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Medita��o de protesto

"Por 10 minutos ao dia, vou me dar ao direito de ter uma tr�gua dos pensamentos intrusos, hastear a bandeira branca do sossego, pedir paz e amor dentro de mim"


13/11/2022 04:00

Ilusração

 
 
Em meio � artilharia verbal de bolsonaristas e lulistas, de argumenta��es de parte a parte, de opini�es de analistas, fake news e memes, tomei uma decis�o ultrarradical: n�o vou mais pensar. Em nada. Nada MESMO. Institu� para mim mesma uma medita��o de protesto, uma revolu��o silenciosa e pessoal. 
 
Por 10 minutos ao dia, vou me dar o direito de ter uma tr�gua dos pensamentos intrusos, hastear a bandeira branca do sossego, pedir paz e amor dentro de mim. 
 
N�o est� sendo f�cil, eu admito. Seria mais favor�vel vestir a bandeira brasileira e partir para a Avenida Raja Gabaglia. Ou, do lado oposto, enfrentar o congestionamento, esperando pacientemente a minha vez de passar pelo corredor polon�s dos manifestantes. Depois, faria um L pelo retrovisor, provocando os advers�rios pol�ticos.
 
N�o quero nem uma coisa nem outra. Prefiro ficar em cima do muro, ou, melhor dizendo, sobre o tapetinho de ioga. Para ser mais exata, apoiada em uma segunda camada: a almofada azul, estrategicamente posicionada debaixo do c�ccix, que ajuda a manter a coluna ereta. 
Fa�o ent�o tr�s respira��es profundas, inspirando e expirando suavemente pelo nariz. E coloco uma m�sica leve no fone de ouvido, isolando os ru�dos urbanos. Agora, vem a parte mais complicada do meu motim mental: desligar o c�rebro. 
 
Adotei um m�todo chamado de Trataka. Consiste em focar o pensamento em um �nico ponto preto, que voc� mesmo ir� desenhar no centro de uma folha branca. Voc� deve se afastar  a um ou dois metros do alvo, posicionando o pontinho na altura da testa (ou do terceiro olho). It’s done (est� feito). Agora, falta apenas conseguir parar de pensar. 
 
Ainda estou na batalha. Dez minutos por dia, religiosamente. Sinto que estou quase l�. O esfor�o vai valer a pena. Segundo explicou a professora, se uma pessoa conseguir ‘parar’ o c�rebro por 5 a 15 segundos ir� liberar uma quantidade imensa de energia. O fluxo pode ser direcionado para ela ser mais ativa, alegre e produtiva, aumentando as chances de conquistar sorte, sucesso e prosperidade.
Nessa campanha pr�-medita��o, venho conhecendo uma turminha boa. Tem muita gente empenhada em arranjar o melhor jeito de se desligar do mundo, nem que seja por alguns minutos. Esse ex�rcito do bem j� descobriu o caminho para a sua ilha particular de tranquilidade, o mapa do tesouro interno, o enorme poder de dominar o pr�prio tempo. 
 
Tenho diversos relatos. Uma amiga, por exemplo, desenvolveu o pr�prio ritual meditativo. Na hora de dormir, deitada na cama, ela come�a a respirar fundo, enquanto vai contando mentalmente at� 10, intercalando a letra P entre os n�meros. Ou seja, ela vai mentalizando 1 P, 2 P, 3 P, enquanto inspira. Depois, expira fazendo a contagem regressiva, at� cair no sono. 
 
Resolvi aceitar o desafio. O f�lego acabou no 8 P. Ufa! Houve quem indicasse um aplicativo de celular para induzir o relaxamento, que cobra uma mensalidade baratinha. Outra me recomendou uma tal de ioga c�smica, que4, segundo ela, exige posturas bastante desafiadoras, ligadas a cada um dos planetas. Se o praticante se distrair durante o exerc�cio, poder� sair de �rbita e ir parar metaforicamente em J�piter, por exemplo. Achei gra�a.
 
No meu caso, fui estacionar no mundo da lua cheia. Aconteceu durante um encontro de fam�lia, ao comentar sobre o impasse da medita��o com uma tia querida. Ela foi logo afirmando que jamais conseguiria meditar, pois � muito agitada e n�o consegue parar quieta hora nenhuma. Dito isso, saiu apressada rumo � cozinha para buscar uns biscoitinhos e um ch�. “Voc� escolhe o sabor. Tem de morango, de erva-doce. Se preferir fa�o um cappuccino”, explicou ela, gentil como sempre, sumindo pelo c�modo afora. 
 
Meu tio permaneceu calado toda a conversa. Decidi pedir a opini�o dele sobre o tema. Ele n�o disse nada. Saiu andando e me levou para perto da janela da sala, de onde dava para ver a lua cheia. A esfera brilhante j� ia alta no c�u. Sua luz prata refletia na piscina. O vento criava ondas pequeninas na superf�cie da �gua, que faziam tremular a imagem espelhada. “N�o entendo muito desses ‘papos de mulher’, mas isso aqui me acalma”, ensinou ele, falando baixinho, em tom de confid�ncia. 

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