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Estado de Minas O BRASIL VISTO DE MINAS

Finalmente, uma voz de Minas surge no Congresso Nacional

Em vez de jogar o �nus da rejei��o ao pedido de impeachment de um ministro do STF para o Senado, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, protegeu as institui��es


30/08/2021 04:00 - atualizado 30/08/2021 07:33

Presidente do Congresso, Pacheco se distanciou das conveniências e assumiu o risco de desagradar gente poderosa(foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados - 15/7/21)
Presidente do Congresso, Pacheco se distanciou das conveni�ncias e assumiu o risco de desagradar gente poderosa (foto: Pablo Valadares/C�mara dos Deputados - 15/7/21)

 
Se o Brasil fosse apenas isto que estamos vivendo hoje, seria razo�vel concluir que somos um pa�s perdido e sem futuro. N�o me recordo de ter visto antes, em todas as d�cadas em que vivi, um pa�s com problemas t�o dif�ceis e urgentes para enfrentar e tendo, ao mesmo tempo, uma classe pol�tica, em sua quase totalidade, t�o med�ocre, desfibrada e sem grandeza.
 
Desde o final da Segunda Guerra, nosso pa�s viveu muitas turbul�ncias e padeceu de muitas dificuldades, mas em todos os momentos sempre houve um pequeno n�cleo de lideran�as que sobressa�a da multid�o e se punha � altura das circunst�ncias. Por essa raz�o sobrevivemos e, mais do que isso, progredimos, transformamos a economia e a sociedade e at� evolu�mos na escala da civiliza��o. Hoje, tudo isso parece distante e apagado no tempo.
 
� sempre uma quest�o controversa avaliar o papel dos grandes homens na trama dos acontecimentos humanos. H� quem pense que os processos sociais t�m a sua pr�pria for�a e prescindem das personalidades para realizarem o destino de que s�o portadores. Meu sentimento, no entanto, � que muitas vezes os homens fazem a diferen�a, para o bem e para o mal.
 
A pol�tica brasileira nos �ltimos 70 anos teve seus grandes homens. Basta que nos lembremos de Get�lio Vargas, Juscelino, Tancredo Neves e Ulysses Guimar�es. Na Assembl�ia Constituinte, onde comecei minha vida pol�tica, estavam l� M�rio Covas, Fernando Henrique, Jos� Serra, Roberto Campos, Delfim Neto, Luiz Eduardo, Afonso Arinos, Florestan Fernandes, Jarbas Passarinho, Jorge Bornhausen. A classe pol�tica era ent�o parte de nossas melhores elites.
 
Hoje estamos nas m�os de homens sem biografia e sem hist�ria, homens de escassa cultura e incapazes de se distinguir da mais an�nima multid�o. N�o � portanto sem raz�o que os brasileiros vivam com um sentimento de orfandade e de desamparo, sem esperan�a de que a pol�tica resgate o pa�s do fundo do po�o em que fomos atirados.
 
A hist�ria, contudo, nunca chega ao fim. As sociedades podem sempre come�ar de novo. � medida que as dificuldades se aproximam de um ponto extremo, o que os homens ainda guardam de consci�ncia e de vitalidade pode, de repente, reaparecer. Se olharmos com aten��o, podemos ver alguma coisa se movendo no horizonte.
 
Temos visto que a maioria do Congresso parece alheia aos problemas do pa�s e apenas ciosa dos seus interesses. Emerge da pandemia com todos os seus poderes somente para aprovar o que for necess�rio � nova elei��o dos seus membros: recursos para campanha, restaura��o das coliga��es e novas regras eleitorais mais convenientes para quem j� tem o seu mandato. N�o tem uma agenda para o pais. O presidente da Rep�blica est� no mesmo n�vel e s� tem olhos para sua reelei��o, qualquer que seja o pre�o a pagar, mesmo que seja a destrui��o das institui��es.
 
Nesse ambiente de neglig�ncia e de falta de esp�rito p�blico, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, desponta como uma voz de resist�ncia. Depois da aprova��o pela C�mara da volta das coliga��es, para perpetuar a exist�ncia de uma multid�o de partidos in�teis, adiantou-se para se opor � aprova��o da manobra, pelo Senado. Distanciou-se das conveni�ncias e assumiu o risco de desagradar a gente poderosa, em benef�cio da qualidade da vida democr�tica. Quando o presidente, para insuflar sua milit�ncia radical, pediu o impeachment de um ministro do Supremo, em vez de jogar o �nus da rejei��o para todo o Senado, assumiu sozinho o �nus de proteger as institui��es.
 
S�o gestos de coragem e de afirma��o, que destoam do medo e da conveni�ncia que mant�m acovardada a classe pol�tica e que incentivam o clima de confronta��o que vem dominando o Brasil. Quem sabe elas contagiem outros homens de bem e de convic��es democr�ticas que at� agora t�m se mantido em sil�ncio. Sinto que o pa�s est� saudoso da voz de Minas, que lhe tem faltado ultimamente. N�o da voz baixa e submissa, sem acentos de grandeza, mas aquela voz ancestral que, ao longo da hist�ria, sempre chegou primeiro para lutar pelo progresso e pela liberdade.

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