
Atualmente, o produto processado j� corresponde a mais da metade do total vendido no pa�s, dizem os empres�rios. Granjas antes focadas na produ��o de ovos passaram por adapta��es para tamb�m process�-los. “� uma tend�ncia de consumo. O mercado se inverteu, o de processados � muito melhor. Nenhum restaurante vai comprar para descascar. S� coloca na ilha de alimenta��o e pronto”, afirma o propriet�rio da Granja Naju, em Itanhandu, no Sul de Minas, Evandro Carvalho.
Apesar do aumento da demanda, o empres�rio reclama do baixo retorno do produto. Com a queda nas vendas por causa da crise econ�mica, o item acaba sendo vendido pelo pre�o aproximado do ovinho in natura.
Na maior unidade de processamento do pa�s, Granja Loureiro, em Perd�es, no Centro-Oeste do estado, com 160 toneladas ao ano, 90% dos ovos em conserva s�o refrigerados. Trata-se de um produto com sabor mais parecido ao do natural, com validade curta. O outro produto, refrigerado, � um tipo de picles, com oito meses de dura��o. O primeiro � distribu�do principalmente no Sudeste, enquanto a conserva segue para a Regi�o Sul do pa�s. “O ovo de codorna deixou de ser um alimento de fundo. As pessoas foram criando h�bito de consumo”, afirma o veterin�rio da empresa, Paulo Ren�.
Ao observar a s�rie hist�rica do rebanho de codornas no pa�s percebe-se incremento significativo nas duas �ltimas d�cadas. Em 1995, eram 2,4 milh�es de animais. No ano passado, o total subiu para 20,3 milh�es, crescimento de 745,83%. Enquanto isso, o plantel de galinhas cresceu 20,33%. Com isso, a propor��o de codornas para galinhas, que, antes era de uma para 64,9, passou para uma codorna frente a 11,1 galinhas.

Em meio � crise econ�mica, o pre�o m�dio da d�zia do produto ficou em R$ 0,80, igual ao registrado h� um ano. O problema, segundo os produtores, � que em igual per�odo o custo de produ��o sofreu forte aumento, com reajustes de energia e de outros insumos. Neste ano, a varia��o cambial � um complicador. O d�lar mais caro, segundo Ren�, impacta no valor da soja e do milho. “A ra��o corresponde a 70% do custo da produ��o”, afirma.
DESPERD�CIO Sem abatedouros especializados em codornas, as aves criadas em granjas da Regi�o Sudeste s�o descartadas depois de aproximadamente um ano de produ��o. A situa��o releva o descaso com a carne ex�tica e valorizada, que acaba desperdi�ada.
O propriet�rio da Granja Naju, Evando Carvalho, afirma que a fiscaliza��o dos �rg�os sanit�rios impede a venda dos animais para abatedouros sem o selo do Servi�o de Inspe��o Federal (SIF). Hoje, n�o h� unidade de abate certificada na regi�o. O uso de um local para frangos, compartilhado com codornas, exigiria a aquisi��o de equipamentos espec�ficos. No mais, segundo Carvalho, as aves produzidas em Minas Gerais deveriam ser abatidas no estado, segundo normas do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa).
Apesar de toda a dificuldade, ele diz ter conversas em andamento para a constru��o de uma unidade em Minas. Inicialmente, as aves seriam repassadas por um ano para o abatedouro sem custo para o empres�rio. Mas a crise na economia dificulta este e outros projetos para ampliar a capacidade de produ��o das granjas.
Segundo o veterin�rio da Granja Loureiro, Paulo Ren�, no caso da carne, o desafio, al�m da quest�o do abate, � criar o mesmo h�bito de consumo que se deu com os ovos, o que contribuiria para “dar um destino mais nobre [�s aves], evitando o desperd�cio”. Uma ressalva importante � que, apesar de a codorna de postura poder ser aproveitada como prote�na, o animal pr�prio para corte tem outras caracter�sticas, sendo maior e mais rico em carne.
Outra dificuldade para o setor � a exporta��o de ovos. Nesse caso, segundo Carvalho, os empres�rios esbarram em burocracias e na libera��o de conservantes e rotula��o no Mapa. A empresa chegou a ter proposta para vender para a It�lia, enviou exemplares para degusta��o, mas n�o conseguiu dar f�lego ao fluxo. Ren� destaca que o consumo da carne de codorna � mais comum na Europa, enquanto Jap�o e China s�o grandes consumidores dos ovos. “No Jap�o, o ovo � servido at� mesmo na merenda escolar”, afirma.