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Estado de Minas Mais leve

Calculadora de sorrisos

"O cachorro vem cumprimentar o menino, do jeito dele. Pula, fareja, faz festa. Em troca, recebe um tapinha amistoso na cabe�a"


21/01/2023 04:00

Ilustração

 
Era para ser uma caminhada comum com o filho, evento que se tornou mais frequente neste per�odo de f�rias escolares. Entre uma e outra pancada de chuva, m�e e filho saem juntos para a pista de cooper, onde d�o duas a tr�s voltas, no m�ximo. 
 
Desta vez, por�m, a cena come�a diferente. O pequeno sugere andar pelas ruas do bairro, sem rumo, para ver at� onde as pernas aguentam. “Bora!”, ela concorda, na hora. Nunca recusa um desafio libert�rio, ao estilo do filme "Easy rider". Liberdade ainda que tardia, esse tem sido o seu lema.    
As novidades continuam durante o passeio. A dois quarteir�es de casa, o menino decide cumprimentar uma mulher desconhecida, que espera no ponto de �nibus. A senhora n�o v� o gesto amig�vel da crian�a. Ou v� e finge que n�o viu. Mant�m a cara de paisagem. 
 
Sem entender o prop�sito do filho, a m�e evita dar palpite. Antes, tenta compreender o que se passa na mente do menino. Ela j� tinha visto algo parecido. O cidad�o sa�a por a� cumprimentando as pessoas, aleatoriamente. Era um candidato a vereador do bairro. N�o se sabe se chegou a ganhar uma elei��o. 
 
No quarteir�o seguinte, o menino repete o ato de gentileza urbana. D� um ‘oi’ ao homem que est� parado na porta da oficina mec�nica, olhando para o nada. Com as m�os sujas de graxa, ele parece aguardar a chegada de um cliente imagin�rio. Ignora completamente o cumprimento.
 
Entre divertida e curiosa, ela permanece como observadora do momento. N�o h� como chamar a aten��o do menino, question�-lo por ser gentil e espont�neo. Se ele fosse uma crian�a, iria orientar a n�o dar confian�a para estranhos na rua, mas ele j� tem 12 anos. � um adolescente, e tem o cora��o de ouro.
 
A m�e paga para ver at� onde isso vai dar. Mais do que isso, compra a ideia do garoto. Resolve ajud�-lo em sua miss�o inventada de levar alegria �s pessoas e ao mundo. Vamos analisar o problema. Talvez a mulher tivesse ficado indiferente por ele ser um rapazinho ou, quem sabe, por se tratar de uma crian�a. Ela sugere dividir a dupla. No pr�ximo quarteir�o, ele cumprimentaria os homens e ela, as mulheres. 
 
O resultado permanece nulo. Vai ver que ambos est�o errando na �nfase do cumprimento. Prop�e fazer o teste com aquela jovem que est� vindo. Antes de ela se aproximar, a m�e endireita o corpo, respira fundo e abre o seu melhor sorriso. “Boa-tarde!”, diz, animada, mas a mo�a nem levanta a cabe�a do celular.  
 
A estat�stica � desanimadora. De uma lista de 14 inquiridos, apenas dois e meio corresponderam, isso considerando no c�lculo a mulher que deu um meio sorriso. Fazer o qu�? A m�e admite j� ter sido assim, anestesiada pelos problemas, paralisada pela correria, indiferente � benevol�ncia alheia. 
 
Nesse ponto, por�m, ela j� est� ficando cansada, tanto em fun��o do percurso quanto da insensibilidade das pessoas. Chega a colocar em d�vida a regra de que n�o se deve negar um cumprimento nem a um c�o.  � o que vamos ver. Ao virar a esquina, surgem um labrador e o seu dono.  O cachorro vem cumprimentar o menino, do jeito dele. Pula, fareja, faz festa. Em troca, recebe um tapinha amistoso na cabe�a.
 
Diante da sauda��o rec�proca, o propriet�rio do animal � obrigado a se render. Ele tamb�m cumprimenta o pequeno, por tabela. Ser� que os animais humanizam as pessoas? A resposta para essa pergunta fica no ar, mas a apura��o sobe para cinco sorrisos e meio. Parece certo incluir o peludinho na conta.

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