
A expans�o do chamado caf� gourmet segue seu curso, a despeito dos pre�os 30% a 40% superiores aos da bebida tradicional. Com o refinamento da produ��o, surgem varia��es, entre elas, o caf� org�nico, o descafeinado e o aromatizado. Sabores antes impens�veis ganham destaque, incorporando uma dose forte de inova��o. A coordenadora da assessoria t�cnica da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline de Freitas Veloso, destaca que a agroind�stria de caf�s especiais precisa de mais investimentos e renova��es tecnol�gicas que proporcionem a diferencia��o e diversifica��o dos produtos nacionais.
“Antes, o cafezinho era consumido s� em casa, depois surgiu a demanda fora do lar, com abertura de muitas cafeterias. Al�m disso, as formas de preparo foram diversificadas, com as cafeteiras gourmets e os produtos prontos. O caf� monodose, por exemplo, em c�psulas ou sach�s, representa uma tend�ncia. A ind�stria e os produtores est�o sensibilizados com isso e buscam atender esse consumidor”, ressalta. N�o � outro o desafio dos produtores brasileiros de fincar os p�s nas exporta��es.
De acordo com a Associa��o Brasileira de Caf�s Especiais (Brazil Speciality Coffee Association, na sigla em ingl�s), cerca de 10% do caf� produzido no pa�s � especial, mas as vendas externas s�o, ainda, consideradas pontuais. O consultor de neg�cios internacionais da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, diz que � preciso subverter o hist�rico das exporta��es brasileiras e mineiras ancoradas na venda do caf� em gr�os. A experi�ncia bem-sucedida das empresas mineiras Caf� Fazenda Caet� e Villa Caf� mostra esse esfor�o.

Desde os primeiros embarques, a empresa atendeu pedidos para Dubai, Jap�o e Turquia. Neste ano, as vendas cresceram 30% frente ao ano passado, informa Fernando Costa. “N�o existe um mercado consolidado ou uma demanda j� criada. Vejo as exporta��es como testes, mas estamos evoluindo”, diz. Apesar da crise da economia brasileira, o executivo aposta em expans�o no ano que vem. Ele v� os caf�s italiano e africano com os maiores concorrentes da marca. “Temos um longo caminho a percorrer diante das fortes marcas que reinam l� fora. H� grande oferta de caf� no mundo e a guerra de pre�os no mercado externo � complicada”, observa.
O Villa Caf� exporta caf� gourmet torrado e mo�do h� dois anos, al�m de c�psulas da bebida, que come�aram a ser exportadas neste ano. O diretor comercial da empresa, Rafael Duarte, conta que os principais clientes s�o chineses e norte-americanos. “Neste ano, fizemos o primeiro neg�cio na Am�rica Central. Nossas exporta��es de caf� especial mais que triplicaram em 2015”, afirma. Cerca de 40% dos neg�cios est�o sendo feitos no mercado externo, quando a previs�o era faturar 20% al�m da fronteira brasileira.
Para Rafael Duarte, faltam acordos bilaterais alfandeg�rios, tribut�rios e sanit�rios com capacidade de alavancar as exporta��es de caf� processado. “O caf� brasileiro � base para blends no mundo inteiro. Temos caf� em abund�ncia e � preciso vencer essas barreiras para dar visibilidade ao nosso produto no exterior”, destaca. O executivo entende que s�o necess�rios investimentos em treinamentos e, principalmente, na qualidade do produto.
NOVA F�BRICA Inaugurada na semana passada em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, a primeira unidade fora da Europa da multinacional Nestl� com tecnologia de produ��o de c�psulas Nescaf� Dolce Gusto � um investimento estrat�gico da companhia. De acordo com o presidente da Nestl� S.A., Paul Bulcke, a constru��o da f�brica refor�a a confian�a da Nestl� na Am�rica Latina e no Brasil.
A f�brica conta com duas linhas de produ��o e vai oferecer quatro variedades de c�psulas: os caf�s Buongiorno, Espresso e Espresso Intenso e o Caf� Au Lait. Para 2016, j� est� prevista a expans�o da oferta de produtos da unidade, que atender� Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Nestl� investiu R$ 220 milh�es na planta industrial, que vai trabalhar com caf� nacional.
Custo e barreiras de mercado desafiam
As exporta��es de caf� de Minas Gerais alcan�aram US$ 3,348 bilh�es de janeiro a novembro deste ano, num total de 1,116 milh�o de toneladas. O resultado foi bem inferior ao do mesmo per�odo de 2014, quando a receita somou US$3,690 bilh�es para um volume de 1,156 milh�o de toneladas vendidas, o que d� indica��es das dificuldades do setor. J� as exporta��es mineiras de caf� especial, gourmet ou descafeinado chegaram a US$ 3,386 milh�es neste ano.
Boa not�cia foi o aumento de 20,3% da receita dos embarques do caf� torrado no acumulado de 2015, que somaram US$ 3,348 milh�es, ante US$ 2,784 milh�es de janeiro a novembro de 2014. Dados da Fiemg mostram que o Brasil exportou nesse mesmo per�odo US$9,352 milh�es de caf� especial ou gourmet, o equivalente a 13 toneladas. Trata-se de um resultado bem modesto para o potencial da produ��o, observa Alexandre Brito, analista de com�rcio exterior da federa��o mineira. “As barreiras para exporta��o do caf� processado n�o s�o tarif�rias nem t�cnicas, mas sim de mercado. Grandes empresas internacionais, em especial as alem�s, controlam o mercado de caf� especial no mundo. � preciso criar um caf� espec�fico, com valor agregado para competir nessa guerra de mercado”, destaca.
Minas responde por 65,4% das exporta��es brasileiras de caf�. Segundo Alexandre Brito, a Fiemg vem trabalhando no sentido de auxiliar as empresas para estimular as cifras da exporta��o de caf� processado, que ainda s�o baixas. Os principais pa�ses importadores do caf� processado mineiro s�o, nesta ordem, It�lia, Argentina, Estados Unidos, Fran�a, Chile e China. O caf� torrado representou 0,1% do total exportado de caf� em 2015.