
Nas �ltimas d�cadas acumulamos alguns fracassos mas, no mesmo tempo, fizemos uma revolu��o agr�cola que � um �xito hist�rico. H� menos de 50 anos a produ��o agropecu�ria do Brasil n�o era sequer suficiente para atender ao nosso ainda pequeno mercado dom�stico. Quem viveu esses tempos lembra da importa��o de alimentos b�sicos, do racionamento peri�dico de feij�o, �leo, carne e das infrut�feras tentativas de interven��o do Estado para controlar os pre�os e o abastecimento. Hoje exportamos anualmente mais de US$ 100 bilh�es para mais de 150 destinos e somos os principais exportadores de alimentos do mundo, sem falar no abastecimento completo do nosso mercado interno de praticamente todos os produtos que necessitamos, com pre�os que, ao longo do tempo, foram diminuindo em termos reais.
Tudo isso foi fruto predominantemente do empreendedorismo privado, mesmo reconhecendo a contribui��o do Estado no setor de pesquisa e de cr�dito, gra�as a vis�o de uns poucos dirigentes p�blicos, o maior dos quais foi o mineiro Alysson Paulinelli. A dimens�o que tomou o nosso agro � um exemplo das virtudes do livre mercado e da iniciativa privada que deveria sempre nos orientar nas quest�es da economia. Sem empres�rios em busca do lucro n�o h� nem crescimento e nem democracia pol�tica. Muito menos bem-estar social. Nenhuma sociedade pode viver permanentemente de subs�dios e transfer�ncias de renda, pois o Estado n�o pode extrair dinheiro do nada e ningu�m pode consumir o que n�o se produz.
Se o Estado n�o pode produzir alimentos pode, no entanto, causar s�rios danos aos produtores e � produ��o. Hoje, no Brasil, v�rias pol�ticas governamentais caminham no sentido de amea�ar o futuro do agro. A primeira delas � a pol�tica ambiental e de gest�o da quest�o amaz�nica. Formou-se solidamente na opini�o p�blica internacional a imagem de que o Brasil tem pol�ticas hostis � defesa do meio ambiente e � deliberadamente negligente na prote��o da floresta amaz�nica. Parte desta percep��o tem ra�zes em interesses comerciais e na a��o de ativistas pol�ticos, pouco interessados em fatos. Mas parte importante deve-se a realidades que n�o devemos negar e a que devemos responder n�o com atitudes defensivas, mas com a��es concretas e vis�veis.
Se n�o provarmos com fatos que somos capazes de cuidar da Amaz�nia em proveito de toda a humanidade, os mercados externos v�o retaliar as exporta��es brasileiras de produtos do agro. Dado o tamanho de nossa produ��o qualquer limita��o de nossas vendas externas vai provocar graves preju�zos aos produtores e a desorganiza��o de muitas cadeias produtivas. Sem falar nos danos ao nosso equil�brio cambial, totalmente dependente dos saldos das exporta��es agr�colas.
Ao lado da quest�o ambiental, os rumos da nossa pol�tica externa, inteiramente orientada por considera��es de estreita ideologia, tem potencial para afetar nossos mais importantes mercados. A China responde hoje por um ter�o de nossas exporta��es do agro e o grupo de pa�ses isl�micos compra-nos cerca de US$ 16 bilh�es anualmente. A pol�tica externa de um pa�s como o Brasil tem que estar ao lado de nossos interesses comerciais e n�o se intrometer em contenciosos sem nenhuma rela��o com nosso horizonte geopol�tico. O alinhamento incondicional com o atual governante dos Estados Unidos e o capricho de nos envolver nas quest�es do Oriente M�dio n�o servem aos nossos interesses econ�micos pois nos afastam de nossos principais compradores, em troca de nada.
Por �ltimo, a ret�rica populista e antiquada que o governo ensaia diante do aumento dos pre�os do arroz revela profunda ignor�ncia das condi��es de mercado, avers�o �s regras da livre iniciativa e a inten��o de criminalizar o lucro, que � o �nico motivo que leva as pessoas a correr risco e produzir. Por ironia, a produ��o de arroz � uma das atividades agr�colas menos lucrativas e mais arriscadas do pa�s.
Meio ambiente, pol�tica externa e interven��o econ�mica: � tudo o que o agro precisa para tamb�m tornar-se um fracasso no futuro.