outras na��es, que tem seus pr�prios interesses, turvarem a harmonia do com�rcio, pagaremos um pre�o alto.
 
Deixar de abastecer um navio mercante iraniano que veio aqui carregar milho que exportamos para o Ir�, � um sinal que ser� lido com preocupa��o por v�rios pa�ses em todo o mundo que compram nossa produ��o: China, pa�ses mu�ulmanos, R�ssia e o pr�prio Ir�.
Mais uma vez, a escolha � nossa.

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