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Figurinhas do WhatsApp

Meu desejo era enviar uma figurinha de uma crian�a rebolando, com a m�o na cintura e beijinhos no ombro, que costumo utilizar para os momentos mais �picos


03/04/2022 04:00 - atualizado 31/03/2022 11:35

cão com flor na boca
(foto: Ilustra��o)

 
Ando encantada com a nova forma de di�logo do Terceiro Mil�nio, que cresceu bastante com a necessidade de intera��o virtual na pandemia. Estou falando das trocas de figurinhas de WhatsApp. Elas tomam tempo, mas � uma del�cia escolher os desenhos de acordo com o perfil de cada interlocutor.
 
As situa��es tamb�m podem variar. � preciso sentir a vibe da pessoa antes de enviar. Perceber se, naquele momento, ela precisa mais da coragem da Mulher Maravilha ou de um alento para a alma. Nesse �ltimo caso, � mais indicado o �cone do potinho cheio de amor. Os abra�os tamb�m cumprem a fun��o.
 
Quando a gente acerta o alvo, gerando empatia, � muito bom. Aconteceu com uma amiga muito s�ria, que ocupa alto cargo na empresa onde trabalha. Eu costumava me comunicar com ela formalmente. Sempre encerrava a conversa com o tradicional emoji com beijinho de lado ou, no m�ximo, a carinha cercada de cora��es.
 
At� o dia em que decidi ousar. Num impulso, enviei a figurinha de um beb� bem fofo, sorriso banguela, inoc�ncia pura. Fiquei esperando a rea��o dela. Ela correspondeu positivamente. Despachou a foto de uma menininha batendo palmas, toda feliz.  Entusiasmada, devolvi com o menino de bra�os levantados, dizendo aeeeh!
 
Ap�s dois ou tr�s beb�s, nosso di�logo inusitado foi encerrado com a figura de um cachorrinho carregando uma rosa vermelha na boca. Que lindeza! Os publicit�rios j� conhecem esse truque. As propagandas de maior sucesso envolvem o uso de imagens de crian�as e de animais de estima��o. Dou toda a raz�o.
 
Em alguns casos, os emojis n�o s�o bem-vindos. J� experimentei descontrair a conversa com a atendente da concession�ria do carro. N�o deu certo. A mo�a enviou um bilhete explicando se tratar de um aparelho corporativo, monitorado pelo gerente dela. Encerrei o assunto com uma carinha triste, a l�grima caindo do olho direito.
 
H� situa��es mais delicadas, como a que aconteceu comigo no ano passado. Com a miss�o de pedir emprego para um familiar, fui obrigada a trocar mensagens de WhatsApp com um megaempres�rio de BH, um dos maiores do Brasil. Custou, mas consegui o celular do homem.
 
O mais dif�cil foi escrever o texto de duas linhas. O que dizer com algu�m que n�o tem tempo para respirar? Deveria perguntar ‘bom-dia, tudo bem com voc�?’ N�o, ele se sentiria obrigado a devolver a pergunta. “Comigo est� tudo bem, e com voc�?”. Longo demais.
 
Fiquei imaginando o executivo com �culos para vista cansada, na ponta do nariz, teclando com os dois dedos indicadores. Melhor entrar direto no tema. Quase pulei de alegria quando o homem autorizou a procurar o departamento de pessoal da empresa. Se o perfil se encaixasse na vaga, OK.
Agradeci com um obrigada, calculando se deveria reduzir para obgda, mas optei pela norma culta do portugu�s. Se fosse algu�m mais chegado, eu acrescentaria um emoji de m�os postas. Para os hol�sticos, mandaria logo um gratid�o, com girass�is, bem alegre.
 
Meu desejo era enviar uma figurinha de uma crian�a rebolando, com a m�o na cintura e beijinhos no ombro, que costumo utilizar para os momentos mais �picos.
 
Quer saber? Devia ter feito isso, pois a promessa de emprego n�o deu em nada. Pelo menos o processo teria sido mais leve e divertido.

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