
Desde que foi desenvolvida no mercado brasileiro pelo vision�rio mineiro Luiz Ot�vio P�ssas Gon�alves, fundador de marcas como Kaiser e Kero Coco, a �gua de coco em caixinha segue multiplicando os lucros no campo e em toda a cadeia produtiva. Nas empresas, a bebida j� disputa uma fatia de mercado com sucos, isot�nicos e refrigerantes, aproveitando-se da busca pela sa�de e bem-estar. Segundo o instituto de pesquisas Nielsen, a �gua de coco est� entre os produtos que lideram a lista de setores sobreviventes � crise em 2015, com aumento de 16% nas vendas at� novembro.
“Estamos entrando num naturalismo, na busca frequente por produtos cada vez mais saud�veis e naturais”, explicou Francisco Porto, presidente do Sindicato Nacional dos Produtores de Coco no Brasil (Sindicoco). Segundo ele, o consumo da fruta in natura no pa�s cresce entre 10% e 15% ao ano. “Al�m de ser um produto que ganhou o mercado internacional, a �gua de coco vem competindo com outras bebidas, inclusive, os refrigerantes, que j� v�m perdendo espa�o para as bebidas naturais”, destaca. No ano passado, a produ��o brasileira de refrigerantes recuou 5,9%, de acordo com dados do Sistema de Controle de Produ��o de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal do Brasil.
Apesar do crescimento do coco envasado, Porto defende a cria��o de cooperativas de cr�dito para estimular o setor e, ao mesmo tempo, aliviar o pre�o do fruto que chega �s m�os do consumidor. “O coco j� � vendido por mais de R$ 6 em muitas praias e capitais do pa�s. J� nas fazendas, cada unidade custa, em m�dia, R$ 1”, afirmou, destacando que os produtores n�o veem boa parte do lucro, que na maioria das vezes fica com os intermedi�rios e com o vendedor final. “O produtor precisa ser mais bem remunerado e atuar em conjunto aumenta a produtividade, o que gera lucro maior”, conclui.

A marca carioca do bem (escrita em min�sculo mesmo), que firmou parceria global com o grupo Casino na Fran�a e El Corte Ingles, na Espanha, j� conta com mais de 20 mil pontos de venda para a comercializa��o da �gua de coco e outras bebidas naturais. “A �gua de coco, h� seis anos tem uma grande receptividade, principalmente no ver�o. Feita com o coco an�o verde, conseguimos levar a experi�ncia da praia para a caixinha”, disse Marcos Leta, diretor e idealizador da do bem.
Nos campos, a regi�o Nordeste do Brasil ainda � a maior produtora de coco no pa�s, respons�vel por mais de 70% da colheita. No entanto, em Minas Gerais, os coqueirais j� ocupam 2,2 mil hectares, a maior parte concentrada no Rio Doce e no Norte do estado, respondendo cada um por cerca de 12,9 milh�es de frutos ou 35% da colheita de coco, conforme balan�o da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). A produ��o do fruto � expressiva tamb�m no Jequitinhonha/Mucuri (4,7 milh�es de frutos), Zona da Mata (3,2 milh�es de frutos), e Tri�ngulo (1,9 milh�o de frutos). Em 2015, Minas Gerais produziu 36,9 mil toneladas de coco. No pa�s, a �rea de cultivo de coqueirais j� soma 229,9 mil hectares, distribu�dos entre as variedades gigante, an�o e h�brido (cruzamento entre gigante e an�o).
Segundo o coordenador t�cnico regional de Fruticultura da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Wagner Santos, a cultura do coco an�o vem crescendo em regi�es mais quentes, caso do Norte de Minas e do Vale do Rio Doce. “Governador Valadares tem uma expressiva produ��o e conta hoje com 389 hectares de �rea plantada”, afirma.
Para o especialista, a produ��o do fruto no estado tem grande potencial lucrativo, dependendo das pr�ticas agron�micas empregadas na lavoura (aduba��o, irriga��o, etc.) e das condi��es clim�ticas. “A cultura do coqueiro demanda bastante tecnologia e o produtor precisa investir na melhoria da qualidade do coco para aumentar a produ��o e garantir grandes volumes”, pontua. Santos explica que um dos maiores cuidados no plantio, � com o sistema de irriga��o subterr�neo. “Um coqueiro requer cerca de 90 litros de �gua por dia”, destaca.
Dependendo da tecnologia utilizada, o coqueiro an�o pode florescer com pouco mais de dois anos de idade e atingir, em fun��o dos tratos culturais, de 200 a 250 frutos/p�/ano, o que proporciona maior rapidez no retorno dos investimentos realizados. “Um hectare (10 mil metros quadrados) equivale a um campo de futebol com capacidade de plantio de 100 p�s. Cada p� produz por ano cinco cachos com cerca de 150 cocos cada um, ou seja, s�o 150 mil cocos por hectare”, explica.
VALORIZA��O Em 2015, foram comercializados na Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas) em torno de 20,3 mil toneladas de coco verde ao pre�o m�dio de R$ 0,89 por quilo.
este”, afirma.
Em 2014, o quilo foi vendido por R$ 0,82, alta de 8,05% em um ano. No entanto, o total do fruto produzido no estado n�o � suficiente para abastecer o mercado interno. Ricardo Martins, chefe da Se��o de Informa��o de Mercado da CeasaMinas, afirma que a Bahia – maior estado produtor de coco no pa�s – foi respons�vel por mais de 50% do total ofertado no entreposto em 2015. “O que � produzido no estado atende apenas 10,6% do mercado e o restante vem de fora, principalmente do Nordeste”, afirma.
Um dos fornecedores da Ceasa � o produtor Jos� Ol�mpio, que cultiva 10 hectares de coco verde (de onde � extra�da a �gua) e cocos secos (mat�ria-prima do coco ralado e do leite de coco) em Mantena, no Vale do Rio Doce, segunda maior cidade produtora de coco em Minas, atr�s de V�rzea da Palma (Norte do estado). H� 15 anos, ele optou pelo coco e considera o neg�cio rent�vel, “se houver p� no ch�o”. “� um mercado grande, com aumento da demanda e, apesar do cen�rio, mantivemos a produ��o em 2015 com expectativa de estabilidade este ano”, afirma. Na propriedade do fruticultor, o pre�o l�quido do coco oscila atualmente entre R$ 1,20 e R$ 1,50 a unidade, valor quase o dobro do que o registrado em 2012, quando o mercado pagava entre R$ 0,70 e R$ 0,75 pelo fruto.